“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A CURA NO SÁBADO DO HOMEM COM A MÃO ATROFIADA.


O MESTRE FALA E CURA.


Depois das orações preliminares, chega o momento da leitura de uma passagem e a explicação da mesma. O sinagogo pede a Jesus que as faça, mas Jesus, mostrando os fariseus, diz: Que o façam eles.
Mas, como eles não o querem fazer, Ele deve falar.
Jesus lê a passagem do primeiro livro dos Reis, onde se narra como Davi foi traído pelos homens de Zif, que disseram a Saul que ele estava em Gabaa. Jesus lhes restituiu o rolo, e começa a falar.
Violar o preceito da caridade, da hospitalidade, da honestidade é sempre um mal. Mas o homem não titubeia em fazê-lo, com a maior indiferença. Aqui temos um duplo episódio daquela violação, e a conseqüente punição de Deus. A conduta dos homens de Zif era fraudulenta. Mas a de Saul não era menos. Os primeiros, porque tinham a intenção vil de cair nas graças do mais forte e tirar vantagens disso. O segundo, porque tinha a vil intenção de dar cabo do ungido do Senhor. Era o egoísmo que fazia porem-se de acordo. E, diante da indigna proposta, o falso e pecador rei de Israel ousou dar uma resposta, na qual ele inclui o nome do Senhor: “ Sede benditos pelo Senhor.”

Uma irrisão da justiça de Deus! Uma irrisão habitual! Sobre as maldades do homem, muitas vezes se invoca como prêmio, ou como uma fiança, o Nome do Senhor e sua benção. Foi dito: “ Não tomarás o Nome de Deus em vão.” E poderá haver coisa mais vã, ou pior ainda, mais maldosa do que tomar o nome de Deus para cometer um delito contra o próximo? No entanto, isso é um pecado mais comum do que qualquer outro, e praticado com indiferença até por aqueles que são sempre os primeiros nas assembléias do Senhor, nas cerimônias e nas doutrinações. Lembrai-vos de que é pecaminoso ficar indagando, ficar observando e preparando tudo para danificar ao próximo. E também é pecaminoso mandar indagar, mandar observar e preparar todas as coisas para danificar ao próximo por outros. Isso é induzir os outros ao pecado, tentando-os com algum prêmio, ou ameaçando-os com represálias.
Eu vos advirto que isso é pecado. Eu vos advirto que é egoísmo e ódio uma conduta dessas. E vós sabeis que o ódio e o egoísmo são os inimigos do amor. Eu vos advirto disso, porque Eu me preocupo com as vossas almas. Porque Eu vos amo. Porque Eu não vos quero em pecado. Porque Eu não vos quero ver punidos por Deus, como aconteceu a Saul que, enquanto perseguia a Davi, para prendê-lo e matá-lo, viu a cidade ser destruída pelos filisteus. Em verdade, isso acontecerá sempre a quem danifica o próximo. A vitória dele durará tanto como a erva do prado. Depressa surgirá, mas depressa secará, será moída pelo pé indiferente do passante. Enquanto que a boa conduta, a vida honesta, parecem difíceis de nascer e de se firmarem. Mas, uma vez formado o hábito de vida, torna-se uma árvore forte e copada, que nem os turbilhões arrancam, nem a canícula consegue queimar.
Em verdade, quem é fiel á Lei, mas fiel de verdade, torna-se uma árvore forte, que não é dobrada pelas paixões, nem queimada pelo fogo de Satanás.
Eu já falei. Agora, se alguém quer falar mais alguma coisa, que fale.
Nós te perguntamos se falaste para nós, fariseus?
Por acaso, a sinagoga estará cheia de fariseus? Vós sois quatro e a multidão é de centenas de pessoas. A palavra foi para todos.
Mas a alusão era clara.
Na verdade, nunca se viu que alguém, ao ser indiciado em alguma comparação, passe a acusar-se a si mesmo. E vós o estais fazendo. Mas, por que é que vos acusais, se Eu não vos acuso? Sabeis por acaso que estais agindo como Eu disse? Eu não o sei. Mas, se é assim, arrependei-vos disso. Porque o homem é fraco, e pode pecar. Mas Deus o perdoa, se nasce nele arrependimento sincero e o propósito de não mais pecar. Mas, com toda a certeza, persistir no mal é um duplo pecado, e sobre esse pecado não desce o perdão.
Esse pecado, nós não temos.
Nesse caso, não vos aflijais com minhas palavras.
O incidente terminou. E a sinagoga se enche de vozes, que estão cantando os hinos. Depois, parece que a assembléia vai logo dispersar-se sem mais incidentes.
Mas o fariseu Joaquim descobre um homem no meio da multidão e, por meio de sinais e com o olhar, o intima a vir para a primeira fila. É um homem dos seus cinqüenta anos, e tem um braço atrofiado, paralisado até na mão e muito mais curto do que o outro, porque a atrofia destruiu os seus músculos.
Jesus o está vendo. E está vendo também toda a manobra preparada para fazer que Ele veja. Jesus sente um começo de desgosto e de compaixão, e isto se nota em seu rosto, um pequeno sinal significativo, mas muito claro. Ele não se desvia do golpe. Pelo contrário, o enfrenta com firmeza.
Vem aqui para o meio, diz Ele ao homem.
E, quando o homem chega á sua frente, Jesus se vira para os fariseus, e diz:
 “ Por que me estais tentando? Não acabei de falar agora mesmo contra as insídias e o ódio? E vós dissestes agora mesmo: “ Nós não temos esse pecado.”? Não me respondeis? Respondei-me pelo menos a esta pergunta: é lícito fazer o bem ou o mal aos sábados? É licito salvar, ou tirar a vida? Não respondeis? Eu, então responderei por vós, e o farei na frente de todo o povo, que julgará melhor do que vós, porque é sempre sem ódio e sem soberba. Não é lícito fazer nenhum trabalho aos sábados. Mas, assim como é lícito rezar, assim também é lícito fazer o bem, porque o bem é oração maior do que os hinos e os salmos que acabamos de cantar, ao passo que, nem no sábado, nem em nenhum outro dia é lícito fazer o mal. E vós o tendes feito, manobrando para terdes aqui este homem, que nem de Cafarnaum não é, e que fizestes vir, há dois dias, sabendo que Eu estava em Betsaida, e concluindo que Eu teria vindo á minha cidade. E vós assim fizestes para procurar em que é que me poderíeis acusar. E assim, cometeis também o pecado de matar a vossa alma, em vez de salvá-la. Mas no que depende de Mim, Eu vos perdôo, e não decepcionarei a fé deste homem, ao qual vós dissestes que viesse, dizendo-lhe também que Eu o curaria, enquanto estáveis usando dele para armar-me uma cilada.
 Ele não tem culpa, porque até aqui veio sem outra intenção, senão a de ficar são. E que assim se faça. Homem, estende a tua mão, e vai em paz.

O homem obedece, e sua mão fica sã, igual á outra. Ele usa dela imediatamente para segurar uma dobra da capa de Jesus a fim de beijá-la, dizendo-lhe: “ Tu bem sabes que eu não sabia da verdadeira intenção deles. Se eu a tivesse sabido, não teria vindo, preferindo ficar com minha mão seca a ir contra Ti. Por isso, não me queiras mal.”
Vai em paz, homem. Eu sei a verdade, e para ti só tenho benevolência.
A multidão sai comentando e, por último, sai Jesus com os onze apóstolos.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4 pgs 246,247,248,249)

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