“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

FAÇA UM CELEIRO PARA ESTA VIDA CHEIA DE VIRTUDES, PARA PODER COLHER NA OUTRA VIDA.


Faça um celeiro para esta vida cheia de virtudes, para poder colher na outra vida.



PERSEVERANÇA E OCIOSIDADE.


Ouvi, diz Jesus.

Verdadeiramente as alterações do espírito se fazem ver no rosto. É como se o demônio assomasse á superfície daquele seu possesso. Poucos são os que, sendo demônios, ou por atos ou por sua aparência, não dêem sinais daquilo que são. E esses poucos são os perfeitos no mal, os perfeitamente perversos. O rosto do justo, ao contrário, é sempre belo, mesmo quando materialmente ele é deforme, e de uma beleza sobrenatural, que se derrama do seu interior para o exterior. E, não por medo de dizer, mas pela verdade dos fatos, nós podemos observar nos que estão sem a impureza dos vícios um frescor até em suas carnes. A alma está em nós e presente em todas as nossas partes. Os maus cheios de uma alma corrompida corrompem também as carnes. Enquanto que os perfumes de uma alma pura preservam tudo. A alma corrompida impele a carne para os pecados obscenos e estes a tornam envelhecida e deformada. A alma pura impele a carne a uma vida pura. E isso conserva o frescor e comunica majestade.
Fazei que em vós permaneça uma juventude pura de espírito, e que ressurja, se já estiver perdida, e tomai cuidado para resguardar-vos de toda cobiça, tanto da sensualidade, como do poder. A vida do homem não depende da abundância dos bens que ele possui. Nem esta, nem, muito menos a outra: a eterna. Mas depende de sua maneira de viver. E, com a vida, a felicidade desta terra e a do Céu. Porque o viciado não é feliz, realmente feliz. Enquanto que o virtuoso é sempre feliz, tem sempre alegria celestial, mesmo quando é pobre e sozinho. Nem a morte o impressiona. Porque ele não tem culpa nem remorsos que o façam ter medo do encontro com Deus, e não tem saudades das coisas que deixa na terra. Ele sabe que no Céu é que está o seu tesouro e, como alguém que vai pegar a herança que o espera, uma herança santa, ele vai alegre, bem disposto, ao encontro da morte, que lhe abre as portas do Reino, onde está o seu tesouro.
Formai logo o vosso tesouro. Começai-o desde a juventude, vós que sois jovens; trabalhai incansavelmente, vós anciãos que, pela idade, estais já mais perto da morte. Mas, posto que a morte tem um prazo desconhecido, e muitas vezes chega para o menino antes de chegar para o velho, não fiqueis adiando o trabalho de formar para vós um tesouro de virtude e de boas obras para a outra vida, a fim de que a morte não vos pegue, sem que tenhais posto no Céu um tesouro de merecimentos. Muitos são os que dizem: “ Oh! Eu sou jovem e forte. Por enquanto, quero gozar nesta terra, depois me converterei”. Que grande erro!
Ouvi esta parábola.
As terras de um homem rico haviam produzido muito. Ele havia feito uma colheita imensa. Pôs-se ele, então a contemplar toda aquela riqueza, os montes de cereais sobre os seus campos e terreiros e, não tendo mais lugar nos celeiros, precisava colocar a colheita sob telheiros provisórios e até nos quartos de sua casa. Então ele disse: “ Eu trabalhei como um escravo, mas a terra não me decepcionou. Trabalhei e consegui uma colheita que vale por dez, e agora preciso descansar por outras dez. Como vou fazer para guardar toda esta colheita? Vendê-la, eu não quero, porque seria obrigado a trabalhar para ter uma nova colheita no ano que vem. Eu vou fazer o seguinte: Vou desmanchar os meus celeiros, e farei outros bem maiores, onde possam caber todas as colheitas, todos os meus bens. Depois eu direi a mim mesmo: “ Desperta, homem! Tens garantida agora a posse de muitos bens, e por muitos anos. Descansa, então, come, bebe, regala-te!” Aquele homem, como muitos outros, não fazia diferença entre o corpo e a alma, misturava o que é sagrado com o que é profano, porque na verdade a alma não se regala nas glutonarias nem no ócio, e aquele homem, como muitos outros, depois de ter feito a primeira boa colheita nos campos de bem, logo parou, achando que já havia feito tudo.
Mas, não sabeis vós que, uma vez posta a mão no arado, é preciso que quem assim fez persevere, durante um, dez, cem anos, enquanto durar esta vida, porque ficar parado é um delito contra nós mesmos, pois com isso deixamos de dar valor a uma glória maior, e isso é voltar atrás, pois quem pára, quase sempre não só deixa de ir para a frente, mas fica para trás? O tesouro do Céu deve aumentar o amor de ano em ano, para que seja realmente bom. Visto que a misericórdia vai ser benigna até para quem teve poucos anos para formar o seu tesouro. Mas ela não será cúmplice dos preguiçosos, que têm longa vida, e trabalham pouco. Há de ser um tesouro em contínuo aumento. E, se ele não for mais um tesouro frutífero e ficar inerte, isso irá em detrimento da paz já preparada no Céu.
Deus disse ao estulto: “ Homem estulto, que confundes o corpo e os bens da terra com o que é espiritual, e de uma graça de Deus fazes um mal, fica sabendo que nesta mesma noite te será exigida e tirada a tua alma, e o teu corpo jazerá sem vida. Tudo o que acumulaste, de quem será? Pensas em levá-lo contigo? Não. Tu ficarás como nu, sem teres as tuas colheitas terrenas, nem obras espirituais praticadas diante dos meus olhos, e assim serás pobre na outra vida. Melhor teria sido para ti se, com tuas colheitas, tivesses feito obras de misericórdia para com o próximo e para ti próprio. Porque sendo misericordioso para com os outros, era para a tua alma que o estarias sendo. E, em vez de nutrir pensamentos de ócio, devias exercer atividades das quais pudesses tirar honestas vantagens para o teu corpo e grandes méritos para a tua alma, até que Eu te houvesse chamado.”
E o homem naquela noite morreu e foi severamente julgado.
Em verdade, Eu vos digo que assim acontece a quem ajunta tesouros para si e não se torna rico aos olhos de Deus.
 Agora ide e fazei um tesouro da doutrina que vos acaba de ser transmitida.

A paz esteja convosco.

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