A CURA DO CRIADO MUDO DE CLÁUDIA.
Aquele é o teu criado mudo,
não é verdade?
Sim, Mestre.
Manda que ele venha para a frente.
Cláudia dá um grito, e o homem
vem para a frente, e se prostra no chão, entre Jesus e sua patroa. O seu pobre
coração de selvagem não sabe a qual dos dois ele deve prestar maior veneração.
Ele tem medo de que, se venerar mais o Cristo do que a patroa, possa ser
punido. Mas, não obstante isso, dirigindo um olhar suplicante a Cláudia, repete
depois o mesmo gesto, que ele fez em Cesaréia: pegou o pé nu de Jesus em suas
mãos grossas e pretas e, jogando-se com o rosto no chão, pôs o pé de Jesus
sobre sua cabeça.
Mulher, escuta. Conforme o teu
pensar, é mais fácil conquistar sozinho um reino, ou fazer renascer uma parte
do corpo que não existe mais?
Um reino, Mestre. A fortuna
ajuda aos audazes. Mas ninguém, a não ser somente Tu sozinho, podes fazer
renascer um morto, ou dar de novo olhos a quem é cego.
E por quê?
Porque Deus pode fazer tudo.
Então para ti Eu sou Deus?
Sim... Ou, pelo menos, Deus
está contigo.
Pode Deus estar com um homem
mau? Eu falo de Deus verdadeiro, não dos vossos deuses, que são delírios de
quem procura o que ele sabe que existe, mas sem saber o que é, e cria para si
mesmo fantasmas, a fim de contentar sua alma.
Não... eu diria. Não. Não
diria. Os nossos próprios sacerdotes perdem o poder, quando caem em culpas.
Que poder?
Ora... aquele de ler nos
sinais do céu e nas respostas das vítimas, no vôo e no canto dos pássaros. Tu
sabes... Os áugures, os arúspices...
Eu sei. Eu sei. E, então?
Olha. E tu, levanta a cabeça e abre a boca, ó homem, que um cruel poder humano
privou de um dom de Deus. E, pela vontade do Deus verdadeiro e único, Criador
dos corpos perfeitos, recebe o que o homem tirou de ti.
E colocou o seu dedo branco na
boca aberta do mudo. A liberta, cheia de curiosidade, não se conteve lá onde
estava, e foi para a frente. A fim de olhar. E Jesus levanta o dedo, gritando:
“ Fala, e usa da parte que renasceu, para louvares o Deus verdadeiro.”
E, de repente, como o som de
uma trompa, de um instrumento que até agora estava mudo, um grito gutural, mas
bem nítido, responde: “ Jesus.”
E o negro cai por terra,
chorando de alegria, e lambendo, verdadeiramente lambendo os pés nus de Jesus,
como poderia fazer um cão reconhecido ao seu dono.
Será que Eu perdi o meu poder,
mulher? Se alguém te insinuar isso, dá-lhe esta resposta. E tu, levanta-te, e
sê bom, pensando em quanto te amei. Eu te trouxe no coração desde aquele dia lá
na Cesaréia. E com todos os teus companheiros. Considerados animais, como uma
mercadoria, menos do que os brutos, mas sois homens e iguais ao César em vossa
concepção, e talvez melhores, pelas vontades de vossos corações... Podes
retirar-te mulher. Não há mais nada a dizer.
Sim. Há outra coisa. O que há
é que eu havia duvidado... o que há é que, com dor, quase que eu ia acreditando
no que de Ti se dizia. E não era eu somente. Perdoa a todos, menos á Valéria,
que sempre teve um pensamento, ou melhor, que sempre procedeu conforme aquele
pensamento.
E tem que aceitar o meu presente: o homem.
Não me poderia mais servir,
agora que ele tem a palavra e o meu dinheiro.
Não. Nem isto, nem aquilo.
Perdão também aqueles do meu
povo, duplamente culpados, por não me conhecerem e pelo que sou. E não deveria
Eu perdoar a vós, vazios como sois de todo conhecimento Divino? Eis! Eu disse
que não aceitava nem o dinheiro, nem o homem, Agora eu pego este e aquele, e
com aquele Eu liberto este. Eu te restituo o teu dinheiro, porque compro este
homem. E o compro para dar-lhe liberdade. Para que vá até ás terras deles, e
lhes diga que está sobre aquele que ama a todos os homens, e tanto mais os ama,
quanto mais os vê infelizes... Segura a tua bolsa.
Não, Mestre. Ela é tua. O
homem está livre, do mesmo modo. Era meu. Mas eu to doei. Que tu o libertes.
Não é preciso dinheiro para isso.
E, então... Tens um nome?,
pergunta ao homem.
Eles o chamavam por escárnio,...
de Calisto. Mas, quando foi apanhado...
Não importa. Conserva aquele
nome. E faze que ele seja verdadeiro, tornando-se belíssimo em teu espírito.
Vai. Sê feliz, porque Deus te salvou.
Sair de lá? O negro não se
cansa de beijar e de dizer: “ Jesus! Jesus!. E põe de novo o pé de Jesus sobre
sua cabeça dizendo: “ Tu és o meu patrão.
Eu. Teu verdadeiro pai,
mulher. Eu te encarreguei dele, para que volte aos seus lugares. Usa do
dinheiro para isso, e o resto seja dado a ele. Adeus, mulher. Eu não dês mais
atenção ás vozes das trevas. Sê justa. E que saibas conhecer-me. Adeus,
Calisto. Adeus, mulher
.
( O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta, Vol. 9, pgs,63,64,65)
A paz de Jesus.
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