“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O COLÓQUIO DE JESUS E MARIA


O COLÓQUIO DE JESUS E MARIA


Estão falando um com o outro dos seus parentes... de José de Alfeu, sempre teimoso, de Simão, que não é lá muito corajoso em sua profissão de fé, dominado como está pelo primeiro de seus irmãos, que é obstinado e autoritário em suas idéias, como era o pai deles. A grande dor de Maria, que gostaria que todos os seus sobrinhos fossem discípulos do seu Jesus...
E Jesus a conforta, e, para desculpar o primo, fala bem da forte fé israelita dele: “É um grande obstáculo, sabes? Um verdadeiro obstáculo. Porque todas as fórmulas e preceitos formam uma barreira para a aceitação da ideia messiânica em sua verdade. É mais fácil converter um pagão, desde que seja um espírito ainda não completamente corrompido. O pagão ainda reflete, e enxerga a boa diferença entre o seu Olimpo e o meu Reino. Mas Israel... Israel em sua parte mais culta... sente dificuldade para seguir o conceito novo!...”
“E, no entanto, aquele conceito sempre persiste!”
“Sim. É sempre o Decálogo, são sempre as profecias. Mas tudo isso foi deturpado pelo homem. E tomou tudo isso, tirando tudo das esferas sobrenaturais onde estava, e o trouxe para o nível desta terra, para o clima deste mundo, e o manipulou junto com sua humanidade, e modificou tudo... O Messias. Rei espiritual do grande Reino, que se chama de Israel, porque o Messias nasce do trono de Israel, mas que é mais justo dar-lhe o nome de Cristo, porque Cristo centraliza o que há de melhor em Israel, tanto do atual, como do passado, e o sublima com sua perfeição de Deus-Homem, e o Messias para eles não pode ser o Deus manso, pobre sem aspiração para o poder e a riqueza, obediente aos que nos dominam, por um castigo divino, pois na obediência está a santidade, desde que essa obediência não desvirtue a grande Lei. E, por isso, pode-se dizer que a fé deles luta contra a verdadeira Fé. Desses obstinados e convencidos de serem eles uns justos, há tantos... e em todas as classes, e até entre os meus parentes e apóstolos. Podes crer, ó Mãe, que a obtusidade deles para crer em minha Paixão vem daí. Os erros de avaliação deles é daí que se originam... Até mesmo a teima e obstinação deles, quando consideram os gentios e os idólatras, não vendo neles o homem, quando deviam olhar o espírito do homem, aquilo que tem uma única origem e ao qual Deus queria dar um único destino: o Céu. Olha Bartolomeu... Ele é um exemplo. É ótimo, e sábio, está disposto a tudo, para dar-me honra e conforto... Mas diante, Eu já não digo, de uma Aglaé nem de uma Síntique, que já é uma flor, se for comparada à pobre Aglaé, que somente a penitência é capaz de transformar de lama em flor, mas nem mesmo diante de uma pobre menina, cuja sorte causa dó, e cujo instintivo pudor atrai admiração, e nem o meu próprio exemplo o convence, E, nem as minhas palavras, pois para todos é que Eu vim.”
“Tens razão. Até o próprio Bartolomeu e Judas de Keriot, os dois mais doutos, ou pelo menos o douto filho de Tolmai e Judas de Keriot, que não sei exatamente a que classe poderá pertencer, mas que está impregnado, saturado das auras do Templo, são os mais resistentes. Mas... Bartolomeu é bom, e sua resistência é ainda desculpável. Judas... não. Ouviste o que disse Mateus, que foi de propósito à Tiberíades... E Mateus tem experiência da vida, especialmente daquela vida... Por isso é justa a observação de Tiago de Zebedeu: “Mas, quem dá tanto dinheiro ao Judas?” Porque aquela vida custa dinheiro... Pobre Maria de Simão!”
Jesus faz o seu gesto com as mãos, querendo dizer: “Assim é!”, e suspira. Depois diz: “Já ouviste dizer? As romanas estão em Tiberíades... Valéria não me mandou dizer nada, mas eu preciso saber, antes de retomar o meu caminho. Eu, te quero comigo em Cafarnaum, por algum tempo, minha Mãe... Depois tu voltarás para cá. Eu irei para os confins da Siro-Fenícia, e de lá voltarei para saudar-te, antes de descer para a Judéia, a ovelha teimosa de Israel...”
“Meu filho, amanhã de tarde eu irei. Levarei comigo Maria de Alfeu. Aurea irá para a casa de Simão de Alfeu, porque não ficaria sem crítica ficar ela convosco mais dias... Assim é o mundo... E eu irei. Em Caná, como primeira etapa, e, depois pela manhã partirei, e irei fazer uma parada na casa da mãe de Salomé de Simão. E, ao pôr do sol, partirei de novo, e chegaremos, pois ainda será sai claro em Tiberíades. Irei à casa do discípulo José, porque quero, pessoalmente, ir à casa de Valéria, e, se eu fosse à casa de Joana, ela quereria ir... Não. Eu, Mãe do Salvador, serei aos seus olhos, diferente da discípula do Salvador... e não me dirá que não. Não tenhas medo, meu Filho!”
“Eu não tenho medo. O que me preocupa é que te canses.”
“Oh! Para salvar uma alma! Que é este nada que é andar vinte milhas, estando o tempo bom?”
“Mas será um cansaço também moral. Fazer perguntas... ficar talvez humilhada?”
“Pouca coisa, e passa logo. Mas uma alma fica!”
“Serás como uma andorinha extraviada do bando, na Tiberíades corrompida. Leva contigo Simão.”
“Não, meu Filho. Nós duas somente, duas pobres mulheres... Mas são duas mães e duas discípulas. Isto significa duas forças morais... Eu agirei logo. Deixa-me ir... Basta que NE abençoes.”
“Sim, minha Mãe. Com todo o meu coração de Filho, e com todo o meu poder de Deus. Vai, e que os anjos te acompanhem pelo caminho.”
“Obrigada, Jesus. Agora vamos entrar. Eu deverei levantar-me de manhã cedo para preparar todas as coisas para os que vão viajar e para os que ficam. Dize a oração, meu Filho...”
Jesus se levanta, Maria também, e, juntos dizem o Pai-nosso...
Depois tornam a entrar em casa, fecham a porta... a luz desaparece, e cessam todas as vozes humanas. O que continua é só o vento suave por entre as frondes e o rumorejo leve do fio de água, caindo no pequeno tanque.


(de Jesus à Valtorta, Vol 7, pgs. 32 a 35)

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