A MISSÃO DOS APÓSTOLOS E DOS DISCÍPULOS.
Jesus diz:
“A luz esteja convosco.”
..."Quis que viésseis
todos comigo, para estar algumas horas convosco e para falar-vos a vós somente.
Tenho algumas coisas para dizer-vos, a fim de preparar-vos sempre melhor para a
missão. Vamos tomar a refeição, e depois falaremos. Assim, durante o nosso
sono, nossas almas continuarão a saborear a doutrina."
Terminam a ceia frugal e
depois se ajuntam em circulo ao redor de Jesus, que se assentou em uma grande
pedra. São eles mais ou menos uma centena, talvez até mais, somando os
discípulos e os apóstolos. ..."Eu vos quis aqui, assim em particular, porque
vós sois os meus amigos. Eu vos chamei, depois da primeira prova feita pelos
doze, tanto para ampliar o circulo dos meus discípulos ativos, como também para
ouvir de vós as primeiras reações por serdes dirigidos pelos que Eu vos dou
como meus continuadores. Sei que tudo andou bem. Eu apoiava com minha oração as
almas dos apóstolos, que saíram da oração com uma nova força na mente e no
coração.
Uma força que não procede de
estudo humano, mas do abandono completo em Deus. Os que mais deram são os que
mais se esqueceram de si mesmos. E esquecerem-se de si mesmos é uma coisa
difícil. O homem é feito de recordações. E as que falam mais alto são as
recordações do próprio eu. É preciso fazer distinção entre o “eu”e o “eu”. Há o
“eu” espiritual, dado pela alma que se recorda de Deus e de sua origem de Deus,
e há o “eu” inferior, da carne, que se recorda de mil exigências, que tudo
abraçam, ou de si mesma, ou das paixões, e que, visto serem tantas as vozes a
ponto de formar um coro e, que vencem a voz do espírito, que recorda sua
nobreza de filho de Deus, se o espírito não for bem robusto. Por isso, menos do
que por essa recordação santa, que seria necessário estimular sempre mais, e
conservar viva e forte, por isso, para serem perfeitos como discípulos, e
preciso que saibam esquecer-se de si mesmos, de todas as suas recordações,
exigências e medrosas reflexões do eu humano. Nesta primeira prova, entre os
meus doze, os que mais deram foram os que mais se esqueceram de si mesmos. Esquecidos, não só do seu passado, mas
também de sua limitada personalidade. São
os que não se recordaram mais do que eram, e de tal modo se uniram a Deus, a
ponto de não terem medo. Medo de nada.
Para que a severidade de
alguns? Porque eles se recordaram dos seus escrúpulos habituais, de suas
considerações habituais, de suas habituais prevenções.
Por que o laconismo de outros? Porque eles se
lembraram de suas incapacidades doutrinárias, e ficaram com medo de fazer
triste figura ou de fazer que eu a fizesse.
Por que ainda as vistosas exibições de outros?
Porque eles se lembraram de suas habituais soberbas, de seus desejos de se
mostrarem, de serem aplaudidos, de sobressaírem, de serem "alguma
coisa". E enfim, porque o repentino desejo de revelar-se de outros, com
uma oratória rabínico, firme, persuasivo, triunfal? Porque eles, e só eles,
assim como os que até agora foram humildes e procuravam passar sem serem
observados, mas que, no momento certo, souberam, de repente, assumir a
dignidade do primado que lhes foi conferida, e que eles nunca quiseram exercer,
por temor de estarem presumindo demais, souberam lembrar-se de Deus. As primeiras
três categorias lembraram-se do eu inferior. A outra, a quarta, do eu superior,
e não tiveram medo. Sentiam que Deus estava com elas, que Deus estava nelas, e
não temeram. Oh! Santa audácia de quem está com Deus!
Agora, pois, escutai, vós e vós, apóstolos e
discípulos. Vós, apóstolos, já ouvistes estes conceitos. Mas agora os
entendereis, mais em profundidade. Vós, discípulos, não os ouvistes ainda, ou
deles tereis ouvido só fragmentos. E precisais esculpi-los no coração. Porque
Eu sempre precisarei de vós, uma vez que, cada vez mais, vai crescendo rebanho
de Cristo. Porque o mundo sempre vos atacará, crescendo nele os lobos contra
Mim, e contra o meu rebanho. E Eu quero pôr em vossas mãos as armas para a
defesa da Doutrina e do meu rebanho. O que basta para o rebanho não é
suficiente para vós, pequenos pastores. Se é compreensível que as ovelhas
cometam erros, ao comerem ervas que fazem o sangue ficar amargo, ou loucos os
seus desejos, não se pode compreender que vós cometais os mesmos erros, levando
muitos rebanhos para a sua perdição. Porque,
pensai bem, onde houver um pastor ídolo que só cuida de si mesmo, as ovelhas morrem envenenadas ou assaltadas
pelos lobos. Vós sois o sal da terra
e a luz do mundo. Mas, se deixásseis de cumprir vossa missão, tornar-vos-íeis
um sal insípido e inútil. Nada poderia restituir-vos sabor, uma vez que Deus
não pode dar-vo-lo, visto que, tendo-o vós recebido como um dom de Deus, vós
lhe tirastes o gosto, lavando-o com as águas insípidas e sujas da humanidade,
adoçando-o com o corrompido dulçor da sensualidade, misturando ao puro sal de
Deus os detritos da soberba, da avareza, da gula, da luxúria, da ira, da
preguiça, de modo que sobra apenas um grãozinho de sal para cada sete vezes
sete grãozinhos de cada um dos vícios. O vosso sal já não é mais do que uma
mistura de pedras, onde desaparece o pobre grãozinho perdido, de pedras que
estalam debaixo do dente, deixam na boca um gosto de terra, e fazem que a
comida fique repugnante e desagradável. Nem mesmo para outros usos inferiores
ele serve, pois seria nocivo até para qualquer outro uso humano, um saber
mergulhado nos sete vícios. E aí o sal já não serve mais, senão tara ser jogado
fora, e pisado pelos pés descuidados do povo.
Quantas, quantas pessoas vão
poder pisar assim nos homens de Deus! Porque estes, que foram chamados, terão
permitido que o povo descuidado neles pisasse, porque eles não são mais a
substância à qual se pede socorro, por ter ela um sabor de coisas escolhidas,
de coisas do céu, mas serão apenas uns detritos. Vós sois a luz do mundo. Vós sois como este cume, que foi o
último a deixar de receber o sol, e é o primeiro a pratear-se com a lua. Quem
está colocado no alto, brilha, e é visto, porque até o olho mais desatento
pára, de vez em quando, nas alturas. Eu diria que o olho material, que se
costuma dizer que é o espelho da alma, reflete a aspiração da alma, uma
aspiração muitas vezes inadvertida, mas sempre viva, enquanto o homem não for
um demônio, a aspiração do alto, do alto, onde a razão instintivamente coloca o
Altíssimo. E, procurando os Céus, ele ergue, pelo menos alguma vez na vida, os
olhos para as alturas. Eu vos peço que vos recordeis do que nós todos fazemos,
desde a nossa meninice, quando entramos em Jerusalém. Por onde é que correm os
nossos olhares? Pelo monte Mória, coroado pelo triunfo do mármore e do ouro do
Templo. E quando no recinto? Pelas cúpulas preciosas que resplandecem ao sol. Tudo
o que é belo no sagrado recinto, tudo o que há espalhado pelos seus átrios,
pelos seus pórticos e pátios! Mas os olhares correm depois lá para cima. Ainda
vos peço que vos recordeis de quando se está a caminho. Para onde se dirigem os
nossos olhares, como que para nos esquecermos das grandes distancias do
caminho, da monotonia, do cansaço, do calor ou da lama? Dirigimo-los para os
cumes, por pequenas que sejam, e até distantes. E, com que alivio os vemos
aparecer, quando estamos em uma planície chata e uniforme! Aqui há lama? Lá há
esplendor. Aqui há mormaço? Lá há frescor. Aqui há uma limitação para o nosso
olhar. Lá há a amplidão. Basta olhar para eles, e o dia já nos parece menos
quente, a lama menos pegajosa, e menos triste o caminhar. Por isso, se uma
cidade brilha no alto de um monte, aí já não há olhos que não a admirem.
Dir-se-ia que até um lugarejo fique embelezado quando colocado, como se fosse
aéreo, no cume de uma montanha. E é por isso que na verdadeira e nas falsas
religiões, sempre que tenha sido possível, os templos foram construídos em
lugares altos e, se um monte ou colina não havia por ali, fez-se para eles um
pedestal de pedras, construindo-se para isso, com o trabalho dos braços, uma
elevação para sobre ela colocar o templo. Por que se faz assim? Porque se quer
que o templo seja visto, para atrair, com a vista dele, o pensamento para Deus.
Igualmente Eu disse que vós sois uma luz.
Quem acende uma luz à tarde em sua casa, onde
é que a coloca? No buraco por debaixo do forno? Na gruta que serve de adega? Ou
fechada dentro de uma caixa-banco? Ou, talvez, só simplesmente a abafamos sob o
alqueire? Não. Porque, se assim
fizéssemos, teria sido inútil acendê-la. Mas coloca-se a luz no alto de uma
mísula, ou se põe pendurada a um gancho, para que assim do alto alumie o quarto
todo e a todos os que estão dentro dele. Mas, justamente porque o que está
sendo posto no alto tem a incumbência de fazer-nos lembrar de Deus e de
produzir luz, por isso deve estar à altura da tarefa que recebeu para cumprir.
Vós deveis lembrar-vos do Verdadeiro Deus. Tomai, pois, cuidado para não terdes
em vós o paganismo de sete formas. Do contrário, vos tornaríeis como uns altos
lugares profanos, com pequenas bosques consagrados a este ou àquele deus, e
arrastaríeis em vosso paganismo àqueles que vos consideram templos de Deus. Vós
deveis levar convosco a luz de Deus. Uma torcida suja, uma torcida não nutrida
com azeite, produz fumaça, e não luz, solta mau cheiro, e não claridade. Uma luz
escondida atrás de um quarto sujo não cria a beleza esplendida, não cria o
fúlgido jogo da luz sobre a transparência do mineral mas definha atrás do véu
da fumaça escura que torna opaco o diamantífero anteparo. A luz de Deus brilha
onde existe vontade diligente de polir diariamente das escórias que o próprio
trabalho vai produzindo com os seus contatos, reações e desilusões.
A luz de Deus brilha, onde a torcida está
mergulhada em um abundante liquido formado pela oração e a caridade. A luz de
Deus, então se multiplica em infinitos esplendores, tantos, quantas são as
perfeições de Deus, cada uma das quais suscita no santo uma virtude
heroicamente praticada, se o servo de Deus conservar limpo o cristal inatacável
de sua alma, longe da fumaça escura de toda paixão fumarenta e má. Cristal
inatacável! Inatacável! Somente Deus tem o direito e o poder de riscar este
cristal e de escrever nele com o diamante de sua vontade o seu Santíssimo Nome.
Então, esse Nome se torna um ornamento, que provoca uma mais viva cintilação de
sobrenaturais belezas, sobre o cristal puríssimo. Mas, se o estulto servo do
Senhor perde o controle de si mesmo e a vista de sua missão, que é toda e
unicamente sobrenatural, e deixa que risquem nele falsos ornamentas, que são
mais uns arranhões do que incisões, misteriosas e satânicas cifras, feitas
pelas garras cheias de fogo de Satanás, então, já não resplende mais bela e
sempre integra a lâmpada admirável, mas se quebra e se arruína, e ainda sufoca
sua chama sob os detritos do cristal quebrado, ou, se não se quebra, formará um
emaranhado de sinais de inequívoca natureza, nos quais a fuligem se deposita, e
neles penetra, e os estraga.
"Ai, três vezes ai dos pastores que
perdem a caridade, que se recusam a subir cada dia para elevar o rebanho, que
está esperando sua subida para subir. Eu os golpearei, derrubando-os do seu
lugar, e apagando até o fim a sua fumaça. Ai, três vezes ai dos mestres que rejeitam
a Sabedoria, para se saturarem de uma ciência quase sempre contrária, sempre
cheia de soberba, talvez até satânica, porque os faz homens, enquanto que - ou
vi bem e lembrai-vos disso, enquanto
que, se o destino de todo homem e tornar-se semelhante a Deus, com a
santificação que faz do homem um filho de Deus. O mestre, o sacerdote deveria
ter, desde as da terra, esse aspecto, e só este, de filho de Deus.
"Deveria ter" o aspecto de criatura toda alma e perfeição.
"Deveria ter", para conduzir para Deus os seus discípulos.
Maldição para os mestres de
doutrina sobrenatural, que se tornam uns ídolos de um saber humano. Ai, sete vezes ai dos que morreram
espiritualmente entre os meus
sacerdotes, os quais com a sua insipidez, com o seu torpor de uma carne meio
morta, com seu sono cheio de alucinações e aparições de tudo o que há, menos do
Deus Uno e Trino; cheios de cálculos de tudo o que há, menos do desejo
sobre-humano de aumentar as riquezas dos corações e de Deus, passam a vida em
coisas humanas, mesquinhas, entorpecidos, arrastando através de suas águas
mortas aqueles que os acompanham, considerando-os "vida". Maldição de
Deus para os corruptores do meu pequeno e amado rebanho. Não aqueles que
perecem por vossa negligência, ó servos, maus cumpridores das ordens do Senhor,
mas sim a vós, vós de todas as horas e de todos os tempos e por todas as
circunstâncias e por todas as conseqüências, Eu vos pedirei contas e exigirei
vossa punição. Recordai-vos destas palavras.
( O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta - Vol 3, pgs 73,74,75,76,77,78)
Quando jejuardes, não fiqueis com aquele ar
triste, como costumam ficar os hipócritas, que sabem desfigurar o próprio
rosto, a fim de que o mundo fique sabendo e acreditando, ainda que não seja
verdade, que eles estão jejuando. Também esses já receberam, com o louvor do
mundo, a sua recompensa, e outra não terão. Mas vós, quando jejuardes, tomai um
ar alegre, lavai bem o vosso rosto, para que ele apareça vistoso e liso, ungi
vossa barba e perfumai vossos cabelos, tende entre os lábios o sorriso dos que
estão bem nutridos. Oh! Pois na verdade, não há alimento que nutra tanto como o
amor! E, quem jejua com espírito de amor, de amor se nutre! Em verdade vos digo
que, ainda que o mundo vos chame de "vaidosos" ou
"publicados", o vosso Pai está vendo o vosso heróico segredo, e dele
vos dará uma dupla recompensa: uma, pelo jejum, e a outra, pelo sacrifício de
não procurar ser louvados por causa dele.
( de Jesus a Valtorta)
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