CONSELHOS DO MESTRE DOS
MESTRES
Não fiqueis insultando
a Deus, fazendo mau
uso de vossa vida, que Ele vos deu, emporcalhando-a com más ações, que desonram
o homem.
Não fiqueis insultando
os vossos pais, com
uma conduta que joga lama sobre os cabelos brancos deles, e espinhos de fogo
sobre os últimos dias deles.
Não fiqueis proferindo
insolências contra quem vos governa, porque não é com a rebelião contra os
governantes que se tornam livres e grandes as nações, mas é com a conduta santa
dos cidadãos que se obtém a ajuda do Senhor, o qual pode tocar o coração dos
governantes, ou tirá-los de seu lugar ou até da vida, como muitas vezes nos
ensinou a nossa história de Israel, quando eles passaram da medida, e
especialmente quando o povo, santificando-se, merece o perdão de Deus, que por
isso, tira o instrumento opressor do pescoço dos que estavam sendo castigados.
Não profirais
insolência contra a esposa, acusando-a de amores adulterinos, e não profirais insolências contra os
vossos filhos inocentes, ao terdes notícias de seus ilícitos amores.
Sede santos diante
deles, pois eles
vêem em vós, por afeto ou por dever, aqueles que hão de ser para eles um
exemplo em suas vidas. Não podeis separar a santidade para com o próximo, que
está mais perto de vós, da santidade para com Deus, porque uma gera a outra
como os dois amores: o de Deus e o do próximo, nascendo um do outro.
Sede justos para com os
amigos. A amizade é
um parentesco da alma. Está escrito: “Quanto é belo para os amigos que eles
andem juntos.” Mas é belo, quando eles andam pelo caminho do bem. Ai daquele
que corrompe e trai a amizade, transformando-a em egoísmo, ou em uma traição,
ou em um vício, ou em uma injustiça. São muitos demais aqueles que dizem: “Eu
te amo”, para ficarem sabendo as coisas do amigo, e desfrutando delas em seu
próprio favor. São muitos demais os que usurpam os direitos do amigo.
Sede honestos para com
os juízes. Todos os
juízes. Desde o Juiz Altíssimo, que é Deus, até o juiz íntimo, que é a nossa
consciência, até aqueles amorosos e sofredores, que estão atentos em seu amor
vigilante, como são os olhos de nossos familiares, até aquele severo, dos
juízes do povo. Não mintais, invocando a Deus para dardes mais força à mentira.
Sede honestos no vender
e no comprar. Quando
estais vendendo, e a concupiscência vos diz: “Rouba, para teres lucro”,
enquanto que a consciência vos diz: “Sê honesto, porque te arrependerias de ter
roubado”. Daí ouvidos a esta última voz, lembrando-vos de que não deve ser
feito aos outros o que não gostaríamos que fosse feito a nós mesmos. O dinheiro
que vos é pago em troca de uma mercadoria, está muitas vezes molhado pelo suor
e pelas lágrimas do pobre. Ele custou canseiras. Vós não sabeis quanta dor ele
custa, quantas dores estão atrás daquela moeda, que a vós, vendedores, parece
sempre muito pouco demais pelo que vendeis. Criaturas doentes, filhos sem pai, velhos
com uns escassos trocados no bolso... Oh! Dor santa, Oh! Santa dignidade do
pobre que o rico não compreende, porque não és meditada? Por que há honestidade
em vender ao forte, ao poderoso, por medo de suas represálias, enquanto que se
abusa do indefeso, e do irmão desconhecido? Isto já é um delito, mais contra o
amor do que contra a própria honestidade. E Deus o amaldiçoa, porque lágrima
derramada pelo pobre, que só tem o seu pranto como reação contra abuso, diante
do Senhor tem a mesma voz que tem o sangue arrancado das veias de um homem por
um homicida, por um Caim de seu próprio semelhante.
Sede honestos nos
olhares, assim como
nas palavras e nas ações. Um olhar dado a quem não merece, ou negado a quem o
merece, é como um laço e um punhal. O olhar que se enlaça com a pupila
despudorada da meretriz, e lhe está dizendo: “Tu és bonita!”, é pior do que o
punhal no corredio para a garganta do sufocado. O olhar negado ao parente pobre
ou amigo que caiu na miséria, é semelhante a um punhal fincado no coração
daqueles infelizes. E assim o olhar de ódio, ou de desprezo, voltado para o
inimigo ou o mendigo. O inimigo é perdoado e amado, pelo menos com o nosso
espírito, quando nossa carne se recusa a amá-lo. O perdão é sempre o amor do
espírito, o não vingar-se é amor do espírito. O mendigo é amado, porque ninguém
o conforta. Não basta jogar uma esmola, e ir para adiante com desdém. A esmola
é boa para a carne esfaimada, nua, sem abrigo. Mas a piedade, que sorri ao dar,
que se interessa pelo pranto do infeliz, essa é um pão para o coração. Amai,
amai, amai.
Sede honestos nos
dízimos e nos costumes, honestos no interior de vossas casas, não exigindo do empregado além da
medida, e não cometendo atentado contra a empregada, que dorme em vossa casa.
Ainda que o mundo não saiba do furto cometido no segredo de uma casa, o furto
feito à vossa mulher, que não o sabe e à empregada que desonrais, Deus sabe de
vosso pecado.
Sede honestos na
língua. E honestos
em educar filhos e filhas. Está escrito: “Faze isto, a fim de que tua filha não
te torne o objeto do riso da cidade.” E Eu digo: “Fazei isso, para que o
espírito de vossa filha não pereça.”
E agora ide. Eu também me vou, depois de vos ter dado uma
provisão de sabedoria para a viagem. Que o Senhor esteja com aqueles que se esforçam
por amá-lo.”
(De Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 170 a 173-o Evangelho como
me foi Revelado)
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