A CONVERSÃO DE ZAQUEU.
Maria
Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.
A paz esteja contigo Zaqueu.
Vem, pois para que Eu te dê o beijo da paz. Bem que tu mereceste, diz Jesus
sorrindo, com um sorriso realmente alegre, juvenil, que de fato o faz parecer
rejuvenescido.
Oh! Sim, Senhor. Eu bem que o
mereci. Como é difícil chegar até Ti, diz Zaqueu, erguendo-se o mais que pode,
para pôr-se á altura de Jesus, que se curva para beijá-lo e, ao fazer isso,
deixa ver um rosto que está sangrando por um arranhão na face direita e que
está com um olho arroxeado por alguma cotovelada que o acertou na órbita.
Jesus o beija e diz:
Mas Eu não te estou
recompensando por este cansaço. E sim, pelos outros, que muitas pessoas não
conhecem, mas que por Mim são conhecidos. Sim, é verdade. Chegar até Mim é
difícil, e não é a multidão o único obstáculo, e nem é este o obstáculo mais
difícil que se encontra para chegar até Mim. Mas, o povo que quase me
transportaste em triunfo, o obstáculo mais difícil, o mais complexo, e que cada
vez mais complexo se torna, depois que se tentou quebrá-lo ou vencê-lo, é o
próprio “eu”.
Eu parecia não estar vendo,
mas Eu vi tudo, e a tudo dei o seu valor. E que foi que Eu vi? Vi um pecador
convertido, um que era duro de coração, que era amante de comodidades, que era
soberbo, vaidoso, luxurioso e avarento. E o vi despojar-se do seu antigo, até
nas menores coisas, transformar-se em suas maneiras e afetos, como eram
aqueles, para ir correndo ao seu Salvador, e lutar para chegar até Ele, e
suplicar humildemente, e receber as caçoadas e censuras com paciência, sofrer
no corpo os esbarros da multidão, e no coração por ver-se repelido por todos lá
para trás, sem poder nem mesmo receber um olhar meu. Eu vi outras coisas nele.
Coisas que vós também conheceis, mas que não quereis levar em que por meio
delas tenhais recebido alívio.
Vós direis: “E como é que Tu
as conheces, se Tu não moras no meio de nós?” Eu vos respondo. Assim como Eu
leio no coração dos homens, assim não deixo de saber quais as ações dos homens,
e sei ser justo e recompensar a proporção do caminho feito para chegar até Mim,
dos esforços feitos para arrancar a floresta selvagem que cobria o sei
espírito, beneficiá-lo, tirar dele tudo o que não fosse a árvore da vida, e
fazê-lo rei sobre o seu “eu”, rodeá-lo com plantas das virtudes, a fim de que
seja honrado, velando para que nenhum animal, ou algum ser rastejante, ou
insaciável na corrupção da lascívia, ou ocioso, estas são as diversas paixões
más, viesse fazer seu ninho, logo na parte mais viçosa, mas somente habitasse
em vosso espírito o que é bom e capaz de louvar ao Senhor, isto é, os afetos
sobrenaturais, como outros tantos pássaros canoros e mansos cordeirinhos,
dispostos a ser imolados, dispostos ao louvor perfeito, por amor de Deus.
E como Eu não deixava de
conhecer as obras de Zaqueu, os seus pensamentos, os seus cansaços, assim
também não deixei de saber que, em muitos de que me aclamavam, existe mais um
amor sensível do que espiritual. Se me amásseis de um modo justo, teríeis tido
piedade do vosso concidadão, e não o teríeis humilhado, recordando-lhe o seu
passado. Aquele passado que ele cancelou, e do qual Deus não se lembra, porque
se o perdão já foi concedido, e não precisa ser dado de novo, a não ser que o
homem volte a pecar. E se torna a julgá-lo pelo pecado novo, contudo não o faz
quanto aquele que já lhe foi perdoado.
Agora Eu vos digo, e vo-lo dou
como companheiro nas meditações da noite, que não consiste somente em fazer
aclamações de que me amais de verdade, mas em fazer aquilo que Eu faço e
ensino, em praticar um amor recíproco, em ser humildes e misericordiosos, lembrando-vos
de que um mesmo barro vos formou, quanto a parte material, e que o barro está
sempre inclinado para o pântano e que por isso, se até agora aquilo que em vós
é força vos conservou acima do pântano o espírito que nunca conheceu desfeitas,
o que é uma coisa impossível, porque o homem é pecador, e só Deus é sem pecado.
Amanhã vosso espírito poderia conhecê-las em número e grau ainda maiores do que
as do velho pecador, que agora renasceu pela Graça, tornado novo por ela, a até
como um menino que acabou de nascer, tendo a seu favor a humildade, que lhe vem
da lembrança de ter sido pecador, e a vontade ardente de fazer para o resto de
sua vida, tanto bem quanto for necessário para encher uma vida longa e toda
consagrada ao bem, e também para reparar, com medida cheia e transbordante,
todos os males que possa ter praticado.
Amanhã Eu vos falarei. Para
esta tarde, Eu já falei. Ide com a minha admoestação, e bendizei a Deus que vos
manda o médico, que faz a amputação de vossa sensualidade oculta, escondida por
baixo de um véu de santidade espiritual, como umas doenças ocultas, que roem a
vida, por baixo de aparências de saúde.
Vem aqui Zaqueu.
Sim, meu Senhor. Não tenho
mais do que um velho servo, e eu mesmo é que abro a porta, e com ela também o
meu coração comovido, oh!, e quanto!, pela tua infinita bondade.
(O Evangelho como me foi
Revelado – Mara Valtorta, Vol 8, pgs 173,174,175)
A paz de Jesus.
Antonio Carlos Calciolari.
Sem comentários:
Enviar um comentário