VIVER NA PREGUIÇA DIZENDO: “DEUS DARÁ” É PECADO
Diz Jesus:
Em verdade, vos digo: Vós não Me estais procurando para
ouvir-me e pelos milagres que vistes, mas por aquele pão que Eu vos dei a comer
à vontade e sem pagar nada. Três quartas partes de vós era por isso que Me
procuravam, e por curiosidade, vindos de todos os lados de nossa Pátria, Nessa
busca vossa, faltou o espírito sobrenatural, e vos fica ainda dominando o
espírito humano com suas curiosidades doentias ou, menos, com uma imperfeição
infantil, não por ser simples como a dos pequeninos, mas porque diminuída, como
a inteligência de alguém que tem uma mente obtusa. E, com a curiosidade vem
junto a sensualidade e um sentimento viciado. A sensualidade, que se esconde
sutil como o demônio do qual é filha, atrás das aparências e em atos
aparentemente bons e o sentimento viciado, que é simplesmente um desvio mórbido
do sentimento, e que, como tudo o que é “doença”, tem necessidade de
medicamento e os apetece, de medicamentos que não são o alimento simples, como
um bom pão, uma água boa, um óleo genuíno, o primeiro leite, que basta para
viver, e viver bem. O sentimento viciado precisa de coisas extraordinárias para
sentir um calafrio que passa, o calafrio doentio dos paralisados, que têm
necessidade de medicamento para terem sensações que os iludam, e os façam
pensar que ainda estão íntegros e viris. A sensualidade, que quer satisfazer
sem esforços a gula, neste caso, com um pão adquirido sem o suor do rosto, mas
pela bondade de Deus.
Os dons de Deus não são um costume, mas uma coisa
extraordinária. Não se pode pretender tê-los, nem viver na preguiça dizendo: “Deus
os dará”. Está escrito: “Comerás o pão molhado com o suor do teu rosto”, isto
é, o pão que se galha trabalhando. Porque, se Aquele que é Misericórdia disse: “Tenho
compaixão deste povo, pois ele me segue há três dias e não tem mais o que comer
e poderia desfalecer pelo caminho antes de chegar a Hipo, na beira do lago, ou
em Gamala, ou a alguma outra cidade”, e o proveu, contudo não está dito que
deva ser seguido por isso.
Há de ser por muito mais do que por um pedaço de pão, que,
afinal, vai-se transformar em excremento depois da digestão, é que Eu estou
sendo seguido. Não é pelo alimento que enche o ventre, mas por aquele que nutre
a alma. Porque vós não sois somente uns animais, que precisam pastar e ruminar,
ou fuçar e engordar.
Mas vós sois almas!
Isto é o que sois!
A carne é uma veste, a essência é a alma.
É ela que é duradoura.
A carne, como as vestes, se desgasta e acaba, e não merece
que se cuide dela como se ela fosse uma coisa perfeita, à qual se devam dar
todos os cuidados.
Procurai, pois, o que é justo que se procure, não o que é
injusto. Tratai de procurar para vós, não o alimento perecível, mas o que dura
para uma vida eterna. Este, o Filho do Homem vo-lo dará sempre, basta que o
queirais. Porque o Filho do Homem tem à sua disposição tudo o que vem de Deus e
o pode dar. Ele é o Dono, e um dono magnânimo, dos tesouros de Deus Pai, que
imprimiu nele o seu selo, a fim de que os olhos honestos não se enganem. E, se
tiverdes em vós o alimento não perecível, podereis fazer as obras de Deus,
sendo nutridos como o alimento de Deus.”
(de Jesus à Valtorta, Vol. 5, pgs 388 a 390)
Sem comentários:
Enviar um comentário