A CO-REDENTORA FEZ A VONTADE DE DEUS.
Maria
Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.
...na
morte do Salvador.
“Jesus!”,
grita Maria de Alfeu, pondo-se de pé, espantada, olhando ao redor de si, como
se estivesse com medo de ver surgirem os deicidas por detrás das sebes e das
árvores da horta. “Jesus!”, repete ela
olhando para Ele com dó.
Mas,
que é isso? Então não conheces as Escrituras, para ficares tão espantada pelo
que Eu disse?, pergunta-lhe Jesus.
Mas...
Mas... Não é possível... Não deves permitir isso... Tua Mãe...
Ela
vai ser Salvadora como Eu, e está sabendo. Olha para ela, e imita-a.
Maria de fato se mostra
enérgica, e alguma coisa de majestoso se nota em sua palidez profunda. Ela está
imóvel. Com as mãos justas sobre o peito, como em oração, e com a cabeça
levantada e o olhar fitando o vazio.
Maria de Alfeu olha para ela.
Depois volta-se de novo para Jesus. Mas não deves
dizer isso a ela, esse futuro tão horrível. Tu
lhe fincarias uma espada no coração.
“Há
trinta e dois anos essa espada lhe foi fincada.”
Naão!
Não é possível! Maria... sempre serena... Maria...
Faze
uma pergunta a ela se não acreditas no que Eu estou dizendo.
Sim,
que eu vou perguntar-lhe. É verdade, Maria que tu o estás sabendo?
E Maria em voz baixa, mas
firme, diz: “È verdade. Ele estava com
quarenta dias, e isso me
foi dito por um
Santo... Mas antes também... Oh! Quando o Anjo me disse que, permanecendo
virgem, eu haveria de conceber um filho, que pela sua concepção Divina, iria
ser chamado Filho de Deus, pois tal Ele é realmente, quando me foi dito que no
seio de Isabel a estéril, se havia formado um fruto por um milagre do Eterno,
não tive dificuldade em lembrar-me daquelas palavras de Isaías: “ Eis que a
Virgem dará á luz um Filho, que será chamado Emamuel”... Tudo, tudo está em
Isaías. E lá ele fala também do Precursor... E lá ele fala do Homem-das-dores,
vermelho, vermelho... por estar ensangüentado, irreconhecível... parecendo um
leproso...pelos nossos pecados. A espada está no coração desde então, e tudo
serviu para fincá-la mais ainda: o cântico dos Anjos e as palavras de Simeão, a
vinda dos Reis do Oriente, afinal tudo, tudo...
“Tudo
o mais o quê minha Maria? Pois Jesus triunfa, Ele faz prodígios. Está
acompanhado de multidões, cada vez mais numerosas. Por acaso não será verdade
isso?”, diz Maria de Alfeu.
E Maria sempre com aquele
semblante, diz a cada nova pergunta: “Sim, sim, sim”, sem tristeza, sem
alegria, dando pacatamente a entender que sim, porque assim são as coisas...
E
então? Qual outro tudo que finca a espada no coração?
Oh! Tudo..
E
tu ficas tão calma assim? Tão serena? Tão tranqüila. Como quando chegaste aqui
como esposa há trinta e três anos, e estas recordações parecem de ontem! Como
podes?... Eu ficaria doida... eu faria... nem sei o que eu faria... Eu... Mas,
não! Não é possível que uma mãe saiba de uma coisa assim e fique calma.”
Antes de ser Mãe, eu sou filha e serva de Deus. A minha calma, onde é que a
encontro? Em fazer a vontade de Deus. A minha serenidade, de onde me vem? De
fazer essa vontade. Se eu tivesse que fazer a vontade de um homem, poderia
ficar perturbada, porque um homem, mesmo o mais Santo, pode sempre impor
vontades erradas. Mas aquela de Deus! Se Ele me quis para ser Mãe do seu
Cristo, deveria eu pensar que isso foi ser cruel comigo e, com tal pensamento ,
perder a minha serenidade? O pensamento de que o que vai ser a Redenção por Ele
e por mim, também por mim, deverá perturbar-me com o pensamento de como terei
que fazer para que passe aquela hora. Oh! Ela vai ser terrível..., e Maria tem
um involuntário soluço, com um arrepio, de repente, e fecha as mãos, como para
impedir que elas tremam, como para orar com mais fervor, enquanto seu rosto se
torna mais pálido, e suas pálpebras leves se abaixam, como se sentisse um abalo
de angústia em seus doces olhos da cor do céu. Mas ela recupera sua voz firme,
depois de um profundo suspiro de angústia e, termina: Mas Ele, Aquele que me
impôs a sua vontade e a quem eu sirvo com um amor cheio de confiança, me dará
sua ajuda para aquela hora. A mim, e a Ele. Porque não pode o Pai ter vontades
fortes demais para serem executadas pelas forças do homem... e Ele socorre...
sempre... E nos socorrerá, meu Filho... nos socorrerá... Ele nos socorrerá e
não poderá haver ninguém senão Ele, infinito em seus meios, para socorrer-nos...
Sim,
Mãe. O amor nos socorrerá, e no amor nos socorreremos um ao outro. E no amor
redimiremos. Jesus se pôs ao lado de sua Mãe e lhe pousa a mão sobre o
ombro, e Ela levanta o rosto a fim de olhar para Ele, para o seu belo e sadio
Jesus, destinado a ser desfigurado pelas torturas, morto com mil feridas, e
diz:
No
amor e na dor. Sim. E juntos.
Ninguém fala mais.
(O Evengelho como me foi Revelado - Maria Valtorta,Vol 5)
A paz de Jesus.
Antonio Carlos Calciolari.
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