Depois de Pedro ter
visto a transfiguração no Monte Tabor, ele diz:
“Ah! Senhor. Eu digo também, como tua mãe dizia ontem: “Por
que nos fizeste isso?”, e digo ainda: “Por que nos disseste isso?” As tuas
últimas palavras cancelaram em nossos corações a alegria da gloriosa vista.
Grande dia de medo este! Primeiro fez-nos medo aquela grande luz que nos
despertou, mais forte do que se o monte ardesse, ou que se a lua tivesse
descido a irradiar luz sobre o planalto, diante de nossos olhos. Depois o teu
aspecto e aquilo de te destacares do solo como se fosse ir embora voando. Eu
fiquei com medo de que Tu, aborrecido pelas maldades de Israel, voltasse ao
Céu, talvez por ordem do Altíssimo. Depois, fiquei com medo vendo a aparição de
Moisés, que o povo do seu tempo não podia olhar o véu, tanto brilhava em seu
rosto o reflexo de Deus, e ainda era homem, ao passo que agora é um espírito
feliz e aceso por Deus, e Elias... Misericórdia Divina! Eu pensei que tinha
chegado ao meu último momento e todos os pecados de minha vida, desde quando
roubava frutas na despensa, quando era pequeno até o último, quando te
aconselhei mal, há poucos dias, tudo isso me veio a mente. Com que temor eu me
arrependi! Depois, pareceu-me que aqueles dois juntos gostassem de mim e criei
coragem para falar. Mas depois até o amor deles por mim me fazia medo, porque
eu não mereço o amor de espíritos como aqueles. E depois... e depois!... O medo
dos medos! A voz de Deus!... Javé falou! E a nós! Ele nos disse: “Ouvi-o!” A Ti
Ele te proclamou “seu Filho-amado, no qual Ele se compraz.” Que medo! Javé... a
nós... Certamente só mesmo uma força como a tua pode conservar-te vivo!...
Quando Tu tocaste em nós e sentíamos teus dedos queimando como pontas de fogo,
eu tive o último dos espantos. Achei que tinha chegado a hora de ser julgado e
que o Anjo me estivesse tocando para tirar-me a alma e levá-la ao Altíssimo...
Mas, como foi que fez tua Mãe para ficar vendo, percebendo e continuando viva,
naquela hora de que falaste ontem, sem que Ela morresse, Ela que estava
sozinha, era uma jovenzinha, e estava sem Ti?”
“Maria, a sem Mancha, não podia ter medo de Deus. Eva também
não tinha medo Dele enquanto foi inocente, e Eu lá estava. Eu, o Pai e o
Espírito. Nós, que estamos no Céu e na terra e em todos os lugares, e que
tínhamos o nosso Tabernáculo no coração de Maria”, diz docemente Jesus.
“Que coisa! Que coisa! Mas depois Tu falaste de morte. E
acabou-se toda alegria... Mas, por que tudo só havia de acontecer conosco, os
três? Não ficava bem que fosse dada a todos esta visão da tua glória?”
“Justamente porque vós já estais desmaiando só por ouvir
falar da morte, e morte por meio de um suplício do Filho do homem, o Homem-Deus
vos quis fortalecer para aquela hora e para sempre com o conhecimento prévio do
que Eu serei depois da Morte. Recordai-vos de tudo isso, para que possais dizer
a seu tempo. Compreendestes?”
“Oh! Sim, Senhor. É impossível esquecer. E seria inútil falar
naquilo. Todos diriam que estávamos “embriagados”.
(de Jesus à Valtorta, Vol. 5, pgs. 354, 355)
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