Jesus diz:
“Os justos são sempre sábios
porque, sendo amigos de Deus, vivem em sua companhia e são instruídos por Ele,
que é Infinita Sabedoria. Os meus avós eram justos e por isto tinham a
sabedoria. Podiam dizer com verdade quanto diz o Livro, cantando os louvores da
Sabedoria, no livro: “Eu a amei e a procurei desde a juventude e procurei
torná-la minha esposa”.
Ana de Arão era a mulher forte
de quem fala o nosso Avô. E Joaquim da estirpe do rei Davi, não tinha procurado
tanto a formosura ou riqueza, quanto a virtude. Ana possuía uma grande virtude.
Todas as virtudes reunidas num maço perfumado de flores, para tornar-se uma
única lindíssima coisa, a Virtude. Uma virtude real, digna de estar perante o
trono de Deus. Joaquim tinha portanto desposado duas vezes a sabedoria “amando-a
mais que qualquer outra mulher”: a sabedoria de Deus encerrada no coração da
mulher justa.
Ana de Arão não procurara
outra coisa senão unir a sua vida à de um homem reto, certa de que na retidão
está a alegria das famílias. Sendo a insígnia da “mulher forte” não lhe faltava
nada a não ser a coroa dos filhos, glória da mulher casada, justificação do
casamento, do qual fala Salomão. À sua felicidade não lhe faltavam senão os
filhos, flores da árvore que se une à árvore vizinha obtendo assim a abundância
de novos frutos, na qual duas bondades se fundem em uma, pois, também do lado
do esposo, nunca lhe viera nenhuma desilusão.
Ela, agora a caminho da
velhice, há decênios mulher de Joaquim, era sempre para ele “a esposa da sua
juventude, a sua alegria, a cerva tão querida, a graciosa gazela”, cujas
carícias tinham sempre o fresco encanto da primeira noite de núpcias e
fascinavam docemente o seu amor, mantendo-o fresco como uma flor que o orvalho
umedece e ardente como fogo constantemente alimentado. Por isto, em suas aflições por não terem
filhos, um dizia ao outro “palavras de consolo em pensamento e em cuidados”.
Quando chegou a hora, a Sabedoria eterna, depois de tê-los instruído na vida,
os iluminou com os sonhos da noite, alvorada do poema de glória que devia
provir deles, Maria Santíssima, a minha mãe. Se na sua humildade não pensaram
nisto, seus corações porém, tremeram de esperança, ao primeiro sinal evidente
da promessa de Deus. Nas palavras de Joaquim já havia certeza: “Espera,
espera... convenceremos Deus com nosso amor fiel”.
Sonhavam com um filho: tiveram
a Mãe de Deus. As palavras do livro da Sabedoria parecem escritas para eles:
“Por ela alcançarei glória perante o povo... por ela alcançarei imortalidade e
deixarei memória eterna àqueles que depois de mim virão”. Mas, para conseguir
tudo isto, tiveram de fazer-se discípulos de uma virtude veraz e duradoura,
imune a qualquer acontecimento. Virtude de fé. Virtude de caridade. Virtude de
esperança. Virtude de castidade. A castidade dos esposos! Eles a possuíram;
porque não é preciso ser virgem para ser casto. E os leitos conjugais castos
têm a proteção dos anjos recebendo filhos bons, que fazem da virtude dos pais a
norma de suas vidas. Mas agora onde estão estes filhos? Hoje não se quer mais
filhos e não se quer tampouco a castidade. Por isso eu digo que o amor e o
leito conjugal estão profanados."
(de Jesus à Valtorta – O
Evangelho como me foi Revelado, Vol, 1)
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