JESUS E AS
DISCÍPULAS
(O Evangelho como me foi revelado – Maria
Valtorta – Vol.9 – Pg. 245 a 248)
OBS: Este
diálogo entre Jesus e as discípulas ocorreu na casa de Lázaro, dois dias antes
de ser crucificado.
“Eu vos chamei, porque nos dias futuros pouco
poderemos ver-nos, e em paz. O mundo estará ao redor de nós. E os segredos dos
corações têm um pudor maior do que o dos corpos. Hoje Eu não sou o Mestre. Sou
o amigo. Nem todos entre vós tendes esperanças ou temores para me contar. Mas a
todas agradaria ver-me com paz ainda uma vez. Então, Eu vos chamei a vós, a
flor de Israel e do novo Reino, e vós, flor dos gentios que deixam o lugar das
sombras, para entrar na vida. Conservai isto no coração, durante os dias
futuros, que a vossa honra ao perseguido Rei de Israel, e vós, que viestes para
Israel, ao Inocente acusado, ao Mestre não escutado, mitigue a minha dor.
Eu vos peço que estejais muito unidas, vós de
Israel, ou que vieste para Israel. Que umas socorram as outras. As mais fortes
em espírito socorram as mais fracas. As mais sabias àquelas que pouco sabem, ou
não sabem nada e só têm desejos de sabedorias novas, de tal modo que o desejo
humano delas, pelo cuidado das irmãs mais adiantadas, desabroche em um desejo
sobrenatural da Verdade. Sede piedosas umas com as outras. Aquelas que os
séculos sob a Lei divina formaram na Justiça, que elas saibam compadecer-se
daquelas que o gentilismo fez ficar diferentes. Não se muda um hábito moral de
hoje para amanhã, a não ser em casos excepcionais, nos quais intervém o poder
divino, para operar a mudança, a fim de ajudar uma vontade muito boa. Não
fiques espantadas se, naqueles que vêm de outras religiões, virdes os que ficam
parados e não progridem e, as vezes, até voltam aos caminhos antigos.
Lembrai-vos do próprio Israel, como ele procedeu comigo, e não pretendais ver
logo nas gentias aquela docilidade e aquela virtude, que Israel não soube, ou
não quis ter para com o seu Mestre.
Procurai sentir-vos irmãs umas das outras.
Irmãs que a vontade de Deus quis reunir ao redor de Mim, nestes últimos tempos
da minha vida mortal... Não choreis. A divina vontade vos reuniu, indo
buscar-vos em lugares bem diversos. Por isso, vossos idiomas e costumes
diversos pode tornar um pouco difícil que vos compreendais humanamente. Mas, na
verdade, o amor tem uma única linguagem, que é esta: fazer o que o amado
ensina, e fazê-lo para dar-lhe honra e glória. E nisso podereis compreender-vos
todas, e aquelas que compreendem melhor ajudem as outras a entender.
Depois num futuro mais ou menos longínquo, em
circunstâncias diversas, tornareis a substituir-vos pelas regiões da terra, uma
parte voltando para suas regiões nativas, e outra parte indo para um exílio,
que não será pesado, porque as que passarem por ele já terão chegado àquela perfeição
a caminho da Verdade, que as fará compreender que não é o serdes conduzidas
para cá ou para lá, o que constitui o exílio longe da pátria. Porque a
verdadeira Pátria é o Céu. Porque quem está na verdade está em Deus, e tem Deus
em si. E por isso já está no Reino de Deus, e o Reino de Deus não tem
fronteiras, e não sai daquele Reino quem vier de Jerusalém, por exemplo, e for
levado para a Ibéria, ou para Panônia, ou para as Gálias ou a Ilíria. Sempre
estareis no Reino, se ficardes sempre com Jesus, ou se fordes para Jesus. Eu
vim para reunir todas as ovelhas, as do rebanho paterno, as de outros, e até
aquelas sem pastor, selváticas, selvagens mais do que selvagens, aprofundadas
em trevas tão escuras, que não lhes permitam ver nem um jota, não da Lei
divina, mas da lei moral. São povos desconhecidos, que esperam tornar-se
conhecidos na hora por Mim destinada para isso, e que depois começarão a fazer
parte do rebanho de Cristo. Quando? Os anos e os séculos são iguais, em
comparação com o que é eterno! Mas vós sereis as antecessoras daquelas que
irão, com os futuros pastores, para conduzi-los ás pastagens divinas. E o vosso
primeiro campo de prova sejam esses lugares.
A pequena
andorinha, que bate as asas para o vôo, não se lança de repente à grande
aventura. Ela tenta primeiro um vôo, desde o beiral da casa até à videira que
faz sombra no terraço. Depois ela volta ao ninho, e novamente se lança, rumo ao
terraço, que fica longe dela, e volta. Depois, se lança de novo, até mais
longe, até perceber que já se tornou mais forte o músculo da asa, e firme a sua
orientação, e, então, ela já vai brincar com os ventos e com o espaço, vai e
volta chilreando, perseguindo os insetos, dando vôos à flor d`água, subindo de
novo rumo ao sol, até, na época certa, ela abre com segurança as asas para o
longo vôo pelas regiões mais quentes e ricas de novos alimentos, e nem tem medo
de atravessar os mares, ainda que ela seja tão pequenina, um pontinho de aço
brunido, perdido entre as duas imensidades azuis do mar e do céu, um pontinho
que lá se vai, sem medo, enquanto que antes ela tinha medo do pequeno vôo do
beiral da casa até o sarmento cheio de folhas, e com um corpo musculoso,
perfeito, capaz de fender os ares, como uma flecha, a tal ponto que nem se sabe
se não será o ar que a transporta com amor a esta pequena rainha dos ares, que
com amor esteja indo percorrer os seus domínios. Quem é que pensaria, ao ver
aquele vôo tão seguro, que tira proveito dos ventos e da densidade atmosférica,
para ir, com tanta velocidade, lembrando-se do seu primeiro e inexperiente vôo,
cheio de medo?
Assim será convosco. E assim convosco seja.
Convosco e com todas as almas que vos imitarem. Ninguém se torna capaz de
repente. Não se desanime pelos primeiros fracassos. Nada de soberba pelas
primeiras vitórias. As primeiras derrotas servem para que se trabalhe melhor
nas outras vezes. As primeiras vitórias servem como estímulos para se trabalhar
melhor no futuro e para persuadir-nos de que Deus ajuda as boas vontades.
Sede sempre sujeitas as pastores naquilo que
é obediência aos seus conselhos e ordens. Sede sempre para com eles umas irmãs,
naquilo em que podeis ajudar na missão e no apoio a eles em seus trabalhos.
Dizei isso também àqueles que hoje aqui não estão presentes. E dizei-o àquelas
que virão no futuro. E, tanto agora,
como sempre sede como umas filhas para com minha Mãe. Ela vos guiará em tudo.
Pode guiar as mocinhas, como as viúvas, tanto as esposas como as mães, tendo
Ela conhecido todas as consequências de todos os estados por experiência própria,
além de por uma sabedoria sobrenatural. Amai-vos e amai-me em Maria. Não errareis
nunca, porque Ela é a árvore da vida, a Arca viva de Deus, a forma de Deus, na
qual a Sabedoria fez a sua sede, e a Graça se fez Carne.
E agora que Eu falei em geral, agora que Eu
vos vi, desejo ouvir as minhas discípulas, e as que são as esperanças das
discípulas futuras. Eu fico aqui. Aquelas dentre vós que querem falar-me, que
venham. Porque não teremos mais nenhum momento de íntima paz semelhante a este.”
O EVANGELHO
COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA
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