JESUS E UM JUDEU
“Os
homens são perfeitos em seus espíritos?”
“Não.
Porque Adão pecou, e nós temos aquela culpa em nós. E ela nos torna fracos. O
homem perdeu a Graça do Senhor, a única força pela qual podíamos
regular-nos...”
“E
o Senhor sabe disso?”
“Ele
sabe tudo.”
“E
então tu achas que Ele não tem misericórdia, levando em conta as coisas que
enfraquecem o homem? Achas tu, então, que Ele vai exigir dos pecadores o que
Ele podia exigir do primeiro Adão? Nisto é que está a diferença, que vós não levais
em conta. Deus é Justiça, sim. É poder, sim. Pode ser até rigor para com o
impenitente, que continua em seu pecado. Mas, quando Ele vê que um dos seus
meninos, todos são meninos nesta terra, pois a vida aqui é apenas uma hora da
eternidade para o espírito, o qual se torna adulto pelo exame espiritual de sua
maioridade, no Juízo Particular, quando Ele vê que um dos seus meninos falta,
porque está descuidado, porque é lerdo em saber discernir, porque é pouco
instruído, porque é fraco em alguma coisa ou em muitas coisas, pensas tu que o
Pai Santíssimo o possa julgar com um rigor inexorável? Tu o disseste. O homem
perdeu a Graça, a força para reagir à tentação e aos apetites. Tu o disseste. E
Deus sabe disso. E não é preciso ficar tremendo por medo de Deus, nem evitá-lo,
como fez Adão depois da culpa. O que é preciso é recordar-se de que Ele é Amor.
O seu rosto resplende sobre os homens, mas não para reduzi-los a cinzas, mas,
sim, para confortá-los, como o sol nos conforta com seus raios. O Amor, e não o
rigor, é o que é irradiado por Deus. São raios de sol, e não uma chuva de
flechas fulminantes. E, afinal... que é que por Si mesmo o Amor impôs? Terá
sido alguma carga insuportável? Será algum código com uma finalidade de
capítulos, que facilmente se esquecem? Não. Mas somente os dez Mandamentos. Por
que se há de levar o homem como um animal freado, um poldro que, se não estiver
freado vai para sua própria ruína? Mas, quando o homem estiver salvo, quando
lhe for dada de novo a Graça, quando chegar o Reino de Deus, isto é, o Reino do
Amor, aos filhos de Deus e aos súbditos do Rei será dada somente uma ordem, e
nela estará tudo: “Ama ao teu Deus com tudo o que és e tens, e ao teu próximo
como a ti mesmo!” Por que tu crês, ó homem, que Deus-Amor não pode tornar mais
leve o jugo, e até torná-lo suave, e que o amor tornará fácil o serviço de Deus
não mais temido, mas amado? Amado somente, amado por Si mesmo e amado em nossos
irmãos. Como será simples a última Lei. Assim como Deus é perfeito em sua
simplicidade.
Escuta:
ama a Deus com tudo o que és e que tens, ama o teu próximo como a ti mesmo.
Medita nisto. Aqueles pesados seiscentos e treze preceitos, e todas as orações
já não está tudo contado nestas duas frases, livrando-vos das cavilações
inúteis, que não são religião, mas escravidão diante de Deus? Se amas a Deus,
certamente tu o honras em todas as horas. Se amas ao próximo, certamente não
lhe fazes nada que lhe cause sofrimento. Tu não mentes, não roubas, não matas
nem feres, não és adúltero. Não é assim?”
“Assim
é... Mestre justo, eu quereria ficar contigo, mas o Gamaliel já perdeu para Ti
seus melhores discípulos... Eu...”
“Não
é ainda a hora para vires a Mim. Quando ela chegar, o teu próprio mestre te
dirá, porque ele é um justo.”
“Ele
o é de verdade? Tu o dizes?”
“Eu
o digo, porque é verdade. Eu não sou como alguém que abate para subir, depois
sobre o abatido. Eu reconheço a cada um o que é seu... Mas, eis que nos estão
chamando... Certamente encontraram alojamento para nós. Vamos...”
(de
Jesus à Valtorta, Vol 7, pgs. 308, 309)

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