“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 18 de julho de 2016

MENSAGEM DO CÉU


Maria de Ágreda – do Livro: Mística Cidade de Deus
A ordem da Criação de todas as coisas

Distribuem-se por instantes os divinos decretos, declarando o que em cada um determinou Deus acerca da Sua comunicação ad extra.

O primeiro instante é aquele em que conheceu Deus os Seus divinos atributos e perfeições, com a propensão e inefável inclinação para comunicar-Se fora de Si; e este foi o primeiro conhecimento de ser Deus comunicativo ad extra, contemplando Sua Alteza a condição de Suas infinitas perfeições, a virtude e eficácia que em si tinham para realizar magníficas obras. Viu que tão suma bondade, era convenientíssimo, na Sua equidade, e como devido e forçoso, comunicar-Se, para operar segundo a Sua inclinação comunicativa e exercer Sua liberalidade e misericórdia, distribuindo fora de Si, com magnificência, a plenitude de Seus infinitos tesouros, encerrados na divindade.
O segundo instante foi outorgar e decretar esta comunicação da Divindade com a razão e motivos de que fosse para maior glória ad extra e exaltação de Sua Majestade com a manifestação da Sua grandeza. E esta Sua exaltação própria olhou-a Deus, neste instante, como verdadeiro fim de comunicar-Se e dar-Se a conhecer, com a liberalidade de derramar Seus atributos e usar de Sua omnipotência, para ser conhecido, louvado e glorificado. 
O terceiro instante foi conhecer e determinar a ordem e disposição ou o modo desta comunicação, da forma que se conseguisse o mais glorioso fim de realizar tão árdua determinação: a ordem que deveria haver nos objetos e o modo e diferença de lhes comunicar a divindade e atributos, de forma que essa espécie de movimento do Senhor tivesse honesta razão e proporcionados objetos e que entre eles existisse a mais formosa e admirável disposição, harmonia e subordinação. Neste instante se determinou, em primeiro lugar, que o Verbo Divino tomasse carne e Se fizesse visível, e se decretou a perfeição e compostura da humanidade santíssima de Cristo nosso Senhor e ficou construída na mente divina; e, em segundo lugar, para os demais, à Sua imitação, idealizando a mente divina a harmonia da natureza humana, com seu adorno e compostura de corpo orgânico e alma para ele, com suas potências ou capacidades de conhecer e gozar do seu Criador, discernindo entre o bem o mal, com vontade livre, para amar o próprio Senhor.
E esta união hipostática (coexistência das 2 naturezas em Jesus - divina e humana) da segunda pessoa da Santíssima Trindade com a natureza humana, entendi que era como que forçoso fosse a primeira obra e objeto onde primeiro se manifestasse o entendimento e Vontade Divina ad extra por altíssimas razões que não poderei explicar. … E por estas e outras razões que não posso explicar, só no Verbo humanado se pôde satisfazer ou corresponder à dignidade das obras de Deus; com Ele, havia formosíssima ordem, na natureza, e sem Ele não a teria havido. 
O quarto instante foi decretar os dons e graças que se deveriam dar à humanidade de Cristo Senhor nosso, unida à divindade. Aqui, deu o Altíssimo largas à Sua liberal omnipotência e atributos, para enriquecer aquela humanidade santíssima e alma de Cristo com a abundância de dons e graças, na plenitude e grau possível.
A este mesmo instante, como consequência e em segundo lugar, pertence o decreto e predestinação da Mãe do Verbo humanado; de fato, aqui, entendi que foi ordenada esta criatura, antes que houvesse outro decreto de criar qualquer outra. E assim, foi primeiro que todas concebida na mente divina, tal como pertencia e convinha à dignidade, excelência e dons da humanidade de Seu Filho Santíssimo; e para Ela se encaminhou logo, imediatamente, com Ele, todo o ímpeto do rio da divindade e Seus atributos, tanto quanto era capaz de recebê-lo uma pura criatura e como convinha à dignidade de Mãe.
Na inteligência que tive de tão altos mistérios e decretos, confesso que me arrebatou a admiração, levando-me para fora de mim própria; e conhecendo esta santíssima e puríssima criatura, formada e criada na mente divina desde ab initio e antes de todos os séculos, com verdadeiro alvoroço e júbilo de espírito enalteço o Todo-Poderoso pelo admirável e misterioso decreto que teve de criar-nos tão pura, grande, mística e divina criatura, mais para ser admirada com o louvor de todas as demais do que para ser descrita por qualquer que fosse.
Muito se conhece, mas ignora-se muito mais ainda, porque este livro selado não foi aberto. Fico verdadeiramente suspensa, no conhecimento deste sacrário de Deus e reconheço o seu Autor como bem mais admirável na Sua formação do que em tudo o mais que foi criado, bem inferior a esta Senhora; embora a diversidade de criaturas manifeste com admiração o poder de seu Criador, só nesta Rainha de todas elas se encerram e contêm mais tesouros do que em todas juntas, e a variedade e preço de Suas riquezas engrandecem o Autor sobre todas as criaturas juntas.
Neste instante, a nosso entender, foi prometido ao Verbo, como por um contrato, a santidade, perfeição e dons de graça e glória que iria ter Aquela que havia de ser Sua Mãe; e a proteção, amparo e defesa que se iria ter com esta verdadeira cidade de Deus, em quem contemplou Sua Majestade as graças e merecimentos que por si mesma iria adquirir esta Senhora e os frutos que iria granjear para Seu povo com o amor e reconhecimento que daria a Sua Majestade.
Neste mesmo instante, e como em terceiro e último lugar, determinou Deus criar lugar e morada onde habitassem e vivessem o Verbo humanado e Sua Mãe; e, em primeiro lugar, para eles e só por eles criou o Céu e a Terra com seus astros e elementos e o que neles se contém; e a segunda intenção e decreto foi para que os membros de que viesse a ser cabeça e vassalos de quem fosse rei; com providência real se dispôs e previu de antemão tudo quanto era necessário e conveniente. 
E passo ao quinto instante, embora já tenha descoberto o que procurava. Neste quinto instante, foi determinada a criação da natureza angélica que, por ser mais excelente e de acordo, pelo seu ser espiritual, com a divindade, foi primeiro prevista e decretada a Sua criação e disposição admirável em nove coros e três hierarquias.
A este instante pertence a predestinação dos bons e condenação dos maus Anjos; nele viu e conheceu Deus, com Sua infinita ciência, todas as obras de uns e de outros, na Sua devida ordem, para predestinar com Sua livre vontade e liberal misericórdia os que Lhe iriam obedecer e reverenciar e para condenar com Sua justiça os que se iriam levantar contra Sua Majestade, em soberba e desobediência, por seu desordenado amor próprio. E ao mesmo instante pertence a determinação de criar o Céu empíreo, onde se manifestasse a Sua glória e nela premiasse os bons, e a terra e tudo o mais para as outras criaturas, e no centro ou mais profundo dela, o inferno, para castigo dos Anjos maus. 
No sexto instante, foi determinado criar povo e uma verdadeira multidão de homens para Cristo, já antes predeterminado na mente e vontade divina, e a cuja imagem e semelhança se decretou a formação do homem, para que o Verbo humanado tivesse irmãos semelhantes e inferiores e povo de Sua mesma natureza, de quem fosse cabeça. Neste instante se decretou a ordem da criação de toda a descendência humana, que começasse de um só homem e de uma só mulher e deles se propagasse até à Virgem e Seu Filho, pela ordem que foi concebido.

Muito breve e balbuciante sou neste capítulo, porque se poderiam ter feito com ele muitos livros; mas calo porque não sei falar e sou mulher ignorante e porque a minha intenção foi apenas declarar como a Virgem Mãe foi idealizada e prevista ante saecula, na Mente Divina.

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