Assim como na época dos Apóstolos, durante as perseguições, devido
a distância em que estavam evangelizando, comunicavam-se por meio de cartas. As
cartas dos Apóstolos às Igrejas e comunidades, bem como entre si, eram a tônica
daquela época conturbada. Vemos a mesma coisa acontecer nos dias atuais com
nossos Padres e leigos conservadores, perseguidos pelos modernistas, pela
maçonaria eclesiástica que se instalou no Vaticano, exigindo, através de seu
Pontífice Maçon, a obediência cega e irrestrita à suas ordens. Que todos os
cristãos tomem conhecimento do que está acontecendo hoje, com este exemplo de
Frei Tiago. Perseguido porque ousou rezar o Missal Tridentino.
Carmelita Frei Tiago de
São José
Queridos amigos: Partilho com todos aqui uma carta que recebi
do Arcebispo Carlo Maria Viganò que nos trouxe muita consolação em meio às
perseguições e tribulações...
Eis aqui a tradução em português:
5 de Agosto de 2020 Dedicação de Nossa Senhora das Neves
Caro e reverendo Padre Tiago,
Recebi a Sua Carta, na qual me inteirei dos acontecimentos a
respeito da Sua comunidade e da perseguição que Ela e Seus confrades foram
objeto. Embora desconcertado ao tomar conhecimento da atitude de tantos Bispos,
me consola saber que, ao menos alguns lhes ajudaram no limite da própria
possibilidade. Creio que tudo o que a vossa comunidade passou seja o “enésimo
caso” de uma longa série, que começou há setenta anos e hoje chegou ao ápice. A
fidelidade à Igreja e à Regra carmelitana são motivos suficientes para
desencadear a fúria do inferno e de quantos, sobre esta terra, servem o
Inimigo. Devo recordar-lhes, se não fosse supérfluo, que essas provações são um
sinal da benção de Deus e do fato que estais no bom caminho: se tivésseis
encontrado a aprovação e o encorajamento dos Prelados heréticos ou viciosos,
deveríeis colocar em questionamento a vossa vocação, ou mesmo a vossa conduta
moral: virtus in infirmitate perficitur. (a virtude se aperfeiçoa na
dificuldade). As dificuldades que afligem a vossa comunidade religiosa
confirmam a inevitável oposição entre os filhos da luz e os filhos das trevas,
assim como implacável é a luta entre Deus e Satanás. Mesmo se algumas batalhas
são perdidas, a vitória da guerra já está assegurada, porque o nosso Rei é
invencível, e a Comandante que nos guia é terribilis ut castrorum acies ordinata.
(terrível como um exército em ordem de batalha). Lamento não ter a
possibilidade de fazer-me vosso Protetor, já que não possuo a jurisdição
canônica que me permitiria. Creio, no entanto, que, neste momento de gravíssima
crise da Igreja, seja oportuno conformar-se ao que recomenda São Vicente de
Lérins: Magnopere curandum est ut id teneatur quod ubique, quod semper, quod ab
omnibus creditum est. (A coisa mais importante é guardar a Fé que sempre e em
toda parte, por todos foi acreditada). Portanto, permaneçam firmes na Fé e não
busquem um reconhecimento canônico que, em tal contexto é praticamente
impossível de obter-se, senão cedendo ao compromisso, seja sobre a doutrina,
seja sobre a moral ou sobre a liturgia. Colocai-vos com total confiança sob o manto
da Regina Decor Carmeli, (Rainha formosura do Carmelo) e invocai os vossos
Santos Fundadores pedindo a paciência na prova, a fortaleza no testemunho da
Fé, o espírito de reparação para implorar ao Céu a conversão dos vossos
perseguidores. Eu Vos asseguro também a minha oração, a lembrança na Santa
Missa, confiando, da minha parte, em vossas orações. A Você e à Sua comunidade,
assim como aos vossos benfeitores, transmito de coração a minha mais larga
Benção, desejando-vos as graças e os favores do Céu.
+ Carlo Maria Viganò, Arcebispo
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Para
entender as perseguições contra este devoto e fiel cristão tradicionalista,
reflitam sobre esta entrevista:
Paulo Frade
entrevistou, com exclusividade para FratresInUnum.com, o
carmelita Frei Tiago de São José.
Reverendíssimo
Frei Tiago de São José, primeiramente, muito obrigado por nos conceder essa
entrevista.
Muitas
pessoas se recordam que em 2012, o Bispo de Braganca Paulista expulsou a sua
comunidade daquela diocese. Por que motivo ele chegou a essa
decisão?
Em 2012, nós fomos expulsos por
desobediência. Havia na ocasião uma ordem expressa do Bispo de
celebrarmos, pelo menos, a Missa dominical no rito de Paulo VI e nós recusamos.
Entretanto, a instrução que regulamentava o motu proprio de 2007 dava direito aos Institutos
de Vida Religiosa de celebrarem, exclusivamente, a Missa Tradicional. Portanto,
não podemos ser acusados de desobediência.
E, hoje, 7
anos depois, o senhor continua achando que fez a coisa certa?
Sim, sem
dúvida. Nós saimos de uma situação de conflito e procuramos uma Diocese
aberta ao nosso projeto de vida religiosa. No Paraguai, tivemos uma experiência
muito rica, nos dando a certeza de que quem procura ser fiel a Deus, mesmo que
tenha que passar por sofrimentos e perdas, sai ganhando.
E o que
aconteceu, na sua experiência pessoal de sacerdote, que o levou a buscar
a Tradição e resolver deixar a missa nova?
Durante 10 anos eu celebrei
segundo o novus ordo e
convivi normalmente nos ambientes da Igreja
Moderna. Entretanto, quando eu comecei a celebrar o Rito
Tradicional em 2007, após o motu proprio, fui percebendo que havia uma grande
contradição entre o chamado “rito ordinário” e o “rito extraordinário”. A
partir daí, comecei a estudar o tema e fui chegando a uma conclusão de que a
Missa criada em 1970 não se baseia na lex orandi da
Igreja, como foi estabelecida pelos anteriores decretos, e, por isso, me
recusei a celebrá-la.
E os outros
membros do Mosteiro, acompanharam esta mesma postura?
Sim. Todos
estávamos muito convencidos da riqueza da Missa Tradicional e éramos unanimes
neste desejo de dar o melhor para Deus e adorá-lo de forma digna e sacral.
E o que
aconteceu com os senhores nestes últimos 7 anos?
Bem,
realmente não foi muito fácil. Em 2013, chegamos no Paraguai e fomos muito bem
recebidos pelo Bispo Monsenhor Livieres. Entretanto, não tínhamos casa e
dormíamos num galinheiro. Aos poucos, fomos nos erguendo e construímos nossa
casa. Infelizmente, em 2015, o Bispo foi injustamente afastado pelo Papa
Francisco e ficamos novamente sem apoio. Há dois anos, viemos para a Europa, e
assim vamos indo, procurando simplesmente fazer o que podemos hoje, porque
amanhã, já não sabemos o que vai ser…
E depois de
terem sido mais uma fez expulsos de uma diocese, por que os senhores não
desistiram dessa luta ou deixaram a Igreja Católica?
Ser católico é uma obrigação de
quem deseja seguir Jesus Cristo. E, para permanecer católico, precisamos,
sobretudo, professar a verdadeira Fé. Portanto, ninguém pode nos tirar da
Igreja Católica, uma vez que temos a convicção da Fé. No Credo dizemos:
Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Essa é a verdadeira Igreja e
a verdadeira Fé. Por outro lado, se alguém pensa que é católico e não crê em
tudo o que ensina a Fé Católica, já está fora da Igreja. Isso nos leva a
entender que não podemos desanimar quando vemos o abandono da Fé, mesmo pela
hierarquia da Igreja Institucional, pois a Igreja não é simplesmente uma instituição, mas um
Mistério, um corpo místico, cuja cabeça é o próprio Cristo. Hoje em dia, as
pessoas perderam essa noção. Considero que o melhor documento do Magistério
para se entender isso é a encíclica Satis
Cognitum de Leão XIII.
E o que o
senhor acha de todas essas criticas que se levantam contra Francisco?
O que acontece nesse nosso tempo
só pode ser entendido à luz desta pergunta do evangelho: “Quando o Filho do
Homem voltar, encontrareis fé sobre a terra?” (Lc, 18,8). Ora, Nosso
Senhor está prevendo um tempo onde a Fé estaria praticamente extinta, ou seja,
que a manifestação externa e oficial da Fé Católica estaria silenciada. De
fato, a raiz do problema não é a pessoa do Papa Francisco, mas a propria
declaração da liberdade religiosa que foi assinada no Vaticano II. A
partir dali, estamos, in potentia, rompidos
com a verdadeira religião. E, se as pessoas aceitam todas essas rupturas, não
são capazes de discernir a que ponto chegamos. Mesmo os Bispos de hoje, já
formados na mentalidade do Concílio são coniventes com a apostasia que o Papa
Francisco implementa, e a oposição é quase nula. Esse processo é inexorável… No
mês que vem, o sínodo da Amazônia vai se apresentar como o ápice desse
fluxo revolucionário. Saímos do catolicismo e agora vamos voltar ao paganismo…
E na sua
opinião, qual é o objetivo desse movimento revolucionário na Igreja?
A maioria das pessoas são
ingênuas e pensam que estamos, simplesmente, renovando conceitos, ou se abrindo
para o diálogo e para a paz, para o respeito das outras culturas e
religiões. No entanto, estamos diante de uma verdadeira agenda que visa
abolir o catolicismo verdadeiro e estabelecer uma religião universal
subordinada ao judaísmo.
Nesse contexto, vamos assistir à entronização do homem no lugar de Deus e o
advento de uma personalidade que será apoiada por toda a mídia, e que no
entanto, para a Bíblia, será o Anticristo.
Por fim,
Frei Tiago, o que o senhor acha que Deus pede para nós nesses tempos difíceis?
Apego à
verdade, amor sincero à nossa Religião, conforme foi transmitida pelos
Apóstolos e os Papas de todos os tempos. Desapego ao dinheiro e ao poder e
mesmo da própria vida, porque, se não estivermos prontos para o martírio, não
seremos capazes de permanecer fiéis nessa prova final.
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Este é
apenas um exemplo entre muitos. As perseguições aos tradicionalistas não vão
parar até a volta de Jesus. Tenham consciência disto, para que possamos
suportar estes tempos de tribulação com obstinação, dedicação, perseverança,
rezando sempre, pedindo proteção ao Altíssimo para nós e para nossos entes
queridos.
Antonio
Carlos Calciolari
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