“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

domingo, 31 de dezembro de 2023

MARIA EVANGELIZA PEDRO

 




MARIA EVANGELIZA PEDRO

 

“Mestre! Mestre!

“Que queres Simão?”

“Murmurei contra Judas, e te havia prometido não fazê-lo mais. Perdoa-me.”

“Sim. Procura não fazê-lo mais.”

“Tenho ainda 489 vezes para ter o teu perdão...”

“Mas, que é que estás dizendo meu irmão?”, pergunta espantado, André.

E Pedro, com um brilho de esperteza em seu rosto bondoso, encurva o pescoço por baixo do pesado saco que vai sendo levado por João de Endor, e diz: “E não te lembras de que Ele disse que perdoemos setenta vezes sete? Portanto, eu tenho ainda em haver 489 perdões. E vou trazer a conta bem feita...”

Todos se riem, e até Jesus é obrigado a sorrir, mas lhe diz: “Farias melhor em fazer a conta de todas as vezes que sabes ser bom, grande menino que tu és.”

Pedro se aproxima de Jesus e, com o braço direito abraça Jesus pela cintura, dizendo: “Meu caro Mestre! Como estou feliz por estar contigo sem... Deixa para lá! Tu também estás contente... E Tu entendes o que eu quero dizer. Estamos entre nós. Também aí está a tua Mãe. Aí está este menino. Vamos indo para Cafarnaum. A estação é bela... Aí estão cinco razões para estarmos alegres; Oh! É realmente belo estar contigo! Onde é que vamos ficar esta tarde?”

“Em Jericó.”

“No ano passado foi aí que vimos a mulher velada. Mas, quem sabe o que aconteceu com ela?... Eu estaria curioso para saber... E encontramos também aquele das vinhas...” A risada de Pedro é contagiosa, de tão sonora que é. Todos riem, lembrando-se da cena do encontro com Judas de Keriot.

“Mas tu és incorrigível, Simão”, censura-o Jesus.

“Eu não disse nada, Mestre. Mas deu-me vontade de rir, ao lembrar-me da cara dele, quando o encontramos lá... nas vinhas dele...”

Pedro está rindo com tanto prazer, que tem que parar, enquanto os outros vão indo na frente, ainda sob o frouxo do riso.

Pedro é alcançado pelas mulheres. Maria pergunta com doçura: “Que tens, Simão?”

“Ah! Eu não posso dizer, porque cometeria uma outra falta de caridade. Mas... aí está, Mãe, dize-me uma coisa, tu que és sábia. Se eu faço uma insinuação, ou pior, digo uma calúnia, eu peco com certeza. Mas, se eu me rio de uma coisa conhecida por todos, ou de um fato, também conhecido por todos, um fato que faz rir, como, por exemplo, a surpresa de um mentiroso e o seu embaraço, as suas desculpas, e tornar a rir, como nós já rimos, é também um mal?”

“É uma imperfeição na caridade. Não chega a ser um pecado como a  maledicência e a calúnia, e nem mesmo como a insinuação, mas é sempre uma falta de caridade. É como um fio puxado para fora de um tecido. Não chega propriamente a fazer um rasgo, nem a estragar o pano. Mas é sempre uma coisa que desfaz a integridade dele e sua beleza, tornando fácil nele a formação de rasgões e buracos. Não te parece?”

Pedro esfrega a própria fronte, e diz, um pouco humilhado: “Parece-me que sim. Nunca havia pensado nisso.”

“Pensa nisso agora, e não o faças mais. Há risadas que ofendem mais a caridade do que bofetadas. Alguém errou? E nós o pegamos em culpa de mentira, ou de outra coisa? E, então? Para que ficar relembrando aquilo? Ou fazer que aquilo ele se lembre? Baixemos um véu sobre as culpas do irmão, pensando sempre assim: “ Se fosse eu o culpado, gostaria que outra pessoa ficasse lembrando minha culpa, e fizesse que ela fosse lembrada?” Existem vergonhas íntimas, Simão, que fazem sofrer muito. Não fiques sacudindo a cabeça. Eu sei o que queres dizer... Mas também os culpados as têm, podes crer. Parte, parte sempre deste pensamento: “Gostaria eu disso?” E verás que nunca mais pecarás contra a caridade. E terás sempre muita paz em ti. Olha lá Marziam, como está pulando feliz e cantando. É porque ele não tem em seu coração nenhum pensamento contra a caridade. Ele não tem que pensar nos lugares para onde iremos, nem nas despesas, nem nas palavras que há de dizer. Ele sabe que outros estão pensando em todas as coisas por ele. Faze assim também. Deixa tudo para Deus. Também o julgamento das pessoas, enquanto podes ser como um menino, que o bom Deus conduz, porque hás de querer carregar-te com o peso de ter que decidir e julgar? Virá o momento em que deverás ser juiz e árbitro, e então dirás: “ Ah! Como a vida era fácil antes, e menos perigosa!”, e te chamarás de estulto, por teres querido carregar-te antes de tão grande responsabilidade. Julgar! Que coisa difícil! Ouviste o que disse Síntique, há dias? “As pesquisas por meio dos sentidos são sempre imperfeitas.” Ela falou muito bem. Muitas vezes nós julgamos pelas reações dos sentidos, e por isso, com grande imperfeição. Deixa de julgar..."

(Valtorta – Vol. 4-411/412) 


Sem comentários:

Enviar um comentário