“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

MARIA A TODA BELA


MARIA, A TODA BELA


“Mestre, não te agradam as flores?” Tomé interpela o Mestre, que tinha ficado escutando tudo, mas sem falar.
“Tudo na Criação me agrada. Mas estas flores estão entre as minhas prediletas...”
“Por que?”, perguntam muitos. E, ao mesmo tempo, Judas pergunta: “E as víboras, também te agradam?”, e ele se ri.
“Elas também. Servem...”
“Para quê?”, perguntam muitos.
“Para morder. Ah! Ah! Ah!”, ri-se, zombeteiro, Judas.
“Nesse caso, deveriam agradar-te, e muito”, replica Tadeu, esmagando a risada com um subentendido bem claro. Agora, são os outros que se riem, pelo bote bem dado.
Jesus não se ri. Está até pálido e triste. Olha para os seus doze, e especialmente para os dois antagonistas, que olham um com ira e o outro com severidade, e responde a todos, deixando para responder ao Iscariotes em particular.
“Se Deus as fez, é sinal de que servem. Nada há de inútil nem de totalmente nocivo entre os seres criados. Só o mal é que é totalmente e somente nocivo, e ai daqueles que se deixam morder por ele. Um dos pontos de sua mordida é a incapacidade de distinguir melhor entre o Bem e o Mal, é o desvio da razão e da consciência pervertida para coisa não boas, e é a cegueira espiritual pela qual, ó Judas do Simão, não se vê mais resplandecer o poder de Deus sobre as coisas, até sobre as pequeninas. Nesta flor, ele está escrito pela beleza, pelo perfume, pela forma tão inteligente de qualquer flor, por esta gota de orvalho, que treme e brilha suspensa do cílio de cera desta minúscula pétala, e parece uma lágrima de reconhecimento para com o Criador, que tudo fez, e tudo bem feito, tudo útil, tudo variado. Mas está escrito que tudo era bonito aos olhos dos progenitores, enquanto eles não tinham as cataratas do pecado. E tudo lhes falava de Deus, enquanto nas coisas, ou melhor, nas pupilas deles não foi instilado o líquido que alterou neles a capacidade de ver a Deus. Também no momento atual, quanto mais Deus se lhe revela, mais o espírito se torna soberano em uma criatura...”
“Salomão cantou as maravilhas de Deus, e também Davi... e não tinham com certeza seu espírito como soberano! Mestre, desta vez te peguei num erro.”
“Um sem-vergonha é que és tu! Como tens a ousadia de dizer isso?”, detona Bartolomeu.
“Deixa-o falar. Não lhe dou importância. São palavras que o vento dispersa, e com as quais não ficarão escandalizadas nem as ervas nem as plantas. Nós, os únicos que as escutamos, sabemos dar a elas o peso que realmente têm, não é verdade? E não pensemos mais nelas. A juventude é muitas vezes irrefletida. Tem dó dela... Mas alguém me havia perguntado porque é que prefiro o lírio dos convales. Eu lhes respondo assim: “Pela sua humildade. Nele tudo fala de humildade... Os lugares de que ele gosta... a postura da flor... Ele me faz pensar em minha Mãe. Esta flor... Tão pequena! E, no entanto, procurai perceber o odor de um só de seus caules. O ar, ao redor, fica todo perfumado por ele... Também minha Mãe, humilde, modesta, desconhecida, que só pedia que a deixassem desconhecida... Também o perfume da santidade dela foi tão forte, que me atraiu do Céu...”
“Estarás vendo um símbolo de tua Mãe naquela flor?”
“Sim, Tomé.”
“E achas que os nossos antigos ao louvarem o lírio do vale, já a ressentissem?”, pergunta Tiago do Alfeu. Naquele tempo eles a comparavam a outras plantas e flores, à rosa, à oliveira, e aos mais gentis dos animais: às rolas, às pombas...”
“Cada um dizia dela aquilo que achava ser mais belo entre as criaturas. E, entre as outras criaturas, Ela é realmente a Toda Bela.
Contudo Eu a chamaria lírio do convale, a pacífica oliveira se tivesse que celebrar os seus louvores”, e Jesus se alegra e se ilumina, pensando em sua Mãe, e se afasta para ficar só...


(de Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 346 a 348)





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