O GRANDE MENDIGO
“Não
há limite para o amor e o perdão. Não há. Nem em Deus, nem nos verdadeiros
filhos de Deus. Enquanto há vida, não há limite. A única barreira que se opõe à
descida do perdão e do amor é a resistência impenitente do pecador. Mas, se ele
se arrepende, sempre é perdoado. Ainda que pecasse, não uma, mas duas ou três
vezes por dia, e muitas mais.
Vós
também pecais e quereis o perdão de Deus, e a Ele ides, dizendo: “Pequei!
Perdoa-me.” E para vós é doce o perdão, como para Deus é doce perdoar. E vós
não sois deuses. Por isso é menos grave a ofensa que um vosso semelhante vos
faz do que o que ele faz Aquele que não é semelhante a nenhum outro. Não vos
parece? E, no entanto, Deus perdoa. Fazei vós também a mesma coisa. Olhai para
vós. Cuidado para que a vossa intransigência não se transforme para vós em
prejuízo, provocando a intransigência de Deus contra vós.
Eu
já o disse, e o repito ainda. Sede misericordiosos, para obterdes misericórdia.
Ninguém é tão sem pecado, que possa ser inexoráveis para com o pecador. Olhai
para os vossos pesos, antes de ficardes olhando os que gravam o coração do
outro. Tirai primeiro os vossos do vosso espírito, e depois voltai-vos para os
dos outros, a fim de mostrar para com os outros, não um rigor que condena, mas
um amor que ensina e os ajuda a ficarem libertados do mal. Para poderdes dizer,
e não serdes silenciados pelo pecador, para poderdes dizer: “Tu pecaste contra
Deus e contra o próximo.” É preciso não ter pecado, ou pelo menos ter dado uma
reparação pelo pecado.
Para
poderdes dizer aquele que se rebaixou por ter pecado: “Tem fé, pois Deus perdoa
a quem se arrepende, e deveis mostrar muita misericórdia no perdoar. Então
podereis dizer: “Estás vendo, pecador arrependido? Eu perdôo as tuas culpas
sete e sete vezes, porque sou servo daquele que perdoa vezes sem número a quem
outras tantas vezes se arrepende de seus pecados.
Pensa,
então, como te perdoa o Perfeito, se eu, só porque o sirvo sei perdoar. Tem fé!”
Assim é que deveis poder dizer.
Por
isso se o vosso irmão peca, repreendei-o com amor, e, se ele se arrepende,
perdoai-lhe. E, se no fim do dia tiver pecado sete vezes, e sete vezes vos
disser: “Eu estou arrependido do que fiz!, outras tantas vezes perdoai-lhe.
Entendestes?
Prometei-me
que o fareis? Enquanto ele está longe, me prometeis que vos compadecereis dele?
Que me ajudareis a curá-lo com o sacrifício de vos conterdes, quando ele erra?
Não quereis ajudar-me a salvá-lo? Ele é um vosso irmão pelo espírito, vindo de
um único Pai, e pela raça vindo de um único povo, pela missão sendo apóstolo
como vós. Três vezes o deveis amar por isso. Se na vossa família tivésseis um
irmão, que dá tristeza ao pai, e dá que falar de si, não procurareis corrigi-lo
para que o pai não sofra mais, e o povo não fique falando mal de vossa família?
E, então? Não é a vossa uma família maior e santa, a família cujo Pai é Deus, e
cujo primogênito sou Eu? Por que, então, não quereis consolar ao Pai e a Mim, e
ajudar-nos a tornar bom o pobre irmão que, podeis crer, não é feliz por estar
assim...”
Jesus
está, com muito esforço, implorando um favor do apóstolo tão cheio de faltas...
E termina dizendo: “Eu sou o Grande
Mendigo. E vos peço a esmola mais preciosa: almas, é o que vos peço. Eu as vou
procurando. Mas vós me deveis ajudar... Matai a fome do meu Coração, que
procura amor, e não o encontra, a não ser em muito poucos. Porque aqueles que
não tendem para a perfeição são para Mim como uns pães tomados da minha fome
espiritual. Daí almas ao vosso Mestre, que está aflito por ser desamado e incompreendido...”
Os
apóstolos estão comovidos... muitas coisas quereriam dizer, mas todas as suas
palavras lhes parecem mesquinhas... Eles se unem bem perto do Mestre, e todos o
querem acariciar, para lhe darem a entender que o amam.
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 6. Pgs. 428, 429)
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