“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 31 de julho de 2023

JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

 




JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

 

Maria Valtorta viu e ouviu por um desejo de Deus o seguinte relato, em 13 de julho de 1945:

Ainda estão no mesmo lugar, mas o sol está menos implacável, porque o fim do dia se aproxima.

“Precisamos andar para chegarmos àquela casa”, diz Jesus.

E lá se vão. Afinal, chegam à casa. Pedem pão e alguma coisa para restaurarem as forças. Mas o feitor os rechaça duramente.

“Raça de filisteus! Víboras! São sempre os mesmos! Nasceram daquele tronco e dão frutos venenosos”, resmungam os discípulos, esfomeados e cansados. “Que vos seja dado o que nos dais.”

“Mas, porque faltais com a caridade? Não estamos mais no tempo do talião. Vinde para a frente. Ainda não é noite e não estais morrendo de fome. Um pouco de sacrifício, para que estas almas cheguem a ter fome de Mim”, anima-os Jesus.

Os discípulos, porém, eu acho que mais por despeito, do que por uma fome insuportável, entram por um campo adentro e põem-se a colher espigas e as debulham com as palmas das mãos, e começam a come-las.

“São boas, Mestre”, grita Pedro. “Não vais apanhar delas? Além disso, elas tem um duplo sabor... Eu quereria comer um campo inteiro cheio delas.”

“Tens razão. Assim eles se arrependeriam de não nos terem dado pão”, dizem os outros, e vão caminhando pelo meio das espigas e comendo à vontade. Jesus vai caminhando sozinho pela estrada poeirenta. Uns cinco ou seis metros atrás, estão Zelotes com Bartolomeu e vão falando um com o outro.

Em uma encruzilhada, onde uma estrada secundária atravessa a estrada mestra, lá está, parado naquele ponto, um grupo de carrancudos fariseus, que certamente estão de volta das funções do sábado, das quais eles participam no lugarejo que se vê lá no fundo desta estrada secundária, um lugar largo e plano, como se fosse um grande animal escondido em sua toca.

Jesus os vê, olha para eles, manso e sorridente, e os saúda: “A paz esteja convosco!”

Em vez de responder a saudação, um dos fariseus lhe pergunta com arrogância: “Quem és?”

“Jesus de Nazaré.”

“Estais vendo que é ele?”, diz um dos outros. Nesse meio tempo Natanael e Simão se aproximam do Mestre, enquanto os outros, caminhando por entre os sulcos, vêm vindo para o caminho. Estão ainda mastigando e com as conchas das mãos cheias de grãos de trigo.

O fariseu que falou primeiro, talvez o mais poderoso, volta a falar com Jesus, que parou na expectativa de ouvir o resto: “Ah! Então és o famoso Jesus de Nazaré? Como foi que chegaste até aqui?”

“Porque aqui também há almas para salvar.”

“Para isso bastamos nós. Nós sabemos salvar as nossas e sabemos salvar as dos que dependem de nós.”

“Se é assim, fazeis bem. Mas Eu fui enviado para evangelizar e salvar.”

“Enviado! Enviado! E quem é que prova isso? Certamente que não o provam as tuas obras.”

“Por que é que dizes isto? Não te importas com a tua vida?”

“Ah! Agora, sim. Tu és aquele que dá a morte àqueles que não te adoram. Queres então matar toda classe sacerdotal, a dos fariseus, e dos escribas e muitas outras, porque não te adoram e não te adorarão nunca. Nunca, compreendes? Nunca nós os eleitos de Israel, haveremos de adorar-te. E também não te amaremos.”

“Eu não vos forço a me amar, e vos digo: “Adorai a Deus”, porque...”

“Isto é, a Ti, porque tu és Deus, não é? Mas nós não somos os piolhentos populares galileus, nem os tolos da Judéia, que andam atrás de Ti, esquecendo-se dos nossos Rabis...”

“Não te preocupes homem. Eu não peço nada. Eu cumpro a minha missão, ensino a amar a Deus, e torno sempre a repetir o Decálogo, porque ele está por demais esquecido e, pior ainda, está sendo mal aplicado. Eu quero dar a vida, a Vida Eterna. Eu não desejo para ninguém a morte corporal nem muito menos a morte espiritual. A Vida que Eu te perguntava se não te importavas em perder, era a da tua alma, porque Eu amo a tua alma, mesmo quando ela não me ama. E fico angustiado, ao ver que tu a matas, quando ofendes o Senhor, desprezando o Messias.”

O fariseu parece ter sido invadido por uma convulsão, pelo tanto que está agitado, ele descompõe suas vestes, desfia as franjas, tira o turbante, desgrenha os cabelos, e grita: “Ouvi! Ouvi! A mim, a Jônatas de Uziel, descendente direto de Simão, o justo, a mim é que se vem dizer uma coisa destas! Eu, ofender o Senhor! Não sei que, me segura, que eu não te amaldiçoe, mas...”

“É o medo quem te segura. Mas, faze o que queres. Por isso não é que não irás ser reduzido a cinzas. A seu tempo o serás e me invocarás, então. Mas, entre Mim e ti, haverá então, um pequeno rio vermelho: o meu sangue.

“Está bem. Mas enquanto isso, Tu que te dizes santo, por que é que permites certas coisas? Tu, que te dizes Mestre, por que é que não instrui os teus apóstolos antes dos outros? Olha para eles, ali atrás de Ti... Olha para eles, que estão ainda com o instrumento de pecado nas mãos! Não os estas vendo? Eles apanharam espigas e hoje é sábado. Apanharam espigas que não eram deles. Violaram o sábado e ainda roubaram.

“Nós estamos com fome. Nós pedimos ao lugar aonde chegamos ontem à tarde, que nos dessem alojamento e comida. Mas eles nos rechaçaram. Somente uma velhinha nos deu do seu pão e um punhado de azeitonas. Que Deus lhe dê cem vezes mais, porque ela nos deu tudo o que tinha, pedindo somente uma benção. Caminhamos uma milha, depois paramos, como é de Lei, e bebemos a água de um rio. Em seguida, quando chegou o pôr do sol, fomos àquela casa... Fomos expulsos de lá. Estás vendo que em nós havia vontade de obedecer a Lei”, responde Pedro.

Mas não o fizestes. No sábado não é lícito fazer trabalho manual e nunca é permitido apanhar o que é dos outros. Eu e os meus amigos ficamos escandalizados com isso.”

“Mas Eu, não. Não lestes como Davi, em Nob, apanhou os pães sagrados da Preposição, para alimentar-se a si e aos seus? Os pães estavam consagrados a Deus em sua casa, reservados, por uma ordem eterna aos sacerdotes. Está dito: “Pertencerão a Aarão e a seus filhos, que os comerão no lugar santo, porque são uma coisa santíssima.” No entanto, Davi os apanhou para si e para os seus companheiros porque estavam com fome. Agora, pois, se o santo rei entrou na casa de Deus e comeu os pães da Preposição num sábado, ele a quem não era permitido comer deles e contudo isso não lhe foi imputado como pecado, porque Deus continuou, mesmo depois disso, a trata-lo como seu querido, como podes tu dizer que nós somos pecadores, se colhemos no terreno de Deus as espigas que cresceram e amadureceram por vontade Dele, as espigas que pertencem também aos passarinhos, e tu negas que delas se possam alimentar os homens, filhos de Pai?”, pergunta Jesus.

“Eles pediram aqueles pães. Não os apanharam sem pedir. E isso muda o aspecto da coisa.”

“Além disso, não é verdade que Deus não imputou aquilo a Davi como pecado. Deus o golpeou duramente.”

“Mas não foi por isso. Pela luxúria, pelo recenseamento, e não por...”, responde Tadeu.

“Oh! Basta. Não é permitido, e não é permitido! Não tendes o direito de fazê-lo e não o fareis. Ide-vos embora! Não vos queremos em nossas terras, Não precisamos de vós.”

“Nós iremos embora”, diz Jesus, não permitindo aos seus discípulos retrucar.

“E para sempre recordai-o! Que nunca mais Jonatas de Uziel te encontre em sua frente. Fora!”

“Sim. Fora. Contudo, ainda nos encontraremos. E, então, será Jonatas quem me quererá ver, para repetir a condenação e para livrar para sempre de Mim o mundo. Mas, então, será o Céu que te dirá: “Não te é permitido fazer isso.” E aquele “não te é permitido” te soará no coração como o ressoar de uma buzina durante toda a vida, e além da vida. Assim como nos dias de sábado, os sacerdotes no Templo violam o repouso sabático e não cometem pecado, assim nós, sevos do Senhor podemos, uma vez que o homem nos nega amor, buscar amor e socorro no Pai Santíssimo, sem com isto cometer faltas. Aqui está alguém que é muito maior do que o Templo, e pode apanhar o que quiser de tudo que houver na natureza, porque Deus tudo fez para servir de escabelo para sua Palavra. E Eu, não só apanho, como dou. Assim as espigas do Pai, colocadas nesta imensa mesa que é a Terra, como a Palavra, Eu apanho e dou. Aos bons, como os maus. Porque eu sou a misericórdia. Mas vós não sabeis o que é misericórdia. Se soubésseis o que quer dizer esse meu “ser Misericórdia”, compreenderíeis também que Eu não quero mais do que ela. Se vós soubésseis o que é misericórdia, não teríeis condenado os inocentes. Mas vós não sabeis. Vós não sabeis nem mesmo que Eu não vou condeno, vós não sabeis que Eu vos perdoarei e que até pedirei perdão ao Pai por vós. Porque Eu quero a misericórdia e não o castigo. Mas vós não sabeis. Não quereis saber. É este um pecado maior do que aquele que me atribuis e que dizeis que estes inocentes cometeram.

Afinal, ficai sabendo que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, e que o Filho do homem é dono até do sábado. Adeus...”

E Jesus se vira para os discípulos: “Vinde. Vamos procurar uma cama entre as areias, que já estão perto. Sempre teremos como companheiras as estrelas, e nos dará sustento o orvalho. Deus proverá, Ele que mandou o maná para Israel, alimentara a nós também, a nós pobres, mas fiéis a Ele.” E Jesus deixa assim no ar o grupo odiento, e lá se vai com seus discípulos, enquanto a tarde vai chegando com as suas primeiras sombras violáceas...

Encontraram finalmente uma sebe de figueiras da Índia, em cuja copa, arrepiada com suas pazinhas agressivas, estão figos, começando a ficar maduros. Mas tudo é bom para quem está com fome. Em ferindo-se, os discípulos vão colhendo os mais maduros, e vão andando, até que os campos terminam em umas dunas arenosas, Ouve-se lá ao longe um rumor do mar.

“Permaneçamos aqui. A areia está fofa e quente. Amanhã, entraremos em Ascalon”, Diz Jesus e todos caem cansados aos pés de uma alta duna.

(O Evangelho como me foi revelado-Valtorta-Vol. 3,pgs.413 a 417)

 

Comentário meu:

Fica nítido neste texto, quando Jesus diz que é o dono do sábado, estava se referindo a sua condição de Divindade, de que Ele próprio escreveu o Decálogo, portanto é o autor, possuidor, soberano, o dono, e todo dono faz o que bem entende daquilo que é dono. Não está incitando a descumpri-lo, mas dizendo indiretamente que o amor para com os homens está acima das restrições de uma lei. O sábado foi feito para os homens, ou seja, o dia de adoração foi feito para o homem, porque sem Deus no coração o homem não tem Vida, e o homem não foi feito para o sábado, ou seja, as necessidades fisiológicas do homem vem em primeiro lugar, afim de mantê-lo vivo, para que possa depois reverenciar seu Criador.

Mas os doutores difíceis dirão que este texto se refere unicamente a Ele, como Deus e não a toda cristandade. Que os cristão não podem por isso justificar adorá-lo em outro dia da semana. Ah! Teimosa pretensão de tentar diminuir a extensão que é Jesus Cristo. Por acaso a figura de Jesus representa somente Deus? É claro que não. Não exclusivamente o que representou Jesus em sua passagem pela terra, sendo Homem-Deus, Mestre, Sacerdote, Profeta, Exorcista e Médico miraculoso. Mas a extensão de sua representatividade no contexto universal.  

Quem segue Jesus é chamado cristão, a nova criação destinada à salvação através de sua doutrina celeste, incubada dentro de sua Igreja, que se espalhou pelo mundo. Jesus é o Pão que desceu do Céu, para nutrir os homens de santidade, e este Pão é servido durante a Eucaristia, como sua própria carne e o vinho como seu próprio sangue. Jesus é o fundador da Igreja na Terra, é a Cabeça, o Mentor, o Instrutor, o Consolador, o Dono, mas não somente isso, a Igreja é seu Corpo, sua esposa eterna e indivisível, são uma só coisa. Ora, se Jesus é a Igreja, esta Igreja é dona do sábado, assim como Ele, e pode ter um entendimento diferente, porque é movida e instruída pelo Espírito Santo em suas decisões. Pode considerar o sábado inferior ao domingo, dia do Senhor Jesus Cristo, sem alterar o Decálogo. É bom que se diga, a Igreja Católica não adulterou o decálogo, não substituiu o culto aos sábados pelo domingo (são dias diferentes da semana), não criou um novo mandamento adorando o Senhor aos domingos, visto que tem missas todos os dias da semana. Os Católicos que participam das missas aos sábados estão reverenciando o Criador, seu dia de descanso conjuntamente com a adoração ao Senhor Redentor. A Igreja deixa o decálogo como sempre foi, esta é a verdade. Todo o Decálogo está expressado e justificado na ressurreição de Cristo no domingo, todo o Amor de um Deus para com seus semelhantes  é relembrado neste dia. Este é o dia mais importante para o cristianismo e para a humanidade em todos os tempos. É a concretização da Nova Aliança com os homens, do novo Templo que nos une intimamente com Deus.

No Catecismo da Igreja confirma a importância de preservar inalterado os dez mandamentos quando diz: “Por sua parte, o homem deverá se conservar fiel a este fundamento e respeitar as leis que o Criador inscreveu nele.” Quando fala do domingo o descreve assim: “O oitavo dia. Para nós, porém, nasceu um dia novo: o dia da ressurreição de Cristo. O sétimo dia encerra a primeira criação. O oitavo dia dá início a nova criação. Assim, a obra da criação culmina na obra da redenção. A primeira criação encontra seu sentido e seu ponto culminante na nova criação em Cristo, cujo esplendor ultrapassa o da primeira.”

O “oitavo dia” é o primeiro dia da semana, o domingo. Usa a expressão de “oitavo dia” como sendo um dia novo para a cristandade relembrar com o Sacrifício Perpétuo nos Missais, a Paixão de Cristo.

Jesus é o dono da Graça que salva, um dom inestimável de Deus, um desejo que gratuitamente infunde no homem virtudes, afim de santifica-lo.

A Graça da santificação obtida pelo fogo do Espírito Santo, para aqueles que mantiveram a fé, esperança e caridade, aferidos pelos sete sacramentos, que é o caminho, a verdade e a vida do cristão fiel: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio, para se chegar ao ápice da santidade, com os sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus. Completamente cheios de Graça.

Maria nossa Mãe, é a cheia de graça porque tem todos os dons do Espírito Santo, como nos confirma os evangelhos. Atingiu o vértice da santidade, inferior somente a Jesus Cristo.

Também existe o aspecto universal da existência de Jesus, porque tudo foi criado por causa Dele. Se existimos é porque no princípio no pensamento do Criador estava Jesus Cristo, portador das chaves do Paraíso. Jesus Cristo veio ao mundo trazendo nossa cura, para obtermos mediante nossa vontade em aceitar seus preceitos de amor, nossa volta ao que éramos, quando criou os progenitores. Sem Jesus Cristo o homem teria deixado de existir. É por isso que nosso bondoso Criador, antes de criar o homem, desejou a segunda pessoa num excesso de Amor. Por isso temos que ter a consciência de que entre todas as coisas criadas por Deus, o homem foi a mais amada, visto que o próprio Deus se deixou crucificar para obter o remédio de nossas enfermidades corporais e espirituais. Se isto não for amor, e o maior dos amores, nada mais é.

Jesus também é o dono da Fonte de Água Viva que jorra do lado direito do Trono de Deus. Fonte de Vida, Árvore da Vida Eterna. Nós não somos como os anjos que são somente espírito, eles não vão precisar beber daquela Água. Quando formos habitantes do Paraíso teremos necessidade dela em nosso espírito, preenchido pela carne vivificada por esta Água eternamente. No Banquete dos eleitos haverá para todo o sempre desta Água Salutar.

Jesus simboliza o Tau, é o dono do Sinal que salva, representado pela Cruz.

Como Jesus Cristo ressuscitou num domingo, e sendo autor da oração do Pai Nosso, é chamada de oração dominical.  É a mais perfeita das orações, resume todo o Evangelho, também se identifica como oração Eucarística(Paixão do Senhor, o pão nosso de cada dia). É a oração do Senhor por excelência. Como tem uma conotação dominical, infelizmente a maioria dos evangélicos não a rezam, para não contradizer a lei sabática.

A vinda de Cristo mudou a história da humanidade para sempre. Se Ele não viesse a humanidade teria deixado de existir. Se temos bons homens, justos, honestos, compreensivos, amorosos, mansos, é porque a Graça que provém Dele está atuando nos corações.

Graça e paz para todos.

Antonio Carlos Calciolari


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