SABÉIA FALA ATRAVÉS DO ESPÍRITO SANTO
A jovem, que não pode ouvir nada, que não pode ver nada, põe-se de
pé, tira o véu, descobre assim completamente a cabeça e estende os braços,
dando um forte grito:
“Ei-lo que vem a mim o meu Senhor! Este é o Messias, ó homens. Eu
vejo sobre Ele a luz de Deus, que no-lo mostra, e lhe presto honra!”, e se joga no chão, mas ficando em seu lugar, a uns
dois metros de Jesus, com o rosto no chão, por entre a grama, e ela grita: “ Eu te saúdo, ó Rei dos Povos, ó
Admirável, ó Príncipe da Paz, Pai do século sem fim, Chefe do novo povo de
Deus!”.
“Ó
Adonai, Tu és grande! Somente Tu és grande, Adonai! Grande és Tu no Céu e na
Terra, no tempo e nos séculos dos séculos, e além do tempo, desde sempre e para
sempre. Ó Senhor, Filho do Senhor. Debaixo dos teus pés estão os teus inimigos,
e mantém firme o teu poder no amor daqueles que te amam.”
“O
trono de meu Senhor está ornado com as doze pedras das doze tribos dos justos.
Na grande pérola, que é o trono, o branco e precioso trono resplandecente do
Santíssimo Cordeiro, estão encastoados topázios com ametistas, esmeraldas com
safiras, rubis e sardônicas, ágatas e crisólitos, e berilos, ônix, jaspes,
opalas. Os que crêem? Os que esperam, os que amam, os que se arrependem, os que
vivem e morrem na justiça, os que sofrem, os que deixam o erro pela verdade, os
que eram duros de coração, mas se tornaram mansos em seu Nome, os inocentes, os
arrependidos, os que de despojam de todas as coisas, para ficarem ágeis e
seguir o Senhor, as virgens de espírito resplandecente, com uma luz parecida
com uma aurora do Céu de Deus... Glória ao Senhor! Glória a Adonai! Glória ao
Rei sentado em seu Trono!”
“Olha
o teu Rei, ó povo de Deus! Procura conhecer o seu Rosto! A Beleza de Deus está
diante de ti. A Sabedoria de Deus veio usar de uma boca para te instruir. Não
são mais os profetas, ó povo de Israel, que te falam do Inominável. Ele mesmo.
Ele que conhece o mistério que é Deus e que te fala de Deus. Ele que conhece o
Pensamento de Deus, e que te aproxima do seu seio, ó povo ainda pequeno, depois
de tantos séculos, e te nutre com o leite da Sabedoria de Deus para tornar-te
adulto em Deus. Para fazer isso, Ele se encarnou em um seio. No seio de uma
mulher de Israel, grande mais aos olhos de Deus e dos homens, do que qualquer
outra mulher. Ela roubou o coração de Deus com um só de seus suspiros de pomba.
A beleza do seu espírito seduziu ao Altíssimo, e Ele dela fez o seu trono.
Maria de Aarão pecou, porque nela estava o pecado. Débora julgou o que se devia
fazer, mas não trabalhou com suas mãos. Jael foi forte, mas sujou-se com
sangue. Judite era justa, e temia o Senhor, e Deus esteve em suas palavras, e
lhe permitiu o ato, para que Israel fosse salvo, mas, por amor à Pátria usou de
uma astúcia homicida. Mas a mulher que o gerou supera essas mulheres, porque
Ela é a serva perfeita de Deus, e o serve sem pecar. Toda pura, inocente e
bela, Ele é o belo Astro de Deus, desde o seu surgir, até o seu ocaso. Toda
bela, resplendente e pura, para ser Estrela e Lua. Luz para os homens encontrarem
o Senhor. Ela não vai à frente, nem atrás da Arca Santa, como não vai à frente
Aarão, pois a Arca é Ela mesma. Sobre a onda escura da terra, coberta pelo
dilúvio das culpas, Ela desliza e salva, porque quem nela entra encontra o
Senhor. Pomba sem mancha, ela sai e leva consigo a oliveira da paz aos homens,
porque Ele é p Azeitona formosa. Ela se cala e em seu silêncio está falando e
trabalhando mais do que Débora, do que Jael e do que Judite, e não aconselhas
batalhas, não incita a matanças, não derrama outro sangue, a não ser o mais
escolhido, aquele com o qual fez o seu Filho. Mãe infeliz! Mãe sublime... Temia
Judite ao Senhor, mas de um homem tinha sido sua flor. Ela deu ao Altíssimo sua
flor intacta, e o Fogo de Deus desceu no cálice do lírio suave, e um seio de
mulher foi capaz de conter e transportar o Poder, a Sabedoria e o Amor de Deus.
Glória à Mulher! Cantai, ó mulheres de Israel, os louvores dela.”
“Adonai
Adonai, Tu és grande! Cantemos ao Divino um cântico novo! Shalém! Shalém!
Malquich! Paz! Paz! O Rei, ao qual nada resiste...”
“Não
há alguém que resiste. Escuta, ó povo. Desde que começou a minha dor, ó povo de
Betleque, tu me tens ouvido falar. Depois de anos de silêncio e de dor, eu
ouvi, e disse o que ouvi. Agora já não estou mais entre os verdes bosques de
Beltleque, como a virgem viúva que acha no Senhor sua única paz. Eu não tenho em
torno de mim somente os meus concidadãos para lhes dizer: Temamos o Senhor,
porque chegou a hora de estarmos prontos para o seu chamado. Embelezemos a
veste do nosso coração para não sermos indignos de sua presença entre nós.
Cinjamo-nos de fortaleza, porque a hora do Cristo é hora de prova.
Purifiquemo-nos como vítimas para o altar, a fim de que possamos ser escolhidos
Poe Aquele que no-lo ensina. Quem é bom, faça-se melhor. Quem é soberbo,
torne-se humilde. Quem sofre de luxúria, livre-se da carne, a fim de que possa
acompanhar o Cordeiro. O avarento se transforme em benfeitor, pois Deus nos faz
o bem por seu Messias, e cada um pratique a justiça, para poder pertencer ao
povo do Bendito que vem. Agora eu estou falando diante dele, e diante de quem
crê nele e também diante de quem não crê, e zomba do Santo, e daqueles que
falam e crêem em seu Nome e nele. Mas eu não tenho medo. Vós dizeis que eu sou
doida, vós, dizeis que quem fala em mim PE um demônio. Eu sei que poderíeis
fazer-me apedrejar como blasfemadora. Sei que isto que eu vos direi vos parecerá
um insulto e blasfêmia e me odiareis. Mas eu não tenho medo. Sou a última,
talvez das vozes que falam dele antes de sua manifestação, e terei talvez a
sorte de muitas outras vozes, mas não tenho medo. Muito longo é o exílio, no
frio e na solidão da terra, para quem pensa em ir para o Seio de Abraão, ao
Reino de Deus, que o Cristo abre para nós, mais santo do que o seio de Abraão.
Sabéia do Carmelo, da estirpe de Aarão não teme a morte, Mas teme o Senhor. E fala
quando Ele a faz falar, para não desobedecer a sua vontade. E diz a verdade,
porque fala de Deus, com as palavras que Deus lhe dá. Eu não temo a morte.
Mesmo que me chamásseis de demônio, e me apedrejásseis como blasfemadora, mesmo
que o pai, a mãe e os meus irmãos por essa desonra morrerem, eu não tremerei de
medo, nem de dó. Eu sei que o demônio não está em mim, porque em mim está
calada toda concupiscência, e toda Betleque sabe disso. Eu sei que as pedras
não poderão fazer outra coisa, além de colocarem uma parada mais breve do que
um respiro em meu canto, e, depois, mais ampla na liberdade do Além-terra. Eu
sei que a dor daqueles que são do meu sangue, Deus a confortará, e que ela será
breve, enquanto que eterna será depois a sua alegria de parentes mártires, por
causa de uma mártir. Não temo a vossa morte, mas sim a que me viria, se eu não
lhe obedecesse. Eu falo. E falo aquilo que me foi dito, ó povo escuta e escutai
vós ó escribas de Israel.”
Levanta
de novo a voz amargurada, e diz: “O antigo povo de Deus não pode cantar o cântico novo, porque não
ama ao seu Salvador. Cantarão o cântico novo os que forem salvos de todas as
nações, os do povo do Cristo Senhor, e não aqueles que odeiam o meu Verbo. Que
horror ( ela dá realmente um grito que
faz estremecer). A voz produz luz, e que a luz produza vista. Que horror! Que é que estou
vendo?”
“Eu
estou vendo! Estou vendo!”, e,
bebendo suas lágrimas ela continua: “Estou
vendo os delitos deste meu povo. E sou impotente para fazê-los cessar. Eu vejo
os corações dos meus compatriotas, e não os posso mudar. Que horror! Que
horror! Satanás deixou os seus lugares e veio fazer sua morada nos corações
destes.”
“Faze-a
calar!”, mandam os escribas a Jesus.
E
a mulher continua: “Eu volto à
terra, ao barro, ó Israel, que ainda sabes amar ao Senhor, Cobre-te de cinzas,
veste e cilício. Por ti mesma e por eles! Jerusalém! Salva-te, Jerusalém! Eu
vejo uma cidade tumultuada, pedindo um delito. Eu ouço, estou ouvindo o urro
dos que estão invocando com ódio um sangue sobre eles. Eu vejo que estão
levantando a vítima na Páscoa de sangue, vejo escorrendo aquele sangue, ouço
aquele sangue gritar mais do que o sangue de Abel, enquanto se abrem os céus, a
terra se sacode, e o sol escurece. E aquele sangue não grita vingança, mas pede
piedade para com o seu povo assassino, piedade para nós! Jerusalém,
converte-te. Aquele sangue! Aquele sangue, um rio. Um rio que lava o mundo,
curando-o de todos os males, cancelando todas as culpas. Mas para nós, para nós
de Israel, aquele sangue é um fogo, para nós ele é um escopo que escreve sobre
os filhos de Jacó o nome dos deicidas e a maldição de Deus. Jerusalém! Tem
piedade de ti mesma e de nós...”
“Ó Jordão, rio sagrado de nossos pais, que tens a onda azul e
encrespada, como um bisso precioso, e por ela refletes as claras estrelas e a
cândida lua, e acaricias os salgueiros de tuas margens, que és um rio de paz e,
contudo conheces tantas dores. Ó Jordão, que nas horas de tempestade, sobre as
ondas inchadas e agitadas, transportas as areias de milhares de torrentes com
as suas rapinas, e às vezes até troncos de tenros arbustos, sobre os quais está
um ninho, e sem teres dó do casal de passarinhos, que o vão acompanhando, piando
de dor, vendo o seu ninho destruído pela tua rapina. Assim verás, ó Sagrado
Jordão, atingido pela ira divina, arrancado das casas e do altar, e indo para a
ruína para perecer na maior das mortes, o povo que não quis o Messias. Salva-te
meu povo! Crê no teu Senhor! Segue o teu Messias! Reconhece-o pelo que Ele é.
Não é rei de povos e milícias. É Rei das almas, das tuas almas e de todas as
almas Ele é. Desceu para recolher as almas justas, e subirá de novo para
conduzi-las ao Reino eterno. Ó vós, que estais preocupados com o futuro da
Pátria, uni-vos ao Salvador. Que não morra completamente a semente de Abraão!
Fugi dos falsos profetas, das bocas mentirosas, dos corações rapinantes que
querem arrancar-vos dos braços da Salvação. Sai das trevas que vêm crescendo ao
redor de vós. Escutai a voz de Deus. No decreto de Deus, os grandes que vós
hoje temeis, já são pó. Mas um só é o Vivente. Os lugares nos quais eles
reinam, e dos quais eles vos oprimem, já são ruínas. Um só é o que dura,
Jerusalém! Onde estão os orgulhosos filhos de Sião, de que te gabas? Onde estão
os rabis e sacerdotes, com os quais te ornas e dos quais tanto admiras? Olha
para eles! Estão oprimidos com grilhões, vão para o exílio, passando pelo meio
dos escombros dos teus palácios, pelo meio do fedor dos mortos pela espada e
pela fome. Sobre ti está o furor de Deus, ó Jerusalém, que rejeitas o teu
Messias, e o golpeias no rosto e no coração. E, ti toda beleza está destruída.
Toda esperança para ti está morta. Profanados estão o Templo e o altar...” “...
foram-lhes arrancados os éfodes. Não valem mais nada...””... porque eles não
reinam mais. Agora há um outro, o Pontífice eterno, e ele é Santo e colocado
por Deus. Rei e Sacerdote eterno, por Aquele que faz suas as ofensas feitas ao
Cristo, e delas toma as vinganças. Um outro Pontífice, o verdadeiro, o Santo,
Ungido por Deus e pelo seu Sacrifício, no lugar daqueles sobre cuja fronte a
tiara é até um desdouro, pois ela cobre pensamentos de horror!
Ele veio para trazer-te a paz. E tu fizeste guerra. Saúde, e
escarneceste dele. Amor, e tu o odiaste. Milagre, e tu o chamaste de demônio.
Suas mãos curaram os teus doentes, e tu as traspassaste. Ele te trazia a luz, e
tu cobriste de cuspo e sujeira o rosto dele. Ele te trazia a vida, e tu lhe
deste a morte. Israel, chora o teu pecado, e não maldigas o Senhor, enquanto
vais indo para o teu exílio, que não terá fim como aqueles de outros tempos.
Percorrerás a terra toda, Israel, mas como um povo vencido e maldito,
perseguido pela voz de Deus, e com as mesmas palavras que Ele disse a Caim. E
aqui não poderás voltar a construir um ninho firme, a não ser quando
reconheceres com os outros povos que este é Jesus, o Cristo, o Senhor, Filho do
Senhor.”
...Põe os pés no chão, ó povo que ainda sabes amar. Cobre-te de cinzas,
veste-te com o cilício. O furor de Deus está suspenso sobre nós, como uma nuvem
carregada de granizo e de relâmpagos por cima de um campo amaldiçoado.”
...Paz, paz, ó Rei de justiça e de Paz, ó Adonai, grande e
poderoso, ao qual nem mesmo o Pai resiste! Impetra paz para nós, pelo teu Nome,
ó Jesus, Salvador e Messias, Redentor e Rei, e Deus três vezes Santo.”
(de Jesus à Valtorta - O Evangelho como me foi Revelado - Vol. 8)
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