A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
OBS: Que felicidade, para todos aqueles que creem em Jesus
Salvador, ou que tenham simplesmente uma pequenina sementinha de amor a Deus em
seus corações. Em saber, como realmente foi a descida do Espírito Santo sobre
os Apóstolos, e sobre Nossa Senhora. Observem que é da Mãe que se inicia o Fogo
Paráclito, e depois se dividi para os Apóstolos. Mostrando que Maria está acima
dos Apóstolos, e eu completo este raciocínio, porque já li toda a obra de
Valtorta. Maria está acima não só dos Apóstolos, mas acima dos Patriarcas, dos
Profetas, dos Santos, dos Mártires e dos Anjos de Deus. Ela só está abaixo de
Deus Trino. Está é a grande verdade que ficou escondida por interpretações
erradas a respeito da Arca Viva de Deus que é e sempre será a Virgem Santíssima
Nossa Senhora.
Ai das seitas que menosprezam Maria. O Filho não vai respeitar
quem não respeitou sua Mãe. Vai virar o rosto e dizer: “Eu não vos conheço. Já
que não querem Maria, e como Ela vive ao meu lado aqui no Paraíso, aqui não
podem ficar. Que vão ficar longe do Paraíso, no outro lugar, reservado para os
negadores do Espírito Santo.”
Será que Maria, no dia do julgamento final, irá perdoar estes que
a ofenderam, para que Jesus possa perdoá-los?
No último dia nós todos saberemos. E que seja feita a vontade de
Deus.
27
de Abril de 1947.
Não
há vozes nem rumores na casa do Cenáculo. Não há presença de discípulos, pelo
menos eu não ouço nada, que me autorize a dizer que em outros ambientes da casa
haja pessoas lá recolhidas. Aqui há somente a presença e as vozes dos Doze e de
Maria, que está na sala da Ceia.
A
sala está parecendo ser mais ampla, porque os móveis, colocados de outro modo,
deixam livre todo o centro e também as beiras das duas paredes. Contra a
terceira foi empurrada a mesa grande, que foi usada na Ceia e, também dos dois
lados mais estreitos da mesa estão colocadas as cadeiras-leitos usadas na Ceia
e o escabelo usado por Jesus, quando lavou os pés dos Apóstolos. Mas não estão
os pequenos leitos colocados verticalmente, em relação à mesa, mas
paralelamente, de tal modo que os Apóstolos podem estar sentados sem ocupá-los
todos, e até deixando livre uma cadeira, a única colocada verticalmente, em
relação à mesa, estando assim tudo preparado para a Virgem bendita, que fica no
centro da mesa, no lugar que na Ceia foi ocupado por Jesus.
A
mesa está nua, sem toalhas e sem a louça, mas aí estão as credencias,
desnudadas também dos seus ornamentos e assim também estão as paredes. Somente
o lampadário está aceso, no centro, mas só com a lâmpada central acesa, e o
círculo das pequenas chamas, que formam a corola do bonito lampadário, estão
apagadas.
As
janelas estão fechadas, apertadas por algumas barras de ferro. Mas um raio de
sol se infiltra atrevidamente por um buraquinho, e desce, como uma agulha longa
e leve até o pavimento, onde forma um olhinho de sol.
A
Virgem que está sozinha, sentada em sua cadeira, tem a seus lados sobre os
pequenos leitos o Pedro e João. A direita está Pedro, e à esquerda está João.
Matias, que é o novo Apóstolo, está entre Tiago de Alfeu e Tadeu. Diante de
Maria está um cofre largo e baixo, de madeira escura, e fechado. Maria está
vestida de um azul escuro. Tem sobre os seus cabelos um véu branco, e sobre ele
a aba do seu manto. Todos os outros estão com a cabeça descoberta.
Maria
está lendo lentamente e em voz alta. Mas, pela pouca luz que chega até Ela, eu
creio que, mais do que estar lendo, o que Ela está fazendo é repetir de cor as
palavras escritas no rolo que Ela desenrolou. Os outros a acompanham, meditando
em silêncio. De vez em quando eles lhe respondem, se for o caso.
Maria
está com o rosto transfigurado por um sorriso extático. Quem sabe o que Ela
está vendo, certamente serão coisas que lhe façam ficar esplendentes os olhos,
como duas estrelas e ficar vermelhas as faces da marfim, como se sobre Ela se
refletisse uma chama cor de rosa? É Ela verdadeiramente uma Rosa Mística.
Os
Apóstolos vão colocar-se na frente, pondo-se de um modo enviesado para poderem
ver o rosto dela, quando Ela docemente sorri e lê, e sua voz se parece com um
canto dos anjos. Com isso o Pedro se comove tanto, que duas grandes lágrimas
lhe caem dos olhos e, por um caminho formado pelas rugas, elas vão aparecer
naquela moita, que é a sua barba esbranquiçada. Mas, o João o mostra em seu
rosto aquele seu sorriso virginal, e como Ela, se acende em amor, enquanto
acompanha com o seu olhar o que a Virgem está lendo no rolo, olha para Ela e
sorri.
Terminou
a leitura. A voz de Maria cessa. Cessa também o fru-fru dos pergaminhos
desenrolados e enrolados. Maria se recolhe em oração secreta, ajuntando as mãos
sobre o peito, e apoiando a cabeça sobre o cofre. E os Apóstolos a imitam.
Um
estrondo fortíssimo, mas harmonioso me parece provir do vento e de uma harpa,
que tem algo do canto humano e da voz de um órgão perfeito, ressoa de improviso
no silêncio da manhã. E ele vem se aproximando, sempre mais harmonioso e mais
forte, e enche com as suas vibrações a Terra, e as propaga, e vem bater na
casa, nas paredes e nos móveis. As chamas do lampadário, até agora imóvel, na
paz de um quarto fechado, palpita como se um vento o invadisse e, as
correntinhas da lâmpada estão tinindo e vibrando sob a onda de som sobrenatural
que as reveste.
Os
Apóstolos levantam as cabeças, apavorados, sob aquele fragor belíssimo, no qual
estão as notas mais belas que Deus deu aos Céus e à Terra, e vai ficando cada
vez mais perto. Alguns se levantam, prontos para fugir, outros agacham no chão,
cobrindo a cabeça com a mãos e o manto, e batendo no peito, pedindo perdão ao
Senhor, outros ainda vão ficar mais perto de Maria, pois estão muito espantados
para poderem conservar aquele respeito que sempre tiveram para com a Puríssima,
e que eles têm sempre. Somente o João é que não se espanta, porque ele vê a paz
luminosa e cheia de alegria que vai aumentando no rosto de Maria, que levanta a
cabeça, sorrindo por uma coisa que só Ela conhece, e depois desliza de joelhos,
abrindo os braços e as duas asas azuis do seu manto, assim abertos e elas se
estendem entre Pedro e João, que a imitaram, ajoelhando-se. Mas tudo isso, que
eu levei minutos a descrever, tudo aconteceu em menos de um minuto.
E
depois disso veio a Luz, o Fogo, o Espírito Santo a entrar, com um último
fragor melódico, em forma de um globo muito brilhante, muito ardente, na sala
fechada, sem que nenhuma porta nem janela se tenha movido, tendo permanecido
equilibrado por um instante sobre a cabeça de Maria, a uns três palmos acima de
sua cabeça, que agora é descoberta, porque Maria, vendo o Fogo Paráclito, levantou
os braços, como para invocá-lo, e, tendo jogado para trás a cabeça, com um
gesto de alegria, com um sorriso de amor sem limites. E, depois daquele
instante no qual todo o Fogo do Espírito Santo, todo o amor se concentrou sobre
a sua Esposa, o Globo Santíssimo de divide em treze chamas canoras e muito
brilhantes, uma Luz que ninguém nesta terra pode descrever, e que desce para
beijar a fronte de cada Apóstolo.
Mas
a chama que desce sobre Maria não é uma língua de chama, que veio diretamente a
sua fronte para beijá-la, mas é uma coroa que abraça e cinge, como uma grinalda
a cabeça virginal, coroando como a uma Rainha, a Filha, a Mãe, a Esposa de
Deus, a Virgem Incorruptível, a Toda Bela, a Eterna Amada, a Eterna Menina, que
nada mais pode envilecer. E em nada, Aquela que a dor tinha feito envelhecer,
mas que ressuscitou na alegria da ressurreição de sua beleza e do frescor de
suas carnes, de seus olhares, de sua vitalidade... tendo junto com o Filho um
aumento de beleza, tudo isso como uma antecipação da beleza do seu glorioso
corpo elevado ao Céu para ser a flor do Paraíso.
O
Espírito Santo faz resplandecer suas chamas ao redor da cabeça da Amada. Que
palavras Ele lhe dirá? Mistério! O rosto bendito é transfigurado por uma alegria
sobrenatural, e se ri, com o sorriso dos Serafins, enquanto algumas lágrimas
felizes parecem uns diamantes, que descem pelas faces da Bendita, pois suas
faces estão sendo tocadas pela Luz do Espírito Santo.
O
Fogo permanece assim por algum tempo... E depois desaparece... De sua descida
só fica como lembrança uma fragrância, que nenhuma flor terrestre é capaz de
exalar... É o perfume do Paraíso...
Os
Apóstolos estão voltando a si mesmos... Maria fica no seu êxtase. Ela apenas
leva os braços para sobre o peito, fecha os olhos e abaixa a cabeça... E
continua o seu colóquio com Deus e fica insensível a tudo mais... Ninguém ousa
perturbá-la.
João,
mostrando-a, diz: “É o Altar. E sobre a sua glória, pousou a glória do Senhor.”
“Sim.
Não perturbemos a sua alegria. Mas vamos pregar o Senhor, e que sejam
manifestas as suas obras, e suas palavras por entre os povos”, diz Pedro em sua
sobrenatural espontaneidade.
“Vamos!
Vamos! O Espírito de Deus está ardendo em mim!”, diz Tiago de Alfeu, e Ele nos
excita a agir. A todos nós. Vamos evangelizar os povos.”
Eles
saem de lá, como se estivessem sendo impelidos, ou atraídos por um vento ou uma
força vigorosa.
(
O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 426 a 429)
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