“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

PODEMOS CULTUAR IMAGENS?





 

PODEMOS CULTUAR IMAGENS?

 

A questão do culto das imagens é considerada idolatria, baseando-se no Antigo Testamento em Êxodo 20:4 : “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”.

Naquela época, enquanto Moisés estava no Monte Sinai vendo as Tábuas dos dez mandamentos sendo escritas por Deus, embaixo do Monte os Judeus esculpiam um bezerro de ouro para ser adorado. Mesmo depois de terem visto o poder sem limites do Criador, que lançou dez pragas no Egito para convencer o Faraó à libertar o povo judeu da escravidão, mesmo depois de ver o mar se abrir para passarem à outra margem e se fechar para exterminar os soldados egípcios. Que por quarenta anos fez cair o alimento chamado Maná do céu, para não ver seu povo se rebelar contra Ele. Mostrando-se um povo extremamente difícil, tendencioso, mais carne do que espírito. Por isso Deus providencialmente ocultou o lugar do sepulcro de Abraão, Noé, Moisés, David, Salomão e outros para não dar oportunidade aos homens de praticar idolatria. Deus conhece a fraqueza humana, que a fé da maioria não dura mais do que um verão, tem esta predileção de cultuar alguma coisa para preencher o vazio de seu espírito, por isso colocou a proibição.

Mas como compreender esta proibição quando vemos que nosso Deus também mandou fazer imagens? Estaria Deus se contradizendo? Vejamos:

Em Ex 25,17-22 : O Senhor mandou Moisés colocar dois querubins de ouro sobre o Propiciatório da Arca.

1Rs 6,29s : As paredes do Templo de Salomão foram revestidas de imagens de querubins.

Nm 21,4-9 : O Senhor mandou confeccionar a serpente de bronze para curar o povo mordido por serpentes.

1Rs 7,23-26 : O mar de bronze colocado à entrada do palácio de Salomão era sustentado por 12 bois de metal.

1Rs 7,28s : Havia entre os ornamentos do palácio de Salomão imagens de leões, touros e querubins.

Ez 1 : Deus se apresenta a Ezequiel com uma imagem semelhante ao homem, sobre um firmamento, e abaixo deste firmamento quatro seres viventes semelhante ao homem, com quatro rostos diferentes: de homem, de leão, de boi e de Águia, com quatro asas em cada um deles.

Não devemos olhar como uma contradição, entre o que está escrito no decálogo e estas constatações bíblicas mostrando que Deus usou imagens para se comunicar com os homens. Devemos olhar para a simbologia delas, seu significado e sua aplicabilidade. Deus sabe o que faz, e tudo é para o bem do homem.

Deus não tem uma forma definida, e nem precisa, é espírito perfeitíssimo, mas para salvar o homem se fez forma humana na figura de seu Filho Jesus Cristo. No caso dos querubins no Propiciatório e nas paredes do Templo, significam o tipo de proteção usado pelo Altíssimo nos Céus e exemplificado na terra com as imagens dos Anjos Querubins. Este é o entendimento do espírito da letra. No Caso da serpente de cobre significava cura para os israelitas que olhassem para ela. Foi um claro sinal do poder de Deus, para mostrar aquele povo rebelde quem é o Todo Poderoso. Porque a cura não vinha da escultura da serpente de bronze mas sim da fé daqueles que acreditaram no Senhor. Quanto ao Palácio de Salomão ser ornado com imagens de bois, leões, touros e querubins, era uma referência a visão de Ezequiel, e portanto considerada simbologia como lembrança das coisas celestiais. Deus não mostrou estas imagens para que fossem adoradas, mas apenas como representações designadas para ter cada qual seu significado, conforme o pensamento divino. Tudo o que Deus criou deve ser amado, mas não cultuado como se fossem deuses.

A Igreja ensina que devemos adorar somente a Deus, e venerar, ou seja, respeitar o que representam as imagens ou esculturas relacionados a cristandade, conforme o Concílio de Nicéia II.  Adorar é se entregar totalmente de mente corpo e alma, enquanto venerar é simplesmente cultuar, recordar com respeito, uma forma de agradecimento.

Podemos observar que existem imagens e “imagens”, as primeiras se referem as que podem ser cultuadas, como a Cruz, imagens de Jesus, Maria, e dos Santos, e as outras não, como as imagens de culturas pagãs.

Também podemos distinguir as imagens da cristandade que podem ser adoradas e outras apenas veneradas. As Cruzes nas Igrejas sem a imagem de Cristo devem ser veneradas, enquanto que a Cruz com a Imagem de Cristo deve ser adorada, porque ali está representado Deus segunda pessoa como Redentor. O Véu de Verônica com a imagem de Jesus Cristo enquanto carregava a Cruz, deve ser adorada, porque ali está a representação real da imagem de Deus, enquanto suas relíquias como o Santo Sudário de Turim, de Oviedo, a Túnica, devem ser veneradas. As hóstias e o vinho depois de consagrados na Eucaristia, é a presença real de Cristo nas espécies, e portanto devem ser adoradas, porque não são mais espécies, mas a carne e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo transubstanciado.

Já tiveram a oportunidade de ver um mendigo que não sabe ler nem escrever, que conhece a história de Jesus muito pouco, ou quase nada, mas que diante daquela imagem que representa Jesus chora de emoção? As estátuas de Jesus e dos Santos tem um forte impacto nos iletrados e humildes cidadãos do mundo. Tornando-se na verdade instrumentos de conversões espontâneas.

Por isso podemos afirmar: quem vê Jesus vê o Pai, e todo joelho deve dobrar-se, mesmo que esteja representado numa imagem esculpida, porque a fé da oração do penitente vê verdadeiramente Deus naquela escultura. Antes de Jesus nenhum artista conseguiu desenhar Deus porque não se conhecia sua forma, mas com a vinda de seu Filho a forma se fez conhecida.

Em João 14:8-9 está escrito: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”

Quando vemos uma escultura de algum santo ou de Nossa Senhora, imediatamente fazemos uma reverência respeitosa pelo que representam para a salvação das almas. Todo aquele que deu sua vida para defender o Senhor é corredentor, e merece o nosso respeito. E dar a vida aqui não significa somente os mártires, mas também aqueles que deixaram tudo para seguir Jesus, evangelizando durante a vida toda. Estes Santos são nossos queridos irmãos tomados pelo Espírito Santo, que fortaleceram a Igreja de Cristo, nossos admiráveis Santos.

Quanto a veneração à Nossa Senhora, é muito mais acentuada do que todos os Santos. A veneração especial à Virgem Maria deve-se ao fato de ser a Mãe de Deus, a Arca maternal, Mãe da Igreja, Mãe da humanidade, a mais pura entre todas as mulheres, Rainha dos Santos, por isso a intercessora mais poderosa e assediada da humanidade. É simplesmente inevitável amar Maria.  

Convenhamos também, e sejamos honestos conosco e com a nossa inteligência, de que a origem da idolatria e de todos os males, inclusive de todo bem, está no nosso livre arbítrio. Devemos usá-lo para o nosso bem refutando a idolatria. Podemos ter um bezerro de ouro dentro de nossas casas, sem que por isso sejamos considerados idólatras, tal escultura seria apenas um ornamento, um enfeite, sem passar pela mente a possibilidade de idolatrar tal figura.

A teoria da frase: “Me diga com quem andas e te direi quem és”, serve somente para os fracos. Estes dizem: “Fui seduzido pelos outros que diziam estarem certos”, tentando jogar a culpa de seu erro nos outros. Que cada um tenha a coragem de admitir seus erros, batendo no peito dizendo sinceramente: “Eu pequei de livre e espontânea vontade”, ou ainda “Eu quis pecar adorando uma imagens pagã”.

Os católicos não são pessoas ignorantes e inconsequentes para adorar uma imagem ou escultura feita de gesso, madeira ou metal. É uma ofensa contra a nossa integridade moral e religiosa nos acusar de tal delito. Diante de tais esculturas vemos o que ela representa e não o tipo de matéria que foi feita.

Uma outra questão que deve ser abordada é a tradição católica  de pedir graças para algum Santo, servindo como intercessor junto a Deus. Não pode ser visto como uma prática errada, como um pecado. Não se trata de invocação de espíritos, de necromancia, como fazem os bruxos, feiticeiros e médiuns espíritas, mas uma comunhão com os Santos, orando e pedindo graças juntos para um bem comum. A comunicação vem apenas com uma oração sincera, e nada mais.

Há dois argumentos fundamentais para entender a permissão de Deus nestes pedidos intermediados. Primeiro porque Deus conhece antecipadamente as aflições de seus filhos, e sabe reconhecer as dificuldades do penitente na sua busca por perdão ou por uma graça. Deus não vai deixar de atender se for um pedido justo, mesmo vindo de um intercessor. O segundo argumento é o uso da humildade, porque se um cristão decidiu pedir a um outro cristão espiritualmente mais elevado do que ele, tido como um Santo, já demonstra humildade em reconhecer no outro uma facilidade maior de se comunicar com o Criador. Muitas vezes por simpatia com aquele Santo, por devoção especifica, humilhando-se e pedindo ajuda, sentindo temor de pedir diretamente a Deus, pois não se achou digno de fazê-lo.

Deus compreende. Oh! Sim, Deus compreende! Ele em alguns casos atende até aos que não pedem, mas vê, com seus olhos no futuro, o desejo escondido no coração, e atende prontamente aquela criatura.

Bendito seja Deus, que tudo faz para nos agradar.

 

Antonio Carlos Calciolari

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