“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

SOBRE O GÊNESIS

                                                     CAIM MATA ABEL


SOBRE O GÊNESIS


Diz Jesus:

No Gênesis se lê: “Então Adão pôs em sua mulher o nome de Eva, por ser ela a mãe de todos os viventes.”
Oh! Sim. A mulher era nascida da “Virago”, que Deus havia formado para ser companheira de Adão, tirando-a da costela do homem. Ela nascera com o seu destino doloroso, porque tinha querido nascer. Pois tinha querido conhecer o que Deus lhe havia ocultado, reservando para si a alegria de dar-lhe a alegria de uma posteridade sem o aviltamento da sensualidade. A companheira de Adão tinha querido conhecer o bem, no bem aparente. Porque, seduzida como tinha sido por Lúcifer, tinha o desejo de conhecer coisas que só Deus podia conhecer sem perigo, e se tinha tornado criadora. Mas, usando indignamente essa força de bem, a tinha corrompido praticando um ato mau, que foi a desobediência a Deus, e a malícia e cobiça da carne.
Ela já era a “mãe”. Havia um pranto sem parar ao redor de sua rainha profanada. E um pranto desolado da rainha por causa daquela profanação, cuja realidade Ela compreende e sabe que não pode desfazer-se. Se as trevas e os cataclismos acompanharam a morte do inocente, também as trevas e a tempestade acompanharam a morte do inocente e da Graça que havia nos corações dos Progenitores. E assim tinha nascido a dor sobre a terra. E a Providência de Deus não quis que ela fosse eterna, dando-vos depois de muitos anos de dor, a alegria de sair da dor para entrar na alegria, se souberdes viver com reta intenção.
Ai do homem, se ele tivesse devido, com suas forças humanas, fazer-se o dono da vida! E ter que viver com a lembrança dos seus delitos e um contínuo aumento deles, porque viver sem pecar é mais impossível do que viver sem respirar, sendo vós as criaturas, que havíeis sido criadas para conhecer a Luz, mas que a Treva por si mesma envenenou, fazendo delas as suas vítimas. A Treva! Ela vos rodeia continuamente. Ela vos envolve, fazendo renascer tudo o que o Sacramento desfez, e porque vós contra ela não opondes a vontade de serdes de Deus, chega a envenenar-vos de novo com seu veneno, que o Batista em vós havia tornado inócuo.
Deus Pai afastou o homem, de cuja desobediência eram evidentes os sinais do lugar de delícias paradisíacas, a fim de que ele não pecasse uma segunda vez, e até mais ainda, levantando sua mão de ladrão para a árvore a vida. Não podia mais o Pai confiar em seus filhos, nem sentir-se seguro em seu Paraíso Terrestre. Pois Satanás havia penetrado nele, para armar ciladas às suas criaturas prediletas. E tinha podido seduzi-los à culpa, quando eles eram inocentes, com mais facilidade teria podido fazê-lo agora, quando eles não eram mais inocentes.
O homem havia desejado possuir tudo, não deixando para Deus o tesouro que era ser Ele o Criador. Se ele ficasse agora com a riqueza conquistada pela violência, e a levasse consigo para a terra do exílio, a fim de fazê-lo lembrar-se sempre do seu pecado, como um rei aviltado e despojado dos seus bens. A criatura paradisíaca se havia tornado uma criatura terrestre. E deviam passar por séculos de dor, porque o Único que podia estender a mão para o fruto da Vida, se aproximasse e colhesse daquele fruto, para toda a Humanidade, e o colhesse com suas mãos transpassadas, e o desse aos homens, a fim de que eles se tornassem co-herdeiros do Céu e possuidores da vida que não morre nunca.
Diz ainda o Gênesis: “ Depois Adão conheceu sua mulher Eva.” Tinham querido conhecer os segredos do bem e do mal. Justo era que conhecessem agora também a dor de terem que reproduzir-se a si mesmo na carne, tendo a ajuda direta de Deus somente para aquilo que o homem não pode criar: o espírito, centelha que vem de Deus, sopro que por Deus é infundido, selo que põe sobre a carne o sinal do Criador Eterno. E Eva deu a luz Caim.
Eva estava com a carga de sua culpa. Chamo aqui a vossa atenção sobre um fato que, para a maior parte das pessoas, passa despercebido. Eva estava sob o peso de sua culpa. Nem a dor tinha sido ainda na medida suficiente para diminuir sua culpa. Como um organismo carregado de toxinas, ela havia transmitido ao filho tudo o que pululava nela. E Caim, o primeiro filho de Eva, tinha nascido malvado, invejoso, iracundo, luxurioso e perverso, pouco diferente das feras em seu instinto, mas superior a elas, quanto ao que é sobrenatural, porque em seu eu feroz, ele negava o respeito a Deus, para o qual ele olhava como para um inimigo, achando que era permitido não prestar a Ele um culto sincero. E Satanás ainda o excitava mais a zombar de Deus. E quem zomba de Deus não tem mais respeito a ninguém neste mundo. Por isso é que aqueles que estão em companhia dos que zombam do Eterno, conhecem o que é o amargor do pranto, porque para eles não há nenhuma esperança de um amor respeitoso em seus filhos, nenhuma segurança de um amor fiel em seu consorte, nenhuma certeza de uma amizade honesta em seus amigos.
Lágrimas e mais lágrimas regaram o rosto de Eva, e regaram também o seu coração, por causa da dureza de seu filho em rejeitar em seu coração o germe do arrependimento. As lágrimas e mais lágrimas regaram o rosto de Eva, e regaram também o seu coração. As lágrimas e mais lágrimas conseguiram para ele uma diminuição de culpa, porque Deus perdoa, ao ver a dor de quem se arrepende. E o segundo gerado de Eva teve sua alma lavada no pranto da mãe, e foi agradável e respeitoso para com os seus genitores, e devotado para com o seu Senhor, cuja onipotência ele percebia vir raiando dos Céus. E este era a alegria da decaída.
Mas o caminho doloroso de Eva devia ser longo, proporcionado ao seu caminho naquela experiência do que é o pecado. Pois neste houve um frêmito dos sentidos, e naquele um frêmito de espasmos. Neste, beijos. Naquela, sangue. Neste, um filho. Naquele, a morte de um filho. E, de predileto, por sua bondade, Abel se tornou um instrumento de purificação para a culpada. Mas, que dolorosa purificação! Ela encheu com os seus uivos a terra, que ficou horrorizada pelo fratricídio, e misturou as lágrimas de uma mãe com o sangue de um filho, enquanto aquele que o havia derramado, por ter ódio contra Deus e contra o irmão amado por Deus, fugia, perseguido por seu remorso.
Diz o Senhor a Caim: “Por que estás irritado? Pois, se tu faltas contra Mim, ainda te irritas, porque Eu não olho para ti benignamente?”
Quantos Cains há sobre a terra? Eles me prestam um culto cheio de derrisão e hipocrisia, ou não mo prestam absolutamente, e ainda querem que Eu olhe para eles com amor e os encha de felicidade.
Deus é vosso Rei. Não é o vosso servo. Deus é vosso Pai. Mas um pai, nunca é servo, se julgarmos conforme a Justiça. Deus é justo. E vós não o sois. Mas Ele o é. E Ele não pode não castigar-vos, visto que ele vos cumula de benefícios sem medida, contanto que o ameis um pouco, e deixa de dar-vos seus castigos, mesmo quando vê que zombais Dele. Mas a justiça não conhece dois caminhos. Seu caminho é um só. Fazei o bem. Fazei o mal, e tereis o mal. E, poseis crer, é sempre muito mais o bem que recebeis, em comparação com o mal que deveríeis receber, pela vossa maneira de viver, em rebelião contra a Lei Divina.
Foi dito por Deus: “Não é verdade que, se fizerdes o bem, terás o bem, e que, se fizerdes o mal, o pecado estará imediatamente à tua porta?” De fato, o bem produz em nós uma constante elevação espiritual e nos vai tornando sempre mais capazes de fazer um bem sempre maior, até chegarmos a atingir a perfeição, e nos tornarmos santos, ao passo que, basta ceder ao mal, e nos afastarmos da perfeição, do conhecimento de quanto nos domina o pecado, que entra no coração e o faz ir descendo gradualmente a culpabilidades cada vez maiores.
Mas, diz ainda Deus: “Mas abaixo de ti estará o desejo disso, e tu o deves dominar.” Também aos primeiros homens atingidos pelo rigor de Deus, Ele deu inteligência e força moral. Agora, pois, desde quando o Redentor consumou para vós o Sacrifício, vós tendes para ajudar vossa inteligência e vossa força os rios da Graça, e podeis e deveis dominar os desejos do mal. E, com a vossa vontade fortificada pela graça o deveis fazer. Eis aí porque foi que os anjos, em meu Nascimento, cantaram para a terra:”Paz aos homens de boa vontade.” Eu tinha vindo para trazer-vos a graça e, mediante a união dela com a vossa boa vontade, teria vindo aos homens a paz. A paz, que é a glória do Céu de Deus.
E Caim disse a seu irmão: “Vamos lá fora!” Era uma mentira dele, e ele escondia com um sorriso a traição que mata. A delinqüência é sempre mentirosa para com as vítimas e para com o mundo, que ela procura enganar. Ela quereria enganar até a Deus. Mas Deus lê nos corações. “Vamos lá para fora.”
Muitos séculos depois alguém disse: “Salve, Mestre”, e o beijou. Os dois Cains esconderam o delito sob uma aparência inócua, e desafogaram sua inveja, sua ira, sua prepotência e todos os seus maus instintos sobre a vítima, porque se tinham dominado a si mesmos, mas haviam feito do seu espírito o seu próprio eu corrompido. Eva sobe, pela expiação que faz, enquanto Caim desce para o Inferno. O desespero se apoderou dele, e lá o precipita. E, depois do desespero, que é o último golpe mortal dado ao espírito já enfraquecido por seu delito, vem o medo físico, vil, da punição humana. Não pode lembrar-se do Céu o homem que está com sua alma morta. Ele é um animal que tem medo de perder sua vida animal. A morte, cujo aspecto já é um sorriso para os justos, pois é por ela que eles vão para a alegria da posse de Deus, e é terror para aqueles que sabem que morrer quer dizer passar do inferno do coração para o Inferno de Satanás, e para sempre. E, como uns alucinados, vêem de todos os lados a vingança pronta para feri-los.
Mas, ficai sabendo, Eu estou falando aos justos, ficai sabendo que se o remorso e as trevas de um coração culpado dão ocasião, ou fomentam as alucinações do pecador, a ninguém é lícito erigir-se em juiz do irmão, e, muito menos em seu carrasco. Somente um é Juiz: Deus. E, se a justiça do homem criou os seus tribunais, a estes é que toca a tareja de administrar justiça, e ai daqueles que profanarem tal nome, e quiserem julgar pelo critério de suas próprias paixões, ou pelas pressões dos poderes humanos.
Maldito seja quem se fizer carrasco particular de um seu semelhante! Mas maldição ainda maior para aqueles que, sem que o façam por uma irritação irrefletida, mas por um frio cálculo humano, condenam à morte ou à desonra de um cárcere, sem justiça. Porque se aquele que matar será dado um castigo sete vezes maior, como disse o Senhor, assim aconteceria com quem matasse Caim, como aquele que sem julgamento condena, escravizando-se a Satanás, vestindo-se com a veste de autoridade humana, será condenado setenta e sete vezes pelo rigor de Deus.
Seria necessário ter isso sempre presente, especialmente agora, ó homens que vos matais uns aos outros, para fazerdes dos que tombaram a base do vosso triunfo, e não sabeis que estáveis cavando sob os vossos pés o precipício no qual vós precipitareis, amaldiçoados por Deus e pelos homens. Pois Eu disse: “Não matarás.”
Eva sobe pelo seu caminho de expiação. O arrependimento cresce nela, diante das provas de seu pecado. Ela quis conhecer o bem e o mal. E a lembrança do bem perdido é para ela como a lembrança do sol para alguém que de repente tenha ficado cego. E o mal feito está diante dela, nos despojos do seu filho morto, e ao redor dela, pelo vazio criado pelo filho homicida e fujão. Depois disso, nasce Set. E depois e Sete. Enós, o primeiro sacerdote.
Vós inchais vossas mentes com os rios da vossa ciência, e falais de evolução, como para dardes um sinal da vossa formação espontânea. O homem animal, ao evoluir-se se tornará o super-homem. Vós dizeis assim. Sim. Assim é. Mas a meu modo. No meu campo. Não no vosso. Não será passando da espécie dos quadrúpedes para a dos homens, mas sim, passando-se da dos homens para a dos espíritos. E, tanto mais crescerá o espírito, quanto mais evoluirdes.
Vós, que falais de glândulas, e que encheis a boca falando de hipófises, ou pineal, e colocais nesta a sede da via, começada, não no tempo em que viveis, mas nos tempos precedentes e nos que sucederão os atuais, ficai sabendo que a vossa verdadeira glândula, a que faz de vós os verdadeiros possuidores eternos na vida PE o vosso espírito, quanto mais ele se desenvolver, tanto mais possuireis as luzes divinas, e vos transformareis de homens em deuses, deuses imortais, obtendo assim, sem irdes contra o plano de Deus, obedecendo às suas ordens a respeito da árvore da Vida, possuindo esta vida exatamente como Deus quer que a possuais, pois que Ele para vós a criou eterna e brilhante, num abraço feliz com sua eternidade, que vos absorve em si, e vos comunica as suas propriedades.
Quanto mais o espírito tiver evoluído, tanto mais conhecereis a Deus. Conhecer a Deus, quer dizer amá-lo e servi-lo, e, por isso ser capazes de invocá-lo em favor de vós mesmos e dos outros. E com isso vos tornareis os sacerdotes que desta Terra oram a Deus por seus irmãos, visto que o sacerdote é consagrado. Mas também o é o cristão convicto, amoroso e fiel. E assim especialmente o é a alma vítima que se imola a si mesma por um impulso de caridade.
Não é o hábito o que Deus observa, mas a disposição. E, em verdade, Eu vos digo que aos meus olhos aparecem muitos tonsurados, que de sacerdotes só tem a tonsura, e muitos leigos nos quais a caridade que os possui e pela qual eles se deixam consumir é o Óleo da ordenação, que faz deles os meus sacerdotes, desconhecidos pelo mundo, mas conhecidos por Mim, que os abençôo.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 85 a 91) 

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