EU SOU O AMOR
A GRANDE FORÇA DO UNIVERSO É O AMOR.
23
de agosto de 1945.
Ainda
não surgiu completamente a aurora. Jesus está de pé no meio do pomar arruinado
de Doras. Uma sucessão de árvores mortas, ou morrendo, das quais muitas já
foram derrubadas, ou arrancadas do solo. Ao redor de Jesus, os camponeses de
Doras e de Jocanã, e os apóstolos, estão uma parte em pé, e os outros sentados
sobre os troncos derrubados.
Jesus
começa a falar: Um novo dia, e uma nova partida. E não sou Eu somente que vou partir.
Vós também partis, se não materialmente, mas moralmente, passando a ter um
outro patrão. Estareis, pois unidos a outros camponeses bons e piedosos, e
formareis uma família, na qual podereis falar de Deus e do seu Verbo, sem
precisardes recorrer a subterfúgios para fazer isso. Sustentai-vos um ao outro
na fé, ajudai-vos mutuamente, suportai os defeitos de cada um de vós, e servi
de edificação uns para os outros.
Isto
é amor. E, ainda que de modo diferente, que no amor haja salvação, como ouviste
ontem á tarde da boca dos meus apóstolos. Simão Pedro, com uma palavra simples
e boa, vos fez refletir como o amor muda a natureza pesada em uma natureza
sobrenatural, e como um indivíduo, que é sem amor, pode tornar-se corrupto ou
corruptor, como animal abatido, mas não assado ou, pior ainda, ser inútil como
lenha que fica apodrecendo dentro dӇgua, sem prestar para acender o fogo e
fazer que um homem passe a viver na atmosfera de Deus, isto é, um ser que sai
da corrupção e se torna útil ao próximo.
Porque, podeis crer, meus filhos, a
grande força do Universo é o amor. Eu não me cansarei jamais de dizer. Todas as
dores da terra vem do desamor. A começar pela morte e pelas doenças, que
nasceram da falta de amor de Adão e Eva ao Senhor Altíssimo. Porque o amor é obediência. Quem não obedece
é um rebelde. Quem é um rebelde, não ama aquele contra o qual ele se rebela.
Mas, também as outras desventuras, gerais ou particulares, como as guerras ou
as ruínas em que nascem? Nascem do egoísmo, que é um desamor. E, com a ruína
das famílias, vêm também as ruínas dos bens, por castigo de Deus. Porque Deus,
mais cedo ou mais tarde, pune aquele que vive sem amor. Eu sei que por aqui se conta uma história --- e por
causa dela Eu sou odiado por alguns, olhando por outros com os corações cheios
de medo, ou sou invocado como um novo castigo, ou suportado por medo de alguma
punição.
Eu
sei que circula a história de que tenha sido o meu olhar que tornou malditos
estes campos. Não foi o meu olhar, mas o egoísmo castigado de alguém que era
injusto e cruel. Se meus olhos tivessem que ir as terras de todos os que me
odeiam, na verdade poucas áreas verdes ficariam na Palestina!
Eu
não me vingo nunca das ofensas que se me fazem a Mim mesmo, mas entrego ao Pai
aqueles que obstinadamente persistem em seus pecados de egoísmo contra o seu
próximo e, sacrilegamente, zombam do preceito e, quanto mais ouvem palavras
para persuadi-los, e com as palavras também se fazem atos para convencê-los a
amar, tanto mais cruéis eles se tornam. Eu estou sempre pronto para levantar a
mão e dizer a quem se arrepende: “ Eu te absolvo. Vai em paz.” Mas Eu não
ofendo o Amor, a ponto de transformá-lo em irreversíveis durezas. Tende sempre
isto em mente, para que vejais as coisas á justa luz, e para desmentir essas
histórias que, tenham ou não sido criadas por veneração ou por um medo cheio de
ira, estão sempre bem longe da verdade.
Vós
passais a ficar sujeitos a um outro patrão, mas não abandoneis estas terras
que, no estado em que estão, parece loucura querer tratar delas. No entanto, Eu
vos digo: cumpri nelas também o vosso dever. Vós o cumpristes até agora por
medo das punições humanas. Cumpri-o também agora, mesmo sabendo que não sereis
tratados como o fostes. Eu até vos digo: quanto mais fordes tratados com
humanidade, tanto mais alegre diligência trabalhai, para pagardes com o vosso
trabalho, a humanidade que deveis a quem vos trata com humanidade.
Porque,
se é verdade que os patrões têm o dever de ser humanos com os seus empregados
--- lembrando-se de que somos todos de um mesmo tronco e de que em verdade
todos os homens nascem da mesma maneira, e morrem, tornando-se depois podridão,
da mesma maneira, tanto o pobre como o rico, e de que as riquezas não são de
quem as tem, mas daqueles para quem foram acumuladas, com honestidade ou com
desonestidade, e de que não há necessidade de gloriar-se delas ou de, por causa
delas oprimir os outros, mas fazer com elas boas obras também em favor dos
outros, usando delas com amor, discrição e justiça, a fim de sermos tratados
sem severidade por parte do verdadeiro patrão que é Deus, o qual ninguém compra
nem seduz com jóias nem talentos de ouro, mas o fazemos amigo com nossas boas
ações --- porque, se isso é verdade, também é verdade que os servos têm o dever
de ser bons para com seus patrões.
Fazei
com simplicidade e com boa vontade a vontade de Deus, que vos quer nessa
humilde condição. Vós sabeis a parábola do rico Epulão. Vede que no Céu não é o ouro,
mas a virtude é que recebe prêmio. A virtude e a submissão á vontade de
Deus tornam Deus amigo dos homens. Eu sei que é muito difícil ser sempre
capazes de ver a Deus através das obras dos homens. Quando tudo corre bem, é
fácil. Quando corre mal, é difícil, porque pode levar nosso espírito a pensar
que Deus não é bom. Mas vós, superai o mal que vos é feito pelo homem tentado
por Satanás, e, do lado de lá dessa barreira, que custa lágrimas, vede a
verdade da dor e a sua beleza. A dor vem
do mal. Mas Deus, não podendo
aboli-la, porque essa força existe, e é a prova do ouro espiritual dos filhos
de Deus, e o constrange a extrair do veneno dela o suco de um remédio que dá a
vida eterna. Porque a dor, com sua mordida, inocula nos bons reações tais, que
os espiritualizam, fazendo-os sempre mais santos.
Vós
pois sede bons, respeitosos, obedientes. Não fiqueis julgando vossos patrões.
Já há quem os julgue. Eu gostaria que quem vos dá ordens se tornasse justo, a
fim de tornar mais fácil o vosso caminho e alcançar para ele a vida eterna. Mas
lembrai-vos de que, quanto mais penoso for o dever a cumprir, maior será o
mérito aos olhos de Deus. Não procureis fraudar o patrão. O dinheiro ou as
mercadorias apanhadas com fraude não enriquecem a ninguém, nem matam a fome.
Tende puras as vossas mãos, os vossos lábios e o vosso coração. E, então,
celebrareis os vossos sábados, as vossas festas de preceito, em graça aos olhos
do Senhor, mesmo quando sejais obrigados a trabalhar na gleba.
Na
verdade, que valor maior teria o vosso trabalho do que o da oração hipócrita
dos que vão cumprir o preceito, só para receberem louvor do mundo,
transgredindo, na verdade, o preceito, com a desobediência á Lei que manda
obedecer, por si mesmo e por todos os de casa, ao preceito do sábado e das
solenidades de Israel.
Porque a oração não está no ato, mas no
sentimento.
E,
se o vosso coração ama a Deus com santidade, em qualquer eventualidade, ele
cumprirá os ritos do sábado e das festas, melhor do que os que vos impedem de
cumprir.
Eu
vos abençôo, e aqui vos deixo, porque o sol já vai alto, e Eu pretendo chegar
ás colinas, antes que o calor fique forte demais. Rever-nos-emos logo, porque o
outono não está mais muito longe.
A paz esteja com todos vós, com os novos e os
antigos servos de Jocanã, e tranqüilize os vossos corações.
(
O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4 pgs 231,232,233)
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