“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

EU NÃO TE CONHEÇO






EU NÃO TE CONHEÇO

“...Mas não tenhais dúvida disso. Como diz Jeremias, eles reconhecerão, pelas provações, como é doloroso e amargo terem abandonado o Senhor. Por certos delitos meus amigos, não há salitre nem potassa, que consigam tirar a nódoa que eles deixam, nem mesmo o fogo do inferno é capaz de tirar aquela nódoa. Ela é indelével.
Também aqui é necessário reconhecer a justiça das Palavras de Jeremias. Realmente, os nossos grandes de Israel parecem as jumentas selvagens das quais fala o Profeta, Acostumados com o deserto de seus corações, porque, podeis crer, enquanto alguém estiver com Deus, ainda que seja pobre como Jó, ainda que esteja sozinho, ainda que esteja nu, nunca está sozinho, nunca é pobre, nunca está despojado, nunca é um deserto. Mas eles tiraram Deus dos seus corações, e, por isso se acham num árido deserto. Como as jumentas selvagens, que farejam no vento o cheiro dos machos, que aqui no caso, pela libidinagem deles, tem o nome de poder ou dinheiro, além da luxúria verdadeira e propriamente dita, a acompanham aquele cheiro, até chegarem ao delito. Sim. Eles o acompanham, e ainda mais o acompanharão. Eles não sabem que estão, não com os pés, mas com o coração exposto ás flechas de Deus, que vingará o seu delito. Como, então, não haverão de ficar confusos o rei e os príncipes, os sacerdotes e os escribas que, na verdade disseram e dizem aquilo que nada é, ou, pior ainda, aquilo que é o pecado: “Tu és meu pai. Tu me geraste!”
Em verdade, em verdade, Eu vos digo que Moisés quebrou com ira as tábuas da Lei, ao ver o povo na idolatria e, depois de subir de novo ao monte, orou, adorou e conseguiu. E isto, há muitos séculos. Mas ainda não acabou, nem acabará. Ao contrário, cresce como fermento posto na farinha a idolatria no coração dos homens. Agora, quase cada um dos homens tem seu próprio bezerro de ouro. A Terra é um matagal de ídolos, porque cada coração virou um altar e dificilmente se encontra Deus sobre ele. Quem não tem uma paixão maligna tem outra, quem não tem uma concupiscência tem uma outra com outro nome. Quem não é todo pelo ouro é todo por alguma posição, quem não é todo pela carne é todo pelo egoísmo. Quantos “eu” transformados em bezerros de ouro, não são adorados nos corações! Virá por isso um dia, em que eles, golpeados clamarão ao Senhor e ouvirão dele esta resposta: “Vira-te para os teus deuses. Eu não te conheço.”
Eu não te conheço. Terrível é esta palavra quando dita por Deus a um homem. Deus criou o homem como uma raça, e conhece cada homem em particular. Quando, pois, Ele diz: “Eu não te conheço”, isto é sinal de que Ele apagou com a força de sua vontade, aquele homem de sua lembrança. Eu não te conheço! Será Deus severo demais por proferir este veredicto? Não. O homem gritou ao Céu: “Eu não te conheço!”, e o Céu respondeu ao homem: “Eu não te conheço”, com a fidelidade de um eco. E meditai, o homem é obrigado a conhecer a Deus por um dever de gratidão e por respeito para com a sua própria inteligência.
Por gratidão: Deus criou o homem, dando-lhe o dom inefável da vida e provendo-o do dom superinefável da graça. Perdida esta por própria culpa, o homem ouve que lhe é feita uma grande promessa: “Eu te darei de novo a graça”. É Deus que foi ofendido que fala assim ao seu ofensor, como se fosse Ele, Deus, o culpado, obrigado a dar uma reparação. E Deus mantém a promessa. Eis que aqui estou para dar de novo a Graça ao homem. Deus não se limita a dar o sobrenatural, mas faz descer até nós sua Essência Espiritual, a fim de prover ás grosseiras necessidades da carne e do sangue do homem, dá-lhe o calor do sol, o refrigério da água, os grãos dos cereais, as videiras, as árvores de todas as espécies, os animais de todas as espécies. Assim p homem recebeu de Deus todos os meios para conservar a vida. Deus é o seu benfeitor. É preciso que lhe sejamos reconhecidos e lhe mostremos isso, esforçando-nos por conhecê-lo.
Por respeito Para com nossa própria razão. O mentecapto e o idiota não são gratos para com quem cuida deles, porque não compreendem os cuidados em seu verdadeiro valor, e há quem os lava ou lhes põe a comida na boca, a quem os guia ou os põe na cama, aquém os vigia para que não se exponham aos perigos. Eles ainda lhes tem ódio, porque, bestiais como são por causa de sua doença, acham ainda que aqueles cuidados são torturas. O homem que está em falta contra Deus é alguém que se desonra a si mesmo, a um ser dotado de razão. Só os idiotas e os doidos é que não conseguem distinguir o seu pai de um estranho, o benfeitor de um inimigo. Mas o homem inteligente conhece o seu pai e o seu benfeitor e se compraz em conhecê-lo sempre melhor, mesmo naquelas coisas que ele ignora, porque aconteceram antes que ele nascesse ou que recebesses os benefícios do pai ou do benfeitor. Assim deve-se fazer também com o Senhor, a fim de mostrar-lhe que somos inteligentes, e não brutos. Mas muitos em Israel são semelhantes a estes doidos que não reconhecem o seu pai e o seu benfeitor.
Jeremias pergunta a si mesmo: “Poderá, acaso, a virgem esquecer-se de seus ornamentos e uma esposa do seu cinto?” Oh! Sim. Israel está constituído por estas virgens, por essas esposas impudicas, que se esquecem dos seus ornamentos honestos e da cintura para usarem ouropéis, como as meretrizes. E isso se encontra em medida sempre maior, quanto mais se sobe até as classes que deveriam ser as mestras do povo. E a reprovação de Deus, ---com sua irritação e o seu pranto, ---lhes é dirigida. “Por que te esforças em mostrar tua boa conduta, e procurar amor, tu, que ao contrário, ensinas as malícias e os teus modos de fazer, e fizeste que se encontrassem nas abas das vestes, o sangue dos pobres e dos inocentes?”
Amigos, a distância é um bem e é um mal. Estar muito longe dos lugares, onde com facilidade Eu falo é um mal, porque vos impede de ouvir as palavras da Vida. E vós vos queixais disso. Pois é verdade. Mas é um bem, porque vos conserva afastados dos lugares em que fermenta o pecado, onde ferve a corrupção, onde as ciladas sibilam, tramando contra Mim, estorvando-me em minha obra e insinuando dúvidas e mentiras nos corações a respeito de Mim. Mas Eu prefiro que estejais longe a que estejais corrompidos. Eu proverei á vossa formação. Vós estais vendo que Deus proveu, antes que nós nos conhecêssemos e, por isso, nos amássemos. Eu já era conhecido, antes que nós nunca nos tivéssemos visto. Isaac foi o vosso anunciador. Eu vou mandar muitos Isaaques para dizer-vos as minhas palavras. E ficai sabendo também que Deus pode falar em toda parte a sós com o espírito do homem e fazê-lo crescer em sua doutrina.
Não tenhais medo de que, por estardes sozinhos, isso vos possa fazer cair em erros. Não. Se não quiserdes, não sereis infiéis ao Senhor e ao seu Cristo. Afinal, quem de verdade não pode ficar longe do Messias, fique sabendo que o Messias lhe abre o coração e os braços, e lhe diz: “Vem.” Vinde, vós que quereis vir. Permanecei, vós, que quereis ficar. Mas, pregai o Cristo, tanto uns como os outros, com uma vida honesta. Pregai contra a desonestidade, que se aninha em muitos corações. Pregai isto contra a leviandade dos muitíssimos que não sabem permanecer fiéis e que se esquecem dos seus ornamentos e cintos das almas chamadas para as núpcias com Cristo. Vós me dissestes felizes: “Desde quando Tu vieste, nós não tivemos mais doenças nem mortos. A Tua benção nos protegeu.” Sim grande coisa é a saúde. Mas, fazei que a minha vinda de agora vos faça a todos sãos de espírito, e sempre e em tudo. Para isso, Eu vos abençôo e vos dou a minha paz, a vós e aos vossos filhos, aos campos, ás casas, ás messes, aos rebanhos, ás árvores frutíferas. Servi-vos de tudo isso com santidade, não vivendo para essas coisas, mas por meio delas, dando o supérfluo a quem não tem e adquirindo a medida calcada das bênçãos do Pai, e um lugar no Céu. Ide. Eu fico para rezar...”

(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta – Vol 3-pg. 386 a 389)

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