A PERFEIÇÃO DO AMOR.
João põe-se a pensar. Depois
diz: “Não, Senhor. Examinando-me bem, não, não foi por isso. Eu esperava poder
fazê-lo, porque compreendi que a penitência é um sofrimento da carne, mas é luz
para o espírito. Compreendi que é um meio de fortalecer a nossa fraqueza e
obter muito de Deus. Tu o fazes por isso. E eu por isso o queria fazer. E creio
não estar errado, se disser que, se o fazes Tu, que és forte, Tu poderoso, Tu Santo,
eu, nós o deveríamos fazer sempre, se sempre fosse possível fazê-lo, para
sermos menos débeis e materiais. Mas eu não fui capaz de fazê-lo. Sempre tenho
fome e muito somo..., e o pranto recomeça a gotejar devagar, humilde, como uma
verdadeira limitação das capacidades humanas.
Pois bem, até esta pequena
miséria da carne, achas, tu que tenha sido inútil? Oh! Como te recordarás dela
no futuro, quando tiveres a tentação de ser severo e exigente com os teus
discípulos e os fiéis. Ela tornará a reflorescer na tua mente, dizendo-te: “
Lembra-te de que tu também caíste no cansaço, na fome.” Não queiras que os
outros sejam mais fortes do que tu. Mas sê um pai dos teus fiéis, como teu
Mestre foi um pai para ti naquela manhã. Mas o Senhor, permitiu que tu passasses
por essas necessidades da carne, para fazer-te humilde sempre mais compassivo
para com os teus semelhantes. Muitos não sabem distinguir entre a tentação e a
culpa consumada. A primeira é uma prova que dá merecimento, e não priva da
graça. A segunda é a queda, que tira o mérito e a graça. Quantos não sabem
distinguir entre acontecimentos naturais e culpas, eles escandalizam por terem
pecado, enquanto, e é o teu caso, não fizeram mais do que obedecer as leis
naturais boas. Eu istingo, chamando de “boas” as leis naturais dos instintos
desenfreados, porque nem tudo o que hoje chamam de leis naturais, é mesmo
assim, e é boa. Boas eram todas as leis conexas com a natureza humana, que Deus
havia dado aos progenitores: a necessidade do alimento, do repouso, da bebida.
Depois com o pecado, se
imiscuíram e se misturaram com as leis naturais, corrompendo o que era bom, os
instintos animais, o desregramento, a sensualidade de todas as espécies. E
Satanás conservou vivo o fogo, o estímulo dos vícios com as suas tentações.
Agora, tu estás vendo que, se não é pecado ceder á necessidade do repouso e da
comida, por outro lado é pecado a libertinagem, a embriaguez, o ócio
prolongado. Também necessidade de se casarem e criarem seus filhos não é
pecado, pois Deus deu até a ordem de fazê-lo para povoar de homens a terra. Mas
deixa de ser bom o ato dos casais, quando é feito só para satisfação da
sensualidade. Estás persuadido também neste ponto?
Sim, Mestre. Mas então,
dize-me uma coisa: Aqueles que não querem criar, pecam por uma ordem de Deus?
Tu disseste uma vez que o estado de virgindade é bom.
É o mais perfeito. Como é o mais perfeito aquele que, não se vendo bem
pago por fazer bom uso das riquezas, se despoja completamente delas. São as
perfeições as quais pode chegar uma criatura. E grande prêmio elas terão. Três
são as coisas mais perfeitas: a pobreza voluntária, a castidade perpétua e a
obediência absoluta em tudo o que não é pecado. Estas três coisas tornam o
homem semelhante aos anjos. E uma é perfeitíssima: dar a vida por amor de Deus
e dos irmãos. Isto torna a criatura semelhante a Mim, porque a conduz ao
perfeito amor. E quem ama perfeitamente é semelhante a Deus, absorvido em Deus
e com Deus unido. Permanece, pois em paz meu dileto. Não há culpa em ti, Eu
te digo. Porque então aumentas o teu pranto?
(O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta. Vol 8, pgs 333,334)
A paz de Jesus.
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