SOU AQUELE QUE VOS AMOU MAIS DO QUE A SI MESMO
Diz Jesus:
“De fato, é inutilmente que os homens se agitam, se Deus não
estiver ajudando os esforços deles. Ao passo que, sem se agitar, quem vence é
aquele que confia no Senhor, pois o Senhor sabe quando é justo premiar com a
vitória, e quando é justo punir com a derrota. Estulto é o homem que quer
julgar a Deus, dar conselhos a Deus, ou criticá-lo. Pensai em uma formiga que,
observando a obra de um cortador de mármore, lhe dissesse: “Tu não sabes fazer
isso. Eu farei melhor e mais depressa do que tu.” A mesma coisa faz o homem que
quer ensinar a Deus. E a esse papel ridículo ele ainda acrescenta o papel de um
ingrato e prepotente, esquecido do que é: uma criatura, e de que Deus é o
Criador. Pois bem. Se Deus criou um ser bem criado, que ele pode achar-se capaz
de dar conselhos ao próprio Deus, qual será então, a perfeição do Autor de
todas as criaturas? Só este pensamento já deveria bastar para fazer a soberba
baixar a cabeça, e destruir esta má e satânica planta, esta parasita que,
tendo-se insinuado em uma inteligência, a invade e suplanta, a sufoca e mata
toda árvore boa, toda virtude que faz o homem grande sobre a terra,
verdadeiramente grande, não por seus rendimentos, nem pelas coroas
conquistadas, mas por uma justiça e uma sabedoria sobrenatural, e feliz no Céu
por toda eternidade.
E prestemos atenção em um outro conselho, que é dado pelo
grande Judas Macabeu e pelos acontecimentos daquele dia nesta planície.
Tendo-se travado a batalha, as fileiras de Judas, com as quais Deus estava,
venceram e destruíram os inimigos, uma parte pondo-os em fuga até Jezeron,
Azoto, Iduméia e Jâmia, dita a história. E a outra parte, transpassando-os à
espada e deixando-os mortos no campo em número de mais de três mil. Mas os seus
homens armados, desejosos de vitória, Judas disse: “Não fiqueis parados, a
fazer presa, porque a guerra ainda não acabou, e Górgias com o seu exército,
está na montanha, perto de nós. Por enquanto temos que combater ainda contra
nossos inimigos e vencê-los completamente, para depois, tranquilamente fazer
presa.” E assim fizeram. E tiveram uma vitória segura e uma grande presa, e a
libertação, e, ao voltarem cantaram bênçãos de Deus, porque Ele é bom, e porque
sua misericórdia é eterna.
Também o homem, qualquer homem, é como os campos que estão ao
redor da cidade santa dos Judeus. Rodeado pelos inimigos externos, e tendo
contra si os internos, todos cruéis, todos na esperança de combater contra a
cidade santa, que é cada homem, isto é, contra a sua alma, para ataca-la de
repente, para toma-la de surpresa, com mil astúcias e destruí-la. As paixões,
que Satanás cultiva e excita, e que o homem não vigia com todo cuidado, para
pôr nelas um freio, e que são perigosas se ele não souber domá-las, mas são
inócuas, se forem vigiadas como um ladrão acorrentado, e, por outro lado, que,
do lado de fora conjura com elas por meio de suas seduções, pela carne, os bens
materiais, o orgulho, são todos estes coisas bem parecidas com os poderosos
exércitos de Górgia, encouraçados, munidos de torres de guerra, de arqueiros
que acertam bem os alvos, de cavaleiros velozes, sempre prontos a iniciar o
ataque, ás primeiras ordens do Mal.
Mas, que pode o Mal, se Deus estiver com o homem que quer ser
justo? O homem sofrerá,
poderá ser ferido, mas salvará a liberdade e a vida, e conhecerá a vitória,
depois de uma boa batalha, Contudo, essa vitória não há de ser só uma vez, e
sim, há de renovar-se sempre, enquanto durar a vida ou enquanto ele se despojar
da sua humanidade, e se tornar mais espírito do que carne, um espírito mais
unido a Deus do que às flechas, às feridas, ou às fogueiras da guerra, que não
podem fazer-lhe mal em seu interior, mas caem, depois de o terem atingido
superficialmente, como faz uma gota sobre uma pedra dura e brilhante de jaspe.
Não fiqueis preocupados de fazer presa. Não vos distraiais,
enquanto não estiverdes nas soleiras da vida. Não desta da terra, mas da
verdadeira Vida dos Céus. Então, vitoriosos, apanhai as vossas presas, entrai,
andai para frente, gloriosos, diante do Rei dos reis, e dizei: “Eu venci. Aqui
estão minhas presas. Eu as consegui com a sua ajuda e com a minha boa vontade,
e te bendigo, Senhor, porque és bom e a tua misericórdia é eterna.”
Isto quanto à vida em geral para todos. Mas para vós, para
vós que em Mim credes, vos está esperando de emboscada, uma outra batalha. E
mais outras batalhas. A
batalha contra a dúvida. A batalha contra as palavras que vos serão ditas. A
batalha contra as perseguições.
Eu estou para ser levado ao lugar para o qual Eu vim do Céu.
Esse lugar vos fará medo, e vos parecerá um desmentido às minhas palavras. Não!
Olhai com olhos espirituais o que irá acontecer. E vereis que o que vai
acontecer será a confirmação do que realmente Eu sou. Não o pobre rei de um
pobre reino, mas Rei predito pelos Profetas, aos pés de cujo trono, imortal,
como uns rios para o oceano, virão todos os povos da terra dizendo: “Nós te
adoramos, ó Rei dos reis e Juiz eterno, porque pelo teu Santo Sacrifício
redimiste o mundo.”
Resiste a dúvida. Eu não minto. Eu sou Aquele, do qual falam
os Profetas. Como a mãe
de João há pouco, levantai a lembrança do que Eu vos fiz, e dizei: “Estas obras
são de Deus. Ele no-las deixou para lembrança, como uma confirmação, uma ajuda
para crer, e crer justamente nesta hora.” Lutai e vencerei na luta contra as
dúvidas, que sufoca a respiração das almas, Lutai contra as palavras que vos
serão ditas. Recordai-vos dos Profetas e das minhas obras. E às palavras
inimigas respondei com os Profetas e com os milagres, que me vistes fazer. Não
tenhais medo. E não sejais ingratos, tendo medo de falar daquilo que Eu vos
fiz. Lutai contra as perseguições. Mas não luteis perseguindo a quem vos
persegue. E sim, praticando o heroísmo de confessar que sois meus, diante de
quem com ameaças de morte quiser persuadir-vos a rogar-me. Lutai sempre contra
os inimigos. Todos. Contra a vossa humanidade, isto é, contra os vossos medos,
contra os compromissos indignos, as alianças interesseiras, as pressões, as
ameaças, as torturas e a morte.
A morte! Eu não sou como o chefe de um povo, que diz ao seu
povo: “Sofrei por mim, enquanto eu gozo.” Não. Eu sofro em primeiro lugar, para
dar-vos o exemplo. Eu não sou alguém que está à frente de exércitos, e diz aos
exércitos: “ Combatei para defender-me. Morrei para me dardes a vida.” Não. Eu
sou o primeiro que combate. EU morrerei em primeiro lugar, para ensinar-vos a
morrer. Assim como Eu
tenho sempre feito o que Eu disse que se deve fazer e, pregando a pobreza. Eu
permaneci pobre, pregando a continência, Eu permaneci casto, pregando a
temperança, fui sóbrio, pregando a justiça, fui justo, pregando o perdão,
perdoei e perdoarei, como fiz tudo isso, farei também a última coisa. Eu vos
ensinarei como é que se redime.
Ensinar-vos-ei, não com palavras, mas com fatos. Eu vos
ensinarei a obedecer, obedecendo na mais dura obediência, a da minha morte.
Eu vos ensinarei a perdoar, perdoando no meio dos meus
últimos sofrimentos, como perdoei, quando estava sobre a palha do meu berço, à
Humanidade, que me havia arrancado dos Céus.
Eu perdoarei como sempre perdoei. A todos. A todos por minha conta. Aos
pequenos inimigos, aos inertes, aos indiferentes, aos volúveis e aos grandes
inimigos que, não só me causam a dor de ficarem apáticos diante do meu poder e
do meu desejo de salvá-los, mas que me dão e darão o último espasmo de serem
deicidas. Eu perdoarei. E, visto que aos deicidas impenitentes em vão poderei
dar a absolvição, pedirei ainda, com os últimos espasmos ao Pai por eles...
para que os perdoe...pois ficaram embriagados por um licor
satânico...Perdoarei...E vós, perdoai em meu nome. E amai como Eu amo, como Eu
vos amo e vos amarei para sempre.
(O Evangelho como me
foi Revelado – Valtorta –Vol. 6,pgs.296/299)
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