“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A GUARDA ANGELICAL DE NOSSA SENHORA



MARIA DE ÁGREDA – DO LIVRO: MÍSTICA CIDADE DE DEUS

(Continuação do artigo anterior)

Como o Altíssimo manifestou aos santos Anjos o tempo determinado e oportuno da Concepção de Maria Santíssima e os que atribuiu para a Sua guarda.

 Ficou dito acima que para Deus não há passado nem futuro, porque tudo vê presente em Sua mente infinita, e tudo conhece com um ato simplicíssimo.  Já é tempo que comecemos a obra de nosso beneplácito, e criemos aquela pura criatura, que achará graça a Nossos olhos acima de todas as outras.  Criemos uma alma segundo nossos desejos, fruto de nossas perfeições, prodígio de nosso infinito poder, sem ser ofendida nem tocada pela mácula do primeiro pecado.

Seja imagem e semelhança unicamente de nossa Divindade e permaneça em nossa presença por toda a eternidade, para a plenitude de nosso beneplácito e agrado. Nela depositaremos todas as prerrogativas e graças que, em nossa primeira e condicional vontade, tínhamos destinado para os Anjos e homens, se  tivessem conservado no primeiro estado. 
Entre estes, o mais singular benefício e a maior honra será não sujeita- la à malícia de nossos inimigos; por isto, será livre da morte da culpa.  Este foi o decreto que as três Divinas Pessoas manifestaram aos santos Anjos, exaltando a glória e veneração de Seus Santíssimos, altíssimos e inescrutáveis desígnios.  Chegou o tempo - acrescentou Sua Majestade - determinado por nossa providência, para fazer surgir a criatura mais agradável e aceite a nossos olhos: a restauradora da primeira culpa da estirpe humana, aquela que esmagará a cabeça do dragão; singular mulher que em Nossa presença apareceu como um grande sinal (Ap 12,1), e que há de vestir de carne humana ao eterno Verbo. 
Ainda que Sua geração e formação hão de ser pela ordem comum da natural propagação, seja diferente na ordem da Graça, segundo a disposição de Nosso imenso poder.  Conheci, nesta ocasião, que desde aquela grande batalha travada no Céu entre São Miguel e o dragão com seus aliados (Ap 12,7); depois da qual estes foram lançados às trevas exteriores, e os vitoriosos exércitos de São Miguel confirmados na graça e glória; começaram estes santos espíritos a pedir o cumprimento dos mistérios da Encarnação que então conheceram. Nestas petições contínuas perseveraram, até a hora que Deus lhes manifestou o cumprimento de seus desejos e súplicas.  
Logo nomeou o Altíssimo quais seriam empregados em tão alto ministério, e escolheu cem de cada um dos nove coros, somando novecentos. Em seguida, nomeou outros doze, para mais frequentemente A assistirem em forma corporal e visível. Levavam dísticos e emblemas da Redenção, e eram os doze guardas das portas da cidade referidos pelo Apocalipse (Ap 21,12), e dos quais falarei adiante na explicação daquele capítulo. Além destes, designou o Senhor outros dezoito Anjos dos mais superiores, para que subissem e descessem por esta mística escada de Jacob, com embaixadas da Rainha à Sua Alteza e do Senhor para Ela.  
Além de todos estes santos Anjos, assinalou o Altíssimo outros setenta Serafins, dos supremos e mais próximo ao trono da Divindade. Deviam comunicar-se com a Princesa do Céu pelo mesmo modo como entre si eles se comunicam, ou seja, pela iluminação que os inferiores recebem dos superiores. … Quando alguma vez se ausentava e ocultava o Senhor - como adiante veremos  estes setenta Serafins a iluminavam e consolavam. A eles confiava os afetos de Seu ardentíssimo amor e ânsias pelo seu tesouro escondido. 
O número setenta, correspondeu aos anos de Sua vida santíssima que foram, não sessenta, como direi em seu lugar.  Seus principais chefes foram condecorados com a honra de fazer parte do número dos custódios da Rainha e Senhora. Reunidos, somam o número de mil, entre Serafins e os outros Anjos de ordens inferiores. Com isso, esta Cidade de Deus ficou superabundantemente guarnecida contra os exércitos infernais.  Para melhor ordenar este invencível esquadrão, foi nomeado seu chefe o príncipe da milícia celestial, São Miguel, que embora não assistisse sempre com a Rainha, muitas vezes A acompanhava e se Lhe manifestava. 
O Altíssimo o incumbiu de alguns ministérios como especial embaixador de Cristo Senhor nosso, para atender à guarda de Sua Mãe Santíssima. De igual modo, foi nomeado o santo príncipe Gabriel, para do Eterno Pai descer com legações e ministérios referentes à Princesa do Céu.  A princípio Ela não as entendeu, porque o Altíssimo ordenou a estes santos Anjos não lhe revelassem que viria a ser Mãe de seu Unigênito até o tempo determinado por Sua Divina Sabedoria. 

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