O PERDÃO
Escuta,
Mestre. Tu antes disseste que, se alguém não escuta o seu irmão, nem na
presença de testemunhas, que se vá tomar conselho com a sinagoga. Mas, se eu
compreendi bem tudo o que nos disseste, desde quando nos conhecemos, parece-me
que a sinagoga vai ser substituída pela Igreja, essa coisa que Tu irás fundar.
Então, aonde é que teremos de ir para fazer que sejam aconselhados os irmãos
teimosos?
Ireis
a vós mesmos, porque vós sereis a minha Igreja. Por isso, os fiéis irão a vós,
ou para o conselho de que eles precisam para uma causa própria, ou para um
conselho a ser dado a outros. Eu vos digo mais. Não só podereis das conselhos.
Mas podereis também absolver em meu Nome. Podereis desatar das cadeias do
pecado e podereis unir duas pessoas que se amam, fazendo delas uma só carne. E
tudo o que tiverdes feito será válido aos olhos de Deus, como se fosse o
próprio Deus que houvesse feito.
Em
verdade, Eu vos digo: tudo o que tiverdes ligado na terra, estará ligado no
Céu, e tudo o que por vós for desligado na terra, será desligado no Céu. E
ainda vos digo, para fazer-vos compreender o poder do meu Nome, do amor
fraterno e da oração, que, se dois discípulos meus, e como tais Eu entendo
todos os que haverão de crer no Cristo, se reunirem para pedir qualquer coisa
justa em meu Nome, ela lhes será concedida pelo meu Pai. Porque grande poder é
a oração, grande poder tem a união fraterna, e muitíssimo grande, de infinito
poder é o meu Nome e a minha presença no meio de vós. E onde dois ou três
estiverem reunidos em meu Nome, lá estarei Eu no meio deles, e rezarei com
eles, e o Pai não negará a quem reza comigo. Pois muitos s;ao obtêm o que
pedem, porque rezam sozinhos, ou rezam para obter coisas ilícitas, ou rezam com
orgulho, ou com o pecado no coração. Purificai o vosso coração, para que Eu
possa estar convosco. Depois, rezai e sereis atendidos.
Pedro
está pensativo. Jesus o vê assim, e lhe pergunta a razão. Pedro, então,
explica: “ Estou pensando nos grandes deveres que estamos para assumir. E tenho
medo disso. Medo de não saber cumprir-los bem.”
De
fato, Simão de Jonas, ou Tiago de Alfeu, ou Felipe, e assim por diante, vós não
o saberíeis. Mas o sacerdote Pedro, o sacerdote Filipe ou Tomé saberão cumpri-los
bem, porque o farão unidos à Divina Sabedoria.
“E...
quantas vezes teremos que perdoar aos irmãos? Quantas, se eles pecarem contra
os sacerdotes, e quantas, se eles pecarem contra Deus? Porque, se for acontecer
naquele tempo como acontece agora, certamente irão pecar contra nós, pois estão
pecando contra Ti tantas e tantas vezes. Dizei-me se devo perdoar sempre, ou um
certo número de vezes. Sete vezes, ou mais ainda, por exemplo.”
Não te digo sete, mas setenta vezes
sete. Um número de vezes sem medida.
Porque também o Pai dos Céus vos perdoará muitas vezes, um grande número de
vezes, a vós, que deveríeis ser perfeitos. E, como Ele faz convosco, assim
deveis fazer, porque vós representais Deus na terra.
....
É preciso perdoar como Deus perdoa, e Ele, se alguém peca mil vezes, e depois
se arrepende, perdoa mil vezes. Contanto que veja que no culpado não há mais
desejo do pecado, mas que este é apenas produzido pela fraqueza do homem. No
caso de persistência voluntária no pecado, não pode haver perdão para as culpas
cometidas contra a Lei. Mas, enquanto essas culpas produzirem em vós a dor,
perdoai individualmente. Perdoai sempre a quem vos faz mal. Perdoai para serdes
perdoados, porque também vós tendes culpas para com Deus e para com os irmãos.
O perdão abre o Reino dos Céus, tanto para o perdoado, como para o que perdoa.
Isto é semelhante a este fato, que aconteceu
entre um rei e os seus súditos.
Um
rei quis ajustar as contas com seus súditos. Chamou-os, pois, um depois do
outro, começando por aqueles que estavam em mais alta posição. Chegou um que
lhe devia dez mil talentos. Mas o súdito não tinha com que pagar o adiantamento
que o rei lhe havia concedido para que ele pudesse construir casas e fazer
outros diversos serviços, na verdade por muitos motivos, uns mais e outros
menos justos, e não tinha usado com o necessário cuidado da soma recebida para
fazer aquelas coisas. O rei patrão, indignado pela preguiça do súdito, e pela
falta do cumprimento da palavra por parte dele, mandou que ele fosse vendido,
ele, a mulher, os filhos e tudo o que ele tinha, até que desse para pagar a sua
dívida. Mas o súdito se jogou aos pés do rei e, entre prantos e súplicas, assim
lhe rogava: “ Deixa-me ir. Tem um pouco de paciência ainda comigo, que eu te
pagarei tudo o que te devo, até o último centavo.” E o rei, com dó de todo
aquele sofrimento --- era um rei bondoso --- não somente resolveu atender ao
homem, mas depois, tendo ficado sabendo que, entre as causas da pouca atividade
daquele homem e da falta do pagamento, havia também a de que ele tinha estado
doente, resolveu perdoar-lhe a dívida.
O
súdito saiu dali e, feliz, ia indo embora. Mas, ao sair, encontrou no caminho
um outro súdito, um pobre homem a quem oi em vão que o pobre homem, chorando,
beijando-lhe os pés e gemendo, lhe dizia: “ Tem piedade de mim, que sou um
infeliz. Tem um pouco de paciência, e eu te pagarei tudo, até o último
centavo.” O súdito desapiedado chamou os soldados e fez levar a prisão o
infeliz, até que ele se decidisse a pagar-lhe, sob a pena de perder a
liberdade, ou até a vida.
O
acontecido chegou ao conhecimento dos amigos do infeliz, os quais, muito
entristecidos, foram contá-lo ao rei e patrão. E este, posto a par do que lhe
contaram, mandou que levassem á sua presença aquele servidor desapiedado e,
olhando severamente para ele, disse: “Servo iníquo, eu te havia ajudado antes,
para que te tornasses misericordioso, e para que pudesses ter riqueza, e te
ajudei também, ao perdoar a tua dívida, por causa de quanto me imploravas que
eu tivesse paciência. Tu não tiveste dó do teu semelhante, enquanto que eu, o
rei, de ti me compadeci. Por que não fizeste a ele o que eu fiz a ti? E, irado,
o entregou aos carcereiros para que o detivessem até que ele tivesse pago tudo,
dizendo: “ Como ele não teve dó de alguém que bem pouco lhe devia, ao passo que
recebeu de mim, que sou o rei tanta piedade, que ele não ache agora piedade em
mim.”
Assim
também fará o meu Pai convosco, se fordes desapiedados para com os vossos
irmãos, se vós, tendo recebido tanto de Deus, fordes culpados mais do que não é
um simples fiel. Recordai-vos de que em vós existe a obrigação de serdes mais
do que qualquer outro, em culpa. Recordai-vos que Deus vos concede adiantado um
grande tesouro, mas quer que presteis conta dele. Lembrai-vos de que ninguém
como vós deve saber praticar a mor e perdão.
Não
sejais servos que para vós quereis muito e, depois, nada dais a quem vos pede.
Como fizerdes, assim vos será feito. E vos serão exigidas também contas de como
fazem os outros, que são arrastados para o bem ou para o mal pelo vosso
exemplo. Oh! Que em verdade, se tiverdes dado exemplo de santidade, possuireis
no Céu uma glória muito grande! Mas, igualmente, se derdes exemplo de
perversão, ainda que seja somente o de serdes preguiçosos em vos santificar,
sereis duramente punidos.
Eu
vo-lo digo mais uma vez. Se algum de vós não se sente com coragem para ser
vítima de sua própria missão, que se vá embora. É preciso que não falte a ela.
E eu digo que não falte, nas coisas realmente ruidosas para a sua formação e a
dos outros. E saiba ter a Deus como amigo, tendo sempre no coração o perdão
para com os fracos. Então, a cada um de vós, que souber perdoar, será dado por
Deus Pai o perdão.
Nossa
parada aqui terminou. A festa dos Tabernáculos está próxima. Aqueles a quem Eu
falei em particular nesta manhã, a partir de amanhã, irão á minha frente,
anunciando-me ás populações. E os que ficam aqui não se sintam desprezados. Eu
detive aqui alguns deles por motivo de prudência, e não por desprezo com eles.
Eles ficarão comigo, e logo Eu os mandarei, como estou mandando agora os
setenta e dois. A messe é muita, e os operários serão sempre poucos em relação
á necessidade. Portanto, haverá trabalho para todos. E ainda não basta. Por
isso, sem ciúmes, rezai ao Dono da messe para que mande sempre novos operários
para sua colheita.
E
agora ide.
(
O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 4, pgs. 363 a 367)
Quem ama perdoa.
O
Papa João Paulo II, Karol Josef Woityla, foi até a prisão visitar e perdoar
Mehmet Ali Agca, que o tentou matar na praça São Pedro, no Vaticano.
A paz de Jesus.
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