OS TRÊS ANOS DE EVANGELIZAÇÃO
Diz Jesus:
O tempo do terceiro ano de vida pública
também chega ao fim. Chegamos agora ao período preparatório para a Paixão. Nele
tudo parece limitar-se a umas poucas ações e a poucas pessoas. E quase uma
diminuição de minha figura e da minha missão... Na realidade, Aquele que já
parecia vencido e esmagado, era o herói, que se preparava para a apoteose, e,
ao redor dele, não as pessoas, mas as paixões das pessoas estavam centralizadas
e levadas aos seus máximos limites.
Tudo o que precedeu, e que talvez em
certos episódios pareceu sem razão de ser aos leitores indispostos ou
superficiais, aqui se ilumina com sua luz fosca ou esplendente. Especialmente as
figuras mais importantes. Aquelas que muitos não querem reconhecer que são
úteis, precisamente porque nelas está a lição para os mestres de agora, que são
mais do que nunca ensinados para se tornarem mestres espirituais. Como Eu disse
ao João e ao Manaem, nada daquilo que Deus faz é inútil, nem mesmo um fio de
erva. Assim também nada há de supérfluo neste trabalho. Nem as figuras
esplendidas, nem as fracas e tenebrosas. Ao contrário, para os mestres de
espírito são de maior utilidade as figuras fracas e tenebrosas, mais do que as
figuras bem formadas e heróicas.
Como do alto de um monte, perto do cume,
se pode ver toda a conformação do monte e a razão de ser dos seus bosques, de
suas torrentes, dos pardos e das encostas, para se ir desde a planície até o
pico, e de lá se vê toda a beleza do panorama, e, então, mais forte se torna a
nossa persuasão de que as obras de Deus são todas úteis e estupendas e que uma
serve e completa a outra, e que todas estão presentes para formarem a beleza da
Criação, assim, para quem é de um espírito reto, todas as diversas figuras,
episódios, lições destes três anos da minha vida evangélica, contemplados como
lá do alto do cume do monte da minha obra de Mestre, servem para dar uma visão
exata daquele complexo político, religioso, social, coletivo, espiritual,
egoísta até o delito ou altruístico até o sacrifício, no qual Eu fui Mestre, e
tornei-me Redentor. A grandiosidade do drama não se vê somente em uma cena, mas
em todas as partes dele. A figura do protagonista emerge das diversas luzes com
que iluminamos as partes secundárias.
Já perto do cume, e o cume era o
sacrifício, para o qual Eu me havia encarnado, desdobradas todas as pregas
escondidas dos corações e todas as intrigas das seitas, não há mais o que fazer
com o viandante que já chegou perto do cume. Olhar, e olhar tudo e todos.
Conhecer o mundo hebraico. Conhecer o que Eu era: o Homem acima da
sensualidade, do egoísmo, do rancor, o Homem que teve que ser tentado pelo
mundo inteiro para a vingança, para o poder, para as alegrias, mesmo as
honestas das núpcias e do lar, que teve que suportar tudo, vivendo a distância
entre a imperfeição e o pecado do mundo, e a minha Perfeição, e que a todas as
vozes, a todas as seduções, a todas as reações do mundo, de Satanás e do eu, e
permanecer puro, manso, fiel, misericordioso, humilde, obediente até a morte na
Cruz.
Compreenderá tudo isso a sociedade de
agora, a qual Eu dou este conhecimento de Mim, para torná-la forte contra os
assaltos sempre mais fortes de Satanás e do mundo?
Também hoje, como há vinte séculos, a
contradição estará entre aqueles para os quais Eu me revelo. Eu sou sinal de
contradição, mais uma vez. Mas não Eu, por Mim mesmo, ainda que Eu respeite o
que neles Eu suscito. Os bons, os de boa vontade terão as reações boas dos
pastores e dos humildes. Os outros terão as reações más, como os escribas, os fariseus,
os saduceus e os sacerdotes daquele tempo. Cada um dá o que têm. O bom, que
entra em contacto com os maus, desencadeia uma efervescência de maior maldade
neles. E o juízo já terá sido feito sobre os homens, como o foi na Sexta-feira de
Parasceve, de acordo com o modo tiverem julgado, aceitado e seguido o Mestre
que, com uma nova tentativa de sua infinita misericórdia, se faz conhecer mais
uma vez.
A todos os que se lhe abrirem os olhos, e
me reconhecerem, e disserem: “É Ele. Por isso que o nosso coração ardia em
nosso peito, enquanto Ele nos falava, e nos explicava as Escrituras.”
A minha paz a estes, e a ti, pequeno,
fiel, amoroso João.”
(de Jesus à Valtorta, Vol. 8, pgs.347,
348)
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