“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 10 de julho de 2017

UM DIA DE MUITOS MILAGRES


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

UM DIA DE MUITOS MILAGRES

“Jesus, escuta. Há uma mulher pedindo uma graça. Ela é estéril...”
“Não perturbes o Mestre por causa dela, mulher. As vísceras dela estão mortas”, diz um que não sabe que está falando com a Mãe de Deus. E depois, confuso pelo erro, pois já o informaram, procura ficar menor e desaparecer, enquanto Jesus responde a ele e a suplicante, ao mesmo tempo, dizendo: “Eu sou a vida. Mulher, que te seja feito o que estás pedindo”, e pousa, por um instante a mão sobre a cabeça de Sela.
“Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”, grita aquele cego de antes, que pouco a pouco foi chegando para perto da multidão, e ao lado dela vai dando os seus gritos de invocação.
Jesus que estava com a cabeça inclinada para ouvir as palavras suplicantes de Sela, torna a levantar o rosto e olha para o ponto de onde, entrecortada como a voz de alguém que está para afundar-se, chega até ele a voz do cego.
“Que queres que Eu te faça?”, grita Jesus.
“Que eu veja. Estou na escuridão...”
“Eu sou a Luz. Eu quero!”
“Ah! Eu vejo. Estou vendo! Estou vendo de novo. Deixai-me passar. Que eu possa beijar os pés do meu Senhor.”
“Mestre Tu curaste todos aqui. Mas há um leproso em uma cabana, lá no bosque. Ele nos fica sempre pedindo que te levemos a ele...”
“Vamos! A caminho.” Deixai-me ir. Não vos machuqueis. Eu estou aqui para todos... Vamos, abri alas! Não atropeleis as mulheres e as crianças. Eu não estou indo embora. Fico por aqui amanhã e depois estarei nesta região por cinco dias. Podereis acompanhar-me, se o quiserdes...”
....”Eis-nos chegados. Paremos aqui, para não nos contaminarmos. Estamos perto da tumba do que está vivo, e esta é a hora em que ele vem àquele maciço para retirar as ofertas. Ele era rico sabes? Nós nos lembramos dele. Era bom também. Mas agora é um santo. Quanto mais o feriu a dor, tanto mais ele se tornou justo. Não sabemos como foi... Isso é contado pelos peregrinos que ele hospedou. Eles iam para Jerusalém, como diziam. Pareciam sãos, mas certamente eram leprosos. O fato é que, depois de sua passagem, antes a mulher, depois os servos, depois os filhos, e por fim ele, pegaram a lepra. Todos. Em primeiro lugar, e pelas mãos, aqueles que haviam lavado os pés e as vestes dos peregrinos, e por isso dizemos que eles devem ter sido a causa de tudo. Dos meninos três morreram cedo, muito cedo. Depois a mulher, e mais pelo sofrimento, do que pela doença... Ele... Quando o sacerdote declarou que todos estavam leprosos, comprou para si esta parte do monte, com seus já inúteis haveres, e para que ai se colocassem provisões para si mesmo e para os seus, incluindo os sevos as enxadas e picaretas... e começou a cavar os seus túmulos, e, um por um, os foi colocando todos: os filhos pequenos, depois a mulher, os servos... E ficou somente ele, sozinho e pobre, pois tudo com o tempo vai se acabando, e já lá se vão quinze anos... E tudo sem um lamento. Ele era douto. Repetia de cor as escrituras. Ele as repete falando com as estrelas, as ervas, as árvores, aos passarinhos, e as repetia a nós que podemos aprender tantas coisas dele, e consola as nossas dores... ele, compreendes? Ele é que consola as nossas dores. Vêm pessoas de Hipo e de Gamala, de Guerguesa e de Afeca para ouvi-lo. Quando ele soube do milagre dos dois endemoninhados... Oh!, ele começou a pregar a fé em Ti. Senhor, se os homens te saudaram com o nome de Messias, se as mulheres te saudaram como vencedor e rei, se os nossos meninos sabem o teu Nome e que Tu és o Santo de Israel, é devido ao pobre leproso”, narra por todos o velho de idade avançada, que foi o primeiro a falar de João.
“Tu o curarás?”, perguntam muitos.
“E vós o pedis? Eu, que tenho piedade dos pecadores, que não terei para com um justo? Mas, não é ele que está vindo? Lá pelo meio daquelas moitas...”
“Certamente que é ele. Mas que vista tens, Senhor! Nós apenas ouvimos o barulho, mas nada vemos...”
Mas o barulho parou. Tudo é silêncio e expectativa...
Jesus está bem exposto à luz, sozinho, mas pouco a frente, porque chegou até perto do penhasco, onde foram colocadas as provisões. Os outros, à meia sombra de algumas árvores, desaparecem, confundindo-se com os troncos e as moitas da charneca. Até os meninos se calam, ou porque estão dormindo nos braços de suas mães, oi porque estão com medo do silêncio, dos sepulcros, das estranhas sombras que a lua forma das plantas e dos penhascos.
Mas o leproso deve estar vendo. Está vendo a alta e imponente estatura do Senhor, todo vestido de branco, expondo à brancura do luar. Tudo muito bonito. Os olhares cansados do leproso certamente se cruzam com os olhares resplandecentes de Jesus. Que linguagem estará saindo daquelas pupilas divinas, grandes e fulgentes como umas estrelas? O que sai da boca que se entreabre em um sorriso de amor? Que é que sai do coração, sobretudo do coração de Cristo? Mistério. Um dos muitos mistérios entre Deus e as almas em seus relacionamentos espirituais.
Certamente o leproso compreende, porque ele grita: “Eis o Cordeiro de Deus! Eis Aquele que veio para salvar toda a dor do mundo! Jesus, Mestre, Bendito, nosso Rei e nosso Salvador, tem piedade de mim!
“Que queres? Como podes crer no Desconhecido para ti e ver nele o Esperado? Quem Eu sou para ti? O Desconhecido.”
“Não. Tu és o Filho do Deus vivo. Como eu o sei e o vejo? Isso eu não sei. Mas aqui dentro de mim, uma voz gritou: “Eis o Esperado! Ele veio premiar a tua fé”. Desconhecido? Sim. Ninguém já viu o rosto de Deus. Por isso és o Desconhecido”, em tua aparência. Mas o Conhecido és Tu pela tua Natureza, pela tua Realeza. Jesus, Filho do Pai, o Verbo Encarnado, e Deus como o Pai. Eis ai quem Tu és, e eu te saúdo e peço, crendo em Ti.”
“E, se Eu nada pudesse fazer por ti,e tua fé ficasse desiludida?”
“Eu diria que isso era a Vontade do Altíssimo, e continuaria a crer e a amar, esperando sempre no Senhor.”
Jesus se volta para a multidão que, suspensa, está escutando o diálogo, e diz: “Em verdade, em verdade Eu vos digo que este homem tem a fé que remove montanhas, Em verdade, em verdade Eu vos digo que a verdadeira caridade, a fé, a esperança se provam na dor, mais do que na alegria, visto que o excesso de alegria às vezes, é ruína para o espírito ainda mal formado. Fácil é crer e ser bons, quando a vida não é mais do que um tranqüilo, senão gozoso decorrer de dias iguais. Mas aquele que sabe persistir na fé, na esperança e na caridade, mesmo quando as doenças, as mortes, as desventuras o fazem ficar sozinho, abandonado, evitado por todos, e que só sabe dizer: “Que seja feito o que o Altíssimo julga que é útil para mim”, em verdade este homem não só merece a ajuda de Deus, mas, Eu vo-lo digo, no Reino dos Céus está preparado o seu lugar, e ele não conhecerá permanência no lugar da purificação, porque a sua justiça já anulou todas as dívidas de sua vida passada. Vai em paz, que Deus está contigo.”
E se volta, ao dizer isso, e, com esse seu gesto, quando já está bem perto, bem visível, dá esta ordem: “Eu quero! Que tu fiques limpo!”, e parece que a luz da lua o limpa e o lave com seus raios de prata, tirando dele as pústulas, as úlceras, os nódulos e as crostas da horrenda doença. O corpo se recompõe e readquire todas as formas de um corpo são.
É um velho respeitável, ascético em sua magreza, aquele que tendo sido levado ao conhecimento do milagre pelos gritos de Hosana da multidão, inclina-se para beijar o chão, sem poder tocar em Jesus, nem em nenhum outro homem, antes do tempo prescrito pela Lei.
“Levanta-te. Vão trazer-te uma veste limpa, para que possas ir apresentar-te ao sacerdote. Mas procura andar sempre com a limpeza do teu espírito, diante do teu Deus. Adeus, homem. A paz esteja contigo!”

(de Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado – Vol. 7-pgs. 122 a 126

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