MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA A MARIA VALTORTA
OBS: Numa visão anterior, Valtorta havia
visto os órfãos Maria e Matias pedindo comida na casa do fariseu Ismael, que
negou ajuda. Porém Jesus vendo a grande injustiça com os pequenos faz um
milagre em um pé de macieira, que de seco que estavam os galhos, de repente aparecem
algumas maçãs que saciam a fome dos dois órfãos. Depois os acolhe e os abriga.
21 de Agosto de 1944.
“Maria, fala a Mãe.
O meu Jesus falou da infância do
espírito, um dos requisitos necessários para a conquista do Reino. Ontem eu te
mostrei uma página da sua vida de Mestre. Tu viste meninos. Uns pobres meninos.
Não havia outras coisas a dizer? Sim. E eu as vou te dizer. A ti, que eu quero
tornar sempre mais querida para Jesus. É uma esfumatura, no quadro que falou ao
teu espírito, para o espírito de muitos. Mas as esfumaturas, que fazem ficar
bonito um quadro, são elas que revelam a capacidade do pintor e a sabedoria do
observador. Eu quero fazer-te notar a humildade do meu Jesus.
Aquela pobre menina, em sua ignorante simplicidade, não trata
de modo diferente o pecador, que tem um coração de pedra, e o meu Filho. Ela
não entende o que é Rabi, nem o que é Messias. É pouco menos do que uma
selvagem, que viveu nos campos, em uma casa onde desprezavam o Mestre, porque o
fariseu Ismael desprezava o meu Jesus e, por isso, ela nunca ouviu falar dele,
e nunca o tinha visto.
O pai e a mãe dela, alquebrados por um trabalho duro, que o
cruel patrão exigia deles, não tinham tido tempo nem modo de levantar a cabeça
dos torrões das glebas, que eles esboroavam. Talvez já tivessem ouvido,
enquanto estavam ceifando o feno ou as messes, ou colhendo frutas e cachos de
uvas, ou quebrando azeitonas no duro trabalho das moendas, algum clamor de
hosanas e, então, terão levantado por um momento a cabeça cansada. Mas o medo e
o cansaço terão feito abaixarem-se de novo aquelas cabeças, como sob um jugo.
Eles tinham morrido, pensando que o mundo fosse somente ódio e dor. Enquanto
que, pelo contrário, o mundo era amor e bem, desde quando os santíssimos pés do
meu Jesus o passaram a calcar. Pobres servos de um patrão, eles morreram, sem
terem encontrado, nem uma vez o olhar e o sorriso de meu Jesus, nem ouviram a
sua palavra, que dava tal riqueza ao espírito que, por ela, os indigentes se
sentiam com que enriquecidos e os esfaimados saciados, os doentes sãos e os que
sofriam consolados.
Pois bem. Jesus não diz: “Eu, que sou o Senhor, te digo: Faze
isto.” Ele se conserva anônimo.
E aquela pequena, tão ignorante que não compreendia nada, nem
mesmo diante do milagre da macieira despojada até de folhas, mas que enche um dos
seus ramos de maçãs para matar a fome deles, ela o continua a chamar “Senhor”,
como chamava a Ismael de patrão e a Jacó de cruel. Ela se senta atraída pelo
bom Senhor, pois a bondade sempre atrai. E mais nada. Ela o acompanha com
confiança. E passa a amá-lo de repente, como por um instinto, pobre pequeno
ser, perdido neste mundo, e numa ignorância desejada pelo mundo, do grande
mundo dos poderosos e gozadores, que querem deter nas trevas os inferiores, a
fim de poderem torturá-los à vontade e tirar deles o maior proveito.
Saberá, pois, quem era aquele “Senhor” que, pobre como ela,
sem casa nem alimento, sem mãe, pois tudo havia deixado por amor aos homens,
até daquela migalha de homem que era ela, pobre criatura ainda pequena, aquele
Senhor que lhe havia dado frutos miraculosos, querendo tirar-lhe dos lábios e
do coração o amargor da maldade humana, que cria o ódio dos miseráveis contra
os poderosos, por meio de um fruto do Pai, não com um pedaço de pão oferecido
tardiamente e que para ela teria tido sempre um sabor de dureza e de pranto.
Verdadeiramente aquelas maçãs recordavam a do Paraíso
Terrestre. Um fruto que apareceu no ramo para o Bem e para o Mal, teria
significado a redenção de todas as misérias e, antes de todas, a da ignorância
de Deus para os dois orfãozinhos, e significando o castigo para aquele que,
conhecendo já a Palavra, tinha agido como se não a conhecesse. Saberá pois da
boa mulher que a acolheu em nome de Jesus, quem era Jesus, que para ela foi
muitas vezes Salvador. Salvador da fome, das interpéries, dos perigos do mundo
e da culpa original?
Mas para ela Jesus sempre teve a luz daquele dia, e naquela
luz sempre lhe apareceu: o Senhor bom, de uma bondade incrível, o Senhor que
tinha carícias e dons, o Senhor que tinha feito esquecer de que não tinha pai
nem mãe, que estava sem casa e sem roupa, porque Ele é doce como uma mãe, e
lhes havia dado um ninho em seu cansaço e uma coberta para a sua nudez, com a
veste do seu peito e o seu manto e os de outras boas pessoas que estavam com
Ele.
Uma luz paternal e suave, que não pereceu sob as ondas das
lágrimas, nem mesmo quando ela ficou sabendo que Ele estava sendo atormentado
sobre uma cruz, nem mesmo quando, como uma das pequenas fiéis da primitiva
Igreja, ela viu em que se havia transformado o rosto do seu “Senhor”, debaixo
das pancadas e dos espinhos, e quando pensou como estava Ele agora no Céu, à
direita do Pai. Uma luz que lhe sorriu, em sua última hora na terra, conduzindo-a
sem temor para o seu Salvador, uma luz que lhe sorriu de novo, e tão
inefavelmente doce, no fulgor do Paraíso.
Jesus olha assim também para ti. Procura vê-lo sempre, como a
tua longínqua homônima, e sê feliz por este amor dela. Sê simples, humilde,
fiel como a pobre pequena Maria, que ficaste conhecendo. Vê até onde ela
chegou, apesar de ser uma pobre e pequena ignorante de Israel: chegou ao
Coração de Deus. O amor se lhe revelou, como a ti, e ela se tornou douta na
verdadeira Sabedoria.
Tem fé, fica em paz. Não há miséria que o meu Filho não possa
transformar em riqueza e não há solidão que Ele não possa preencher, como não
há falta que Ele não possa cancelar. O passado não existe quando o amor o anula.
Mesmo que tenha sido um passado horrendo. Queres tu temer, se não teve medo
Dimas, o ladrão?
Ama, ama, e não tenhas medo de nada.
A Mãe te deixa a sua benção.
(O Evangelho como meu foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 5,
pgs. 26 a 28)
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