“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O BATISMO DE JESUS


O BATISMO DE JESUS


“João estava no meio de uma condenação ainda mais veemente dos crimes da humanidade, pois era homem que não tinha paciência com o menor dos pecados e pouca compaixão havia em sua alma, quando, subitamente, Jesus apareceu acima dele, no barranco do rio. Que fez o povo levantar instantaneamente a cabeça e olhar para Ele, com súbito silêncio? Estava de pé no barranco do profundo rio verde, e um feixe de luz solar fazia com que brilhassem seu cabelo e sua barba dourados. Olhava para João e para o povo soluçante com Seus piedosos olhos azuis.
Ezequiel contou-me que Ele tinha a majestade de um rei, o esplendor de um grande potentado, a glória de um profeta, a autoridade de um Moisés, ali, de pé, com suas roupas de camponês e seus pés descalços. Sentia-se que uma visão aparecera, e mesmo os que O conheciam sentiam-se tomados de respeitoso temor, pois nunca tinham visto envolvido em poder sobrenatural.
Vendo-o, João parou sua fala de censura, e chorou, estendendo as mãos para seu parente. Então, Jesus no meio daquele silêncio inexplicável, desceu o barranco e pediu que João O batizasse. João ficou horrorizado. Cruzou os braços sobre o peito, depois de tocar na testa com os dedos. E disse, em voz fraca. “Mas eu é que devia ser batizado por Ti.” Jesus sorriu meigamente e olhou para o rosto das pessoas que ali estavam. Inclinou a cabeça, entrou na água e esperou, calmamente. O povo tomava completamente os barrancos. Alguns de Nazaré murmuravam para seus vizinhos: “Mas é Jesus, nosso vizinho, nosso carpinteiro, o filho de Maria e José, que conhecemos!” Ficavam a olhar para os dois homens no rio, um de aparência tão selvagem, o outro tão silencioso e tão cheio de dignidade. E assim João batizou-O, erguendo a água verde em suas mãos trêmulas, o rosto maravilhosamente humilde, e com lágrimas nos olhos. As árvores espessas e as moitas lançavam sombras esmeraldinas sobre os dois, e ainda assim a barba e a cabeça de Jesus pareciam douradas.
Foi imediatamente depois do batismo que uma coisa estranha aconteceu, embora tivesse havido certa discussão quanto aos pormenores. Jesus ficou subitamente luminoso, como se as árvores se houvessem afastado bruscamente a fim de deixar passar o sol e sua luz rigorosa, e fosse deslumbrador demais aquele momento ppara que se pudesse olhar para Ele. Um pássaro branco surgiu, não se saberia dizer de onde, e pousou-lhe no ombro. E uma grande Voz foi ouvida, saindo do céu: “Tu és aquele meu Filho especialmente amado e em Ti é que tenho posto toda a minha complacência.”
Ezequiel jura que isto aconteceu, meu caro Lucano --- disse Isaque, enxugando as lágrimas de seus velhos olhos com a manga de sua veste ---, e Ezequiel jamais mentiu em sua vida. Voltou para Nazaré muito agitado e contou-me, explodindo depois em soluços. “Eu ouvi a voz de Deus!”, exclamava e tornava a exclamar, tapando os ouvidos com as mãos, como se tentasse reter aquele som. Estava fora de si de arrebatamento e medo, e ele é, habitualmente um jovem de muita compostura.
Quando nossos conterrâneos nazarenos voltaram para casa, muitos deles estavam nas condições de Ezequiel. Aglomeravam-se em torno da casa humilde de Maria e Jesus, onde eles viviam sozinhos desde a morte de José. Gritavam que Jesus viesse falar com eles, e finalmente Jesus saiu pata o limiar da porta, e as pessoas caíram prostradas diante Dele, que as abençoou, sorrindo, com aquele seu sorriso bondoso e compassivo. Conhecia sua gente e sabia quanto eram pobres aquelas pessoas, como eram desprezadas pelos levitas e fariseus, como eram oprimidas pelos impostos romanos, como eram sem defesa. Amava-as; eram sua gente.
  

(do Livro: Médico de Homens e de Almas – A história de São Lucas – Taylor Caldwell – Editora Record – Rio de Janeiro – 2014- pgs. 688 a 689)

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