JESUS USA A NATUREZA PARA ENSINAR
Jesus,
quando se vê observado, passa saudando: “A paz e a bênção de Deus esteja
convosco”, e eles respondem: “E a bênção de Deus volte para Ti”, ou
simplesmente: “Esteja contigo também.”
Alguns
mais faladores, fazem que Jesus se interesse pela colheita, e lhe dizem: “Foi
boa este ano. Olha só que espigas bem granadas, e como estão bem fincadas no
chão. Dá trabalho ceifá-las. Mas elas são pães!...”
“Sede
agradecidos ao Senhor por isso. Vós
sabeis que não é por palavras, mas com obras que se há de mostrar a gratidão. Sede
misericordiosos nesta vossa colheita, pensando no Altíssimo que foi
misericordioso com suas orvalhadas e com o sol para os nossos campos, a fim de
que tivésseis muito trigo. Lembrai-vos do preceito do Deuteronômio. Pensai ao
recolherdes a riqueza que Deus vos deu, em quem não a tem, e deixai-lhes um
pouco do que é vosso. Santa mentira é essa que é caridade para com o vosso
próximo, e que Deus está vendo. Melhor é estar pronto a deixar, do que recolher
com avidez. Deus abençoa os generosos. Dar
é melhor do que receber, porque obriga o justo Deus a dar em maior abundância
àquele que teve piedade.
Jesus
vai passando, e repetindo os seus conselhos de amor.
...Em
certo momento, faz sinal a João, a Judas Iscariodes e a um dos mais velhos, que
Ele chama de Bartolomeu, e, tendo-os ao redor de Si, diz: “Mas, observai este
pequeno inseto, que trabalho está fazendo, Olhai. Há tempo que Eu estou
observando. Ele quer tirar deste cálice tão pequeno o mel que está lá no fundo.
Mas, como não consegue passar, olhai. Ele espicha primeiro uma patinha, depois
a outra, e as molha no mel. Depois se alimenta com ele. Em poucos momentos
esvazia o conteúdo do cálice. Vede que coisa admirável é a Providência de Deus!
Não deixando de saber que, sem certos órgãos, o inseto, criado para ser um
crisólito voando sobre o verde dos prados, não podia alimentar-se, por isso o
muniu desses minúsculos pelos, que ele tem ao longo das perninhas. Vós os
estais vendo? Nem tu, Bartolomeu? Não? Olha bem. Agora vou pegá-lo, e to
mostrar contra a luz.”
E
delicadamente pega o pequeno besouro, que parece de ouro brunido, e o põe
deitado de costas em sua mão.
O
besouro se faz de morto, e os três observam suas perninhas. Depois ele se põe a
espernear para fugir. Naturalmente ele não consegue, mas Jesus o ajuda, e o põe
em pé, o animalzinho caminha sobre a palma de sua mão e vai até a ponta dos
dedos, pendura-se e abre as asas. Mas ele está ainda desconfiado.
“Ele
não sabe que Eu só quero o bem de todos os seres, e só tem o seu pequeno
instinto. É perfeito, se o considerarmos em sua natureza, que é suficiente para
tudo aquilo de que ele precisa, mas é muito inferior ao pensamento humano. E
isso é porque o inseto é irresponsável, se ele fizer alguma má ação. O homem,
não. O homem tem em si uma luz de inteligência superior, e mais a terá quanto
mais instruído for nas coisas de Deus. Por isso ele será responsável pelas suas
obras.”
“Então,
Mestre”, diz Bartolomeu, “nós, a quem Tu ensinas, temos muita responsabilidade?”
“Muita.
E mais responsabilidade tereis no futuro, quando o Sacrifício se tiver
consumado, e a Redenção tiver vindo, e, com ela a Graça, que é força e Luz. E, depois dela, virá quem ainda
mais vos fará compreender para querer. Quem, pois, não quiser, será muito
responsável.”
“Então,
bem poucos se salvarão!”
“Por
que, Bartolomeu?”
“Porque
o homem é tão fraco!”
“Mas
sua fraqueza se fortifica, porque tendo confiança em Mim, ele se torna forte.
Pensais que Eu não compreendo as vossas lutas? E não tenha dó de vossas
fraquezas? Estais vendo? Satanás é como aquela aranha, que está tecendo a sua
teia daquele raminho até este fuste. O fio é tão subtil e traiçoeiro. Olhai
como ele brilha. Parece a prata de uma filigrana impalpável. Ele ficará
invisível durante a noite, e amanhã pela manhã estará brilhando como pedrinhas
preciosas, e as mocas imprudentes, que giram pela noite adentro, procurando
alimentos pouco limpos, lá cairão, como também as pequeninas mariposas, que são
atraídas por tudo o que brilha...”
Outros
apóstolos se aproximam, e estão ouvindo as lições tiradas dos reinos vegetal e
animal.
“...Pois
bem, o meu amor faz para com Satanás o que está fazendo agora a minha mão. Está
destruindo a teia. Olhai como a aranha sai fugindo, e vai esconder-se. Ela tem
medo do mais forte. Também Satanás tem medo do mais forte. E o mais forte é o
Amor.
Não
seria melhor destruir a aranha?”, diz Pedro, que é muito prático em suas
conclusões.
“Seria
melhor. Mas essa aranha cumpre o seu dever. É verdade que ela mata as pequenas
mariposas, tão bonitinhas, mas também extermina um grande número de moscas
sujas, que transmitem doenças e contaminações de doentes para os sãos, de
mortos para vivos.”
“Mas,
em nosso caso, o que a aranha faz?”
“Que
ela faz, Simão? Ela faz aquilo que a boa vontade faz em vós. Destrói as
tibiezas, os quietismos, as vãs preocupações. Ela vos obriga a estar
vigilantes. Que é que nos torna dignos de prêmio: É a luta e a vitória. Podeis
ter vitória, sem que tenhais tido luta? A presença de Satanás nos obriga a uma
contínua vigilância. O Amor, pois, que vos ama, torna a presença dele não
inexoravelmente nociva. Se estiverdes perto do Amor, Satanás tenta, mas
tornou-se incapaz de fazer-vos um verdadeiro mal.
“Sempre?”
“Sempre.
Nas grandes, como nas pequenas coisas. Por exemplo, uma pequena coisa. A ti ele
inutilmente aconselha que tomes cuidado com a tua saúde. É um conselho
traiçoeiro, procurando separar-te de Mim. O amor te conserva unido a Mim, Simão,
e as tuas dores perdem valor até aos teus próprios olhos.”
“Sim.
Mas não fiques desanimado por isso. Eia! Sus! O Amor te dará tanta coragem, que
agora ele é o primeiro a sorrir diante da tua natureza humana, que treme com as
tuas reumas...”
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs.339, 340, 341)
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