O GALO AINDA NÃO TERÁ
CANTADO, E TU ME TERÁS RENEGADO TRÊS VEZES
“Senhor Jesus, mas para onde vais?” - pergunta Pedro.
“Eu vou para onde, por enquanto, não me podes acompanhar. Mas mais tarde
me acompanharás...”
“E por que não agora? Eu te acompanhei sempre, desde aquele dia em que
me disseste: “Acompanha-me”. Eu deixei tudo, sem ficar com saudade... Agora,
ires Tu sem o teu pobre Simão, deixando-me privado de tua companhia, de Ti, que
és o meu Tudo, depois de por Ti eu ter deixado os meus poucos bens de antes,
não é bom, nem fica bonito da tua parte. Vais morrer? Está bem. Mas eu também
vou. Iremos juntos para o outro mundo. Mas antes eu te defenderei. Estou pronto
a dar vida por Ti.”
“Tu darás a vida por Mim? Agora? Agora, não. Em verdade, oh! Eu em
verdade te digo: O galo ainda não terá cantado, e tu já me terás renegado três
vezes. Agora estamos ainda na primeira vigília. Depois virá a segunda... e
depois a terceira. Antes que ouçamos o cantar do galo, tu, por três vezes já
terás renegado ao teu Senhor.
“É impossível, Mestre. Eu creio em tudo o que dizes. Mas nisto, não. Eu
estou seguro de mim mesmo.”
“Agora, por enquanto, estás seguro. mas é porque, por enquanto ainda me
tens a Mim. Tens a Deus contigo. Daqui a pouco, o Deus Encarnado será preso, e
não o tereis mais. E Satanás, depois de vos ter já enganado - e até esta tua
segurança já é uma astúcia de Satanás, como um embaraço para vos enganar - vos
amedrontará. Ele vos insinuará que “Deus não existe. Mas eu, sim.” E, assim
como, por mais obtusos que estiverdes pelo espanto, ainda raciocinareis e
compreendereis que, quando Satanás é o dono da hora, o Bem morreu, e quem trabalha
é o Mal, então abate-se no homem o seu espírito, e só triunfa sua parte humana.
Então, ficareis como uns guerreiros sem chefe, perseguidos pelo inimigo e, com
um desânimo de vencidos, curvareis vossos pescoços diante do vencedor e, para
não serdes mortos, renegareis o herói que caiu.
“Mas Eu vos peço uma coisa... Que o vosso coração não se perturbe. Crede
em Deus. E crede também em Mim. E creia na minha misericórdia e na do Pai,
tanto aquele que ficar como o que fugir. Tanto o que se cala, como o que vai
abrir a boca para dizer: “Eu não o conheço.” Crede igualmente no meu perdão. E
crede que, sejam quais forem no futuro as vossas ações, elas vos darão um lugar
igual no Céu.
Na Casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vo-lo teria
dito. Porque Eu vou na vossa frente, a fim de preparar um lugar para vós. Não é
assim que os bons pais fazem, quando precisam levar para outro lugar os seus
filhos pequemos? Eles vão na frente, preparam a casa, os móveis e o
abastecimento. Depois é que voltam para levar seus caros filhinhos. Assim fazem
por amor. Para que nada falte aos pequeninos, e eles não se sintam em
necessidade no novo lugar. É assim que Eu também faço. E pelo mesmo motivo.
Agora Eu me vou. E, quando tiver preparado a cada um o seu lugar na Jerusalém
celeste, virei de novo, e vos tomarei comigo, para que estejais comigo onde Eu
estou, onde não haverá morte, nem luto, nem lágrimas, nem gritos, nem fome, nem
dor, nem trevas, nem calor, mas somente luz, paz, felicidade e canto.
Oh! O canto dos Céus Altíssimos, quando os doze eleitos estarão em seus
tronos com os doze patriarcas da tribos de Israel, e, no ardor do fogo do amor
espiritual, eles cantarão, elevados sobre mar da felicidade, o canto eterno,
que terá como eternos arpejos o eterno aleluia do exército angélico...
(o Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta)
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