“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

domingo, 22 de maio de 2016

AS PENITÊNCIAS



A penitência sozinha não dá reparação à culpa

 Minha filha, não o sabes? Todos os sofrimentos que um homem suporta ou pode suportar nesta vida são suficientes para satisfazer a menor culpa. Sendo eu um bem infinito, a ofensa contra mim pede satisfação infinita. Desejo que o compreendas. Os males desta existência não são punições, mas correção a filho que ofende. Assim, a satisfação se dá pelo amor, pelo arrependimento e pelo desprezo do pecado. Esse arrependimento é aceito no lugar da culpa e do reato, não pela virtude dos sofrimentos padecidos, mas pela infinitude do amor. Deus, que é infinito, quer amor e dor infinitos.
 A dor por ele desejada é infinita em dois sentidos: com relação à ofensa feita contra o Criador e com relação àquela feita ao próprio homem. 
Quem se acha unido a mim por um amor infinito, sofre quando me ofende ou vê que outros me ofendem; igualmente, quando padece no corpo ou no espírito, qualquer seja a sua origem, tem merecimento infinito. Dessa forma satisfaz pela culpa, que era merecedora do inferno. Embora praticadas no tempo finito, são ações válidas, pois fortalecem-nas as virtudes, a caridade, a contrição, o desprezo da culpa, que são infinitos.
 Foi quanto ensinou Paulo, ao afirmar: "Se eu falasse a língua dos anjos, adivinhasse o futuro, partilhasse os meus bens com os pobres, e entregasse o corpo às chamas, mas não tivesse a caridade, tudo isso de nada valeria" (1Cor 13,13). O glorioso apóstolo faz ver que os gestos finitos são insuficientes para punir ou satisfazer, sem a força da caridade.
Filha, fiz-te ver que a culpa não é reparada neste mundo pelos sofrimentos, suportados unicamente como sofrimentos, mas sim pelos sofrimentos aceitos com amor, com desejo, com interna contrição Não basta a força da mortificação; ocorre o anseio da alma. 
O mesmo acontece, aliás, com a caridade e qualquer outra virtude, que somente possuem valor e produzem a vida em meu Filho Jesus Cristo crucificado, isto é, na medida em que a pessoa dele recebe o amor e virtuosamente segue suas pegadas. Somente assim adquirem valor. As mortificações satisfazem pela culpa na feliz comunhão do amor, adquirido na contemplação da minha bondade. Satisfazem graças à dor e à contrição quando praticadas no autoconhecimento e na consciência das culpas pessoais. 
Esse conhecimento de si gera desprezo pelo mal, pela sensualidade ³, induz o homem a julgar-se merecedor de castigos e indigno de recompensa. Assim - acrescentava a doce Verdade _ é pela contrição interior, pelo amor paciente e pela humildade, considerando-se merecedora de castigos e não de prêmio, que a pessoa oferece reparação.


(do Livro O Diálogo – Santa Catarina de Sena)

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