“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O AMOR ANDOU NA TERRA, E SEU NOME É JESUS DE NAZARÉ.


O AMOR ANDOU NA TERRA, E SEU NOME É JESUS DE NAZARÉ.


 E agora, ide dar comida ao vosso corpo, depois de terdes nutrido a vossa alma. Aqueles dois pobrezinhos fiquem conosco. Eles serão os hóspedes benditos, que darão sabor ao nosso pão. A paz esteja convosco. " E os dois pobrezinhos ficam. São uma mulher muito magra e um velho já bem velho. Mas eles não estão juntos. Estavam ali por acaso, reunidos com os outros, e tinham ficado em um canto, deprimidos, estendendo inutilmente suas mãos aos que passavam diante deles. Jesus vai diretamente a eles, que não têm coragem de ir para a frente, e os toma pelas mãos, levando-os para o centro do grupo dos discípulos, para debaixo de uma tenda que Pedro ergueu num canto, e sob a qual eles talvez possam abrigar-se de noite e fazer suas reuniões nas horas mais quentes do dia. É um galpão coberto de folhagem e de... capas.
 ..."Aqui está o pai, e aqui está uma irmã. Trazei tudo o que temos. Enquanto vamos tomar a nossa refeição, ouviremos a história deles". E, pessoalmente, Jesus vai servindo aos dois, que estão envergonhados, e vai escutando as lamentações de suas narrações. O velho tinha ficado sozinho, depois que a filha foi-se embora para longe com seu marido e esqueceu-se de seu pai. A velha também ficou sozinha, depois que a febre matou seu marido, e ela também ficou doente. "O mundo nos despreza, porque somos pobres", diz o velho. Eu vivo pedindo esmolas para ir ajuntando e ter com que fazer a Páscoa. Estou com oitenta anos. Sempre eu fiz a Páscoa, e esta pode ser a última vez. Mas não quero ir para o seio de Abraão com nenhum remorso. E, como eu perdôo à minha filha, assim espero ser perdoado. E quero fazer a minha Páscoa."
 "Longo é o caminho, pai." "Mais longo é o do Céu, se faltar quanto ao rito."
"Andas sozinho? E se te sentires mal pelo caminho?"
 "O Anjo de Deus me fechará os olhos." Jesus o acaricia na cabeça trêmula e branca, e pergunta à mulher: "E tu?" "Eu vou procurando trabalho. Se eu fosse bem alimentada, ficaria curada dessas febres. E, se ficasse curada, poderia trabalhar até nos trigais. "
"Crês que só o alimento te curaria?" "Não. Temos também a Ti... Mas eu sou uma pobre coisa, uma coisa pobre demais para poder pedir piedade."
 "E se Eu te curasse, que quererias depois?"
 "Nada mais. Já teria tido muito mais do que eu pudesse esperar."
 Jesus sorri, e lhe dá um pedaço de pão molhado em um pouco de água e vinagre, que serve de bebida. A mulher o come sem falar, e Jesus continua a sorrir. A refeição termina logo. Era tão frugal! Apóstolos e discípulos vão à procura de sombra pelas encostas, por entre as moitas. Jesus fica no galpão. O velho encostou na parede forrada de erva e, cansado, pega no sono. Pouco depois, a mulher, que também se havia afastado para procurar uma sombra, para lá descansar, vem vindo para Jesus, que lhe sorri para encorajá-la. Ela vem com timidez e, mesmo assim vem alegre, até chegar perto da tenda. Depois senta-se vencida pela alegria e dá os últimos passos com rapidez, deixando-se cair de bruços, com um grito meio sufocado:
 "Tu me curaste! Bendito! É a hora do grande calafrio e eu não o tenho mais. Oh!" e beija os pés de Jesus. "Tens certeza de que estás curada? Eu não te falei isto. Pode ter sido um acaso...". "Oh! Não! Agora compreendo o teu sorriso, quando me deste aquele pão. O teu poder penetrou em mim com aquele pedaço. Eu nada tenho para dar-te em troca, a não ser o meu coração. Manda à tua serva, Senhor, e ela te obedecerá até à morte."
 "Sim. Estás vendo aquele velho? Está sozinho e é um justo. Tu tinhas um marido, e a morte o levou. Ele tinha uma filha, e o egoísmo Iha tirou. Ele está pior do que tu. Mas não diz imprecações. E não é justo que fique vivendo sozinho em suas últimas horas. Sê tu para ele uma filha."
 "Sim, meu Senhor."
 "Mas, olha bem, que isto significa trabalhar por dois.
 "Agora eu estou forte, e o farei." Vai, então, até lá, à beira daquele barranco, e dize ao homem, que está descansando lá, aquele que está vestido de cinzento, que venha até Mim. " A mulher vai sem demora, e volta com Simão, o Zelotes. "Vem cá, Simão. Preciso falar-te. E tu, fica esperando aí, mulher." Jesus se afasta a alguns metros dali. "Achas que Lázaro teria dificuldades em receber mais uma empregada?"
"Lázaro? Mas eu acho que ele nem sabe quantos são os seus empregados! Um a mais, um a menos!... Mas quem é?" "Aquela mulher. Eu a curei e..." "Basta, Mestre. Se Tu a curaste, é sinal de que a amas. E o que amas para ele é sagrado. Podes deixar comigo, que eu respondo em lugar dele.
 "É verdade. O que Eu amo é sagrado para Lázaro. Tu disseste bem. E por isso Lázaro se tornará santo, porque, amando o que Eu amo, amará a perfeição. Eu quero pôr aquele velho na companhia daquela mulher, e fazer que aquele patriarca faça com alegria a sua última Páscoa. Eu quero muito bem aos velhos santos e, se lhes posso dar um passamento sereno, fico feliz." "Tu queres bem também as crianças... "Sim, e aos doentes..." "E aos que estão chorando..." "E aos que estão sozinhos... " "Oh! Mestre meu! Mas, não percebes que queres bem a todos? Até aos teus inimigos?" Eu não percebo isso, Simão. Amar é a minha natureza.
 Olha, o Patriarca está acordando. Vamos dizer-lhe que ele fará a sua Páscoa com uma filha per to dele, e sem sentir mais falta de pão." Eles voltam à tenda, onde a mulher os estão esperando, e vão os três até o velho, que está sentado e amarrando as sandálias. "Que estás fazendo, pai?" "Vou descer para o vale. Espero encontrar abrigo para a noite. Amanhã vou pedir esmola pela estrada, e depois descendo, sempre descendo, dentro de um mês, se eu não morrer, estarei no Templo. " "Não. " "Não devo ir? Por que?" "Porque o bom Deus não quer. Não irás sozinho. Esta aqui irá contigo. Ela te levará para onde Eu disser, e sereis acolhidos, por amor de Mim. Farás a tua Páscoa, mas sem te cansares. A tua cruz, já a levaste, pai. Deixa-a agora. E recolhe-te em ação de graças ao bom Deus. "
 "Mas, por que?...mas, por que?... eu... eu não mereço tudo isso... Tu... uma filha... E mais do que se me desses vinte anos... E para onde, para onde é que me envias?..." O velho está chorando por detrás da moita de sua grande barba.
 "Irás para a casa de Lázaro de Teófilo. Não sei se o conheces." "Oh! Eu sou dos confins da Síria, e me lembro de Teófilo. Mas... mas... Oh! Filho bendito de Deus, deixa que eu te abençoe!" E Jesus, sentado como está na relva, bem na frente do velho, de fato se curva para deixar que o velho, todo solene, lhe imponha as mãos sobre a cabeça, trovejando, com sua voz cavernosa de ancião, as palavras da antiga bênção: "O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor te mostre a sua face e tenha misericórdia de ti. O Senhor volte o seu rosto para ti e te dê a sua paz. "
 E Jesus, Simão e a mulher respondem juntos: "E assim seja."


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtotta, Vol 3 pag 96,97,98,99,100,102,102,103,104,105,106,107)

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