JESUS COM A MÃE EM NAZARÉ
“Quem
está batendo?”
“Sou
Eu minha Mãe!”
“Meu
Filho!” É um doce grito de alegria, e um grito ainda que tenha sido emitido em
baixo tom. Ouve-se o barulho feito pelas mãos nos ferrolhos, e o deslizar
destes... e a porta se abre, deixando passar uma onda de luz dourada por sobre
a escuridão da noite. Maria cai nos braços de Jesus, ali mesmo na entrada, como
se não pudessem tardar nem um minuto, Ele a recebê-la, e Ela a lançar-se sobre
o seu Coração.
“Filho,
meu Filho...”. Beijos e doces palavras: “Minha Mãe – Meu Filho...”
Maria
explica em voz baixa: “Todos estão dormindo. Eu velava... Desde quando voltaram
Tiago e Judas, dizendo que Tu virias depois deles, eu sempre fiquei esperando
até tarde. Estás com frio, Jesus? Sim estás gelado. Vem, eu deixei a lareira
acesa. Vou jogar nela um feixe de gravetos. Assim te aquecerás.”
E
o leva pela mão, como se Ele continuasse a ser o seu pequenino Jesus.
A
chama brilha, alegre e crepitante na lareira realimentada. Maria olha para
Jesus, que estende as mãos para aquecê-las perto das chamas. “Como estás
pálido! Não estavas assim, quando nos separamos... Estás ficando magro e
descorado meu Filho. Há tempo, Tu eras de leite e rosas. Mas agora pareces ser
feito de marfim velho. Que houve de novo contigo, meu Filho? Serão como sempre,
os fariseus?”
“Sim...
e mais outras coisas. Mas agora estou feliz, aqui contigo, e logo estarei bem.
Este ano as Encênias se fazem aqui, minha Mãe! Eu atinjo a idade perfeita, aqui
ao teu lado. Estás contente?”
“Sim,
Mas a idade perfeita para Ti, meu coração, ainda está longe... És ainda jovem,
e para mim és o meu Menino. Aqui tens o leite quente. Queres bebê-lo aqui, ou
lá?”
“Lá,
minha Mãe. Ainda está muito quente. Eu o beberei, enquanto fores cobrir o
tear.”
Voltam
para a saleta, e Jesus se assenta numa caixa-banco, ao lado da mesa, e bebe o
seu leite. Maria olha para Ele, e sorri. E sorri mais ainda, quando toca no
saco que Jesus trouxe, e o põe sobre uma pequena mesa. Sorri tanto, que Jesus
lhe pergunta: “Que é que estás pensando?”
“Estou me lembrando de que Tu chegaste
justamente no aniversário de nossa partida para Belém... também naquele dia
havia sacos e cofres abertos e cheios de roupas, especialmente uns paninhos...
para um Pequenino, que podia nascer, como dizia José. Que devia nascer, dizia
eu a mim mesma em Belém de Judá... Eu os havia escondido no fundo, porque José
tinha medo disso. Ele não sabia que o nascimento do Filho de Deus não estaria
sujeito, nem por ele mesmo, nem pela Mãe do Menino, ás misérias do dar à luz e
do nascer. Não sabia... e por isso que tinha medo de estar longe de Nazaré
comigo naquele estado. Eu tinha certeza de que lá eu já seria uma
parturiente... Tu estavas muito exultante em mim, pela alegria de teres chegado
ao teu Natal e ao Natal da Redenção, e eu não podia enganar-me. Os Anjos
volteavam, como turbilhões ao redor da Mulher, que consigo trazia a Ti, meu
Deus... Agora, não era mais o Arcanjo sublime, nem era o dulcíssimo Anjo que me
guarda, como faziam eles nos meses que vieram antes. Agora, eram coros e mais coros
de anjos que desciam do Céu de Deus ao meu pequeno Céu: o meu seio, onde Tu
estavas... Eu os ouvia cantar e dizerem uns aos outros suas palavras de luz...
palavras que revelavam a ânsia deles por te verem, o Deus Encarnado... E eu ao
ouvia, durante suas fugas de amor, vindos do Paraíso para te adorarem a Ti, o
Amor do Pai, escondido em meu seio. E eu procurava aprender as palavras
deles... os cantos deles... os seus ardores... Mas uma criatura humana não pode
dizer nem ter coisas do Céu...”
Jesus
a escuta sentado e Ela em pé perto da mesa, como uma sonhadora, e Jesus cheio
de felicidade, com uma das mãos posta sobre a madeira escura, e a outra sobre o
coração... E Jesus lhe cobre a mãozinha branca e gentil com a sua, que é mais
longa e escura, e aperta em seu punho aquela mãozinha santa... E, quando Ela se
cala, quase lastimando-se por não ter podido aprender dos Anjos as palavras, os
cânticos e todos os ardores deles, Jesus diz: “Todas as palavras dos anjos,
todos os seus cantos, todos os seus ardores não me teriam feito feliz sobre a
terra se Eu não tivesse tido os teus, minha Mãe. Tu me disseste e me deste o
que eles não puderam dar-me. Não tu deles, mas eles de ti é que aprenderam...
Vem cá, minha Mãe, ao meu lado, e continua a contar... Não coisas daquele
tempo... mas de agora.
(de
Jesus à Valtorta, Vol.5, pgs. 51, 52, 53)
Sem comentários:
Enviar um comentário