“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 24 de outubro de 2015

ENSINAMENTOS DE JESUS PARA SE CHEGAR AO BANQUETE COM DEUS NO CÉU




ENSINAMENTOS DE JESUS PARA SE CHEGAR AO BANQUETE COM DEUS NO CÉU



“Jesus, tem piedade de mim!” É uma voz lamentosa, que entra pelas janelas abertas, pois a sala está fechada e com os lampadários acesos. Talvez fechada por causa do frio.
“Quem está me chamando?”
“Só pode ser algum importuno. Eu vou fazer que o expulsem. Ou talvez seja algum mendigo. Farei que lhe dêem um pão.”
“Jesus, eu estou doente. Salva-me!”
“Eu já o disse. É um importuno. Vou castigar os servos por o terem deixado passar.” E Ismael se levanta.
Mas Jesus, mais novo do que ele pelo menos uns vinte anos, e mais alto a partir da base do pescoço para cima, faz que ele se assente, pondo-lhe a mão no ombro e dando-lhe esta ordem: “ Fica quieto ai, Ismael. Eu quero ver quem é esse que está me procurando. Fazei que ele entre.”
Entra um homem de cabelos ainda pretos. Pode ter uns quarenta anos. Mas está inchado como uma barrica e amarelo como um limão maduro. Tem os lábios arroxeados e semi-abertos, em uma boca ofegante. Vem acompanhando-o a mulher da primeira parte desta visão.
O homem anda para frente com dificuldade, tanto por causa da doença, como pelo medo que tem. Ele se vê olhado com más intenções! Mas Jesus deixou o seu posto, e foi para perto do infeliz, pegando-o pela mão, e levando-o para o centro da sala, para um espaço vazio, por entre as mesas. E precisamente bem para debaixo do lampadário.
“Mestre... eu tenho procurado muito... e há muito tempo... Nada mais quero, a não ser a saúde... também para os meus filhos e minha mulher... Tu podes tudo... Olha a que fiquei eu reduzido!”
“E crês que Eu te possa curar?”
“Se eu creio!... Cada passo que eu dou é para mim uma dor... cada sacudidela um sofrimento... e, no entanto, eu andei quilômetros para procurar-te... e depois, com o carro, ainda vim vindo atrás de Ti... mas nunca te alcançava... Se eu creio!... Eu estou espantado é por não estar ainda curado, quando a minha mão está dentro da Tua, pois tudo de Ti é santo, ó Santo de Deus.”
O pobrezinho sopra como um fole por causa do esforço que fez para dizer todas aquelas palavras. A mulher olha para o marido e para Jesus, e chora.
Jesus olha para eles, e sorri. Depois se vira, e pergunta: “Tu, velho escriba, (dirige-se ao velho trêmulo, que falou por primeiro), responde-me> é permitido curar aos sábados?”
“Aos sábados não é permitido fazer obra alguma.”
“Nem mesmo salvar alguém do desespero? Isso não é um trabalho braçal.”
“O sábado é consagrado ao Senhor.”
“Que obra há mais digna de um dia sagrado do que a de fazer que um filho de Deus possa dizer ao Pai: Eu te amo e te louvo, porque me curaste?”
“Isso ele deve fazer, mesmo que seja um infeliz.”
“Cananias, estás sabendo que, neste momento, o teu bosque mais bonito está completamente incendiado, e que em toda a encosta do Hermon se está refletindo a cor purpúrea das chamas?”
O velhinho dá um salto, como se uma cobra o houvesse picado.
“Mestre, estás dizendo a verdade ou estás brincando?”
“Eu digo a verdade. Eu estou vendo, e sei.”
“Oh! Infeliz de mim! O meu bosque mais belo! São milhares de ciclos que viraram cinza! Ó maldição! Que sejam malditos os cães que nele puseram fogo. Que pegue fogo nas vísceras deles, como pegou nas minhas árvores!” O velhinho está desesperado.
“É apenas um bosque, Cananias, e tu te lamentas tanto! Por que não dá louvor ao Senhor, no meio desta desventura? Este homem aqui não está perdendo a madeira das árvores, que tornam a nascer, mas sem a vida e o pão dos filhos, e deveria ele dar o louvor, que tu não dás. Portanto, escriba, não será lícito curar este aqui num sábado?”
“Maldito sejas Tu, ele e o sábado. Eu tenho coisa bem diferente em que pensar...”, e, tendo dado um empurrão em Jesus, que lhe havia posto uma mão sobre o braço, sai dali furioso, e ouve-se como ele brada, com sua voz rouca, que lhe tragam o seu carro.
“E agora?”, pergunta Jesus, correndo o olhar sobre os outros.”E agora, dizei-me: É lícito, ou não?”
Ninguém lhe responde. Eleazar inclina a cabeça, depois de ter entreaberto os lábios, que ele torna a cerrar, atingido pelo ar gelado, que desceu sobre todos na sala.
“Pois bem, Eu vou falar”, diz Jesus. Ele está impressionante e trovejante, em seu aspecto e sua voz, como acontece sempre quando está para operar algum milagre. “Eu vou falar. E falo. E digo: homem que te seja feito conforme a tua fé. Tu estás curado. Dá louvor ao Eterno. Vai em paz.”
O homem fica como se fosse uma estátua. Talvez até pensasse que iria ficar de repente esbelto como era antes. E lhe parece que não está curado. Mas, que ele está sentindo? Ele dá um grito de alegria e se joga aos pés de Jesus e os beija.
“Vai! Vai! Sê sempre bom. Adeus!”
O homem sai, acompanhado pela mulher, que até o fim se vira para saudar a Jesus.
“Mas Mestre... Na minha casa... Em dia de sábado...”
“Tu não o aprovas? Eu sei. E por isso Eu vim. Tu, meu amigo? Não. Meu inimigo. Não és sincero comigo, nem com Deus.”
“E ainda me ofendes agora?”
“Não. Eu digo a verdade. Tu disseste que Eleazar não está obrigado a socorrer aquela velha, porque ela não é de sua propriedade. Mas tu tinhas dois órfãos um tua propriedade. Eram filhos de dois servos teus, fiéis, que morreram no trabalho, um com a foice na mão, e a outra, morta pelo demasiado cansaço por ter-te devido servir como tu exigiste dela, que trabalhasse por si mesma e pelo marido. E tu ainda dizias: “Eu combinei com duas pessoas no trabalho e, para conservar-te, quero que faças o teu trabalho e o do morto.” E ele fez aquele trabalho e nele morreu, depois de ter concebido. Pois aquela mulher era mãe. E não houve para com ela nem a compaixão que se tem para com um animal, que dá cria. Onde estão agora aquelas duas crianças?”
“Não sei. Um dia elas desapareceram.”
“Não fiques mentindo agora. Ter sido cruel já basta. Não é preciso fazer uso da mentira, para tornar ainda mais odiosos aos olhos de Deus os teus sábados, mesmo que sejam passados sem obras servis. Onde estão aquelas crianças?”
“Não sei. Não o sei mais, podes crer.”
“Eu sei. Eu as encontrei numa manhã de novembro, uma manhã fria, chuvosa, escura. Eu as encontrei esfaimadas e trêmulas, perto de uma casa, como dois cachorrinhos à procura de um pedaço de pão... Malditas e expulsas por quem tinha as vísceras de um cão. Porque até um cão teria tido compaixão dos dois orfãozinhos. E tu e aquele homem não a tivestes. Os pais delas não te serviam mais, não é verdade? Eles tinham morrido. Os mortos só podem chorar em seus sepulcros, ao ouvirem os soluços de seus infelizes filhos, que os outros ainda desprezam. Mas os mortos levam os seus prantos e os prantos de seus filhos a Deus, dizendo: “ Senhor, faze por nós as nossas vinganças, porque o mundo nos oprime quando não pode mais aproveitar-se de nós.” Não te serviam mais os dois pequeninos, não é? Sim e não, já que a menina servia para respigar... E tu os expulsastes, negando-lhes até aqueles poucos bens que eram do pai e da mãe deles. Podiam morrer de fome, como dois cães em algum carreador. Podiam viver, tornando-se ele um ladrão e ela uma prostituta. Porque a fome leva ao pecado. Mas, que te importava isso?
Há pouco tempo tu citavas a Lei, em apoio de tuas teorias. Pois, então a Lei não diz: “ Não façais mal à viúva e ao órfão, porque, se lho fizeres, e eles levantarem suas vozes, recorrendo a Mim, Ru ouvirei o grito deles, e o meu furor dardejará raios. Eu vos exterminarei pela espada, e as vossas mulheres é que ficarão viúvas, e os vossos filhos órfãos?” Não diz assim a lei? E, então, por que tu não a cumpres? Tu que me defendes diante dos outros? Por que, então não defendes a minha doutrina com o teu modo de viver? Tu queres ser meu amigo? E, então, por que fazes o oposto do que Eu te digo? Um de vós está correndo, a ponto de perder o fôlego, arrancando os cabelos, por causa da perda do seu bosque. Mas, por que não os arranca das ruínas do seu coração! E tu, que estás esperando para fazê-lo?
Por que é que quereis julgar-vos perfeitos, vós que, por uma eventualidade, vos dizeis grandes? E, se o fôsseis em alguma coisa, por que é que não procurais sê-lo em tudo? É porque me odiais, por descobrir Eu as vossas mazelas? Eu sou o médico de vossas almas. Pode um médico curar, se ele não descobrir e limpar as feridas? Mas, não sabeis vós que muitos, e aquela mulher que acabou de sair é uma, merecem o primeiro lugar no banquete de Deus, ainda que na aparência eles sejam uns pobres desprezíveis? Não é a parte de fora, mas a de destro, é o coração, é o espírito o que vale. Deus vos vê, lá do alto de seu trono. E Ele vos julga. Quantos deles, não vê Ele como melhores do que vós? Então escutai. Como regra, agi sempre assim: Quando vos convidarem para um banquete de casamento, ide ocupar sempre o último lugar. Porque depois vos sentireis honrados, com dupla honra, quando o dono da casa vos disser: “Meu amigo vem adiante.” Será uma honra por merecimento e uma honra para a vossa humildade. Enquanto que... Que triste hora para um soberbo, ter que ficar envergonhado, ao ouvir que lhe dizem: “ Vai lá para o fundo, porque aqui está alguém que é mais do que tu.” Pois bem. Fazei o mesmo, quando se trata do banquete secreto do vosso espírito em suas núpcias com Deus. Quem se humilha será exaltado, e quem se exalta será humilhado.
Ismael, não fiques com raiva de Mim, que te estou curando. Eu não te tenho ódio. Eu vim para curar-te. Tu estás mais doente do que aquele homem. Tu me convidaste para dar um brilho a ti mesmo, e para satisfazer aos amigos. A maior parte deles sem vontade, por soberba, e para se alegrarem. Não faças assim. Não convides aos ricos, aos amigos, aos parentes. Mas, abre a tua casa, abre o teu coração aos pobres, aos mendigos, aos aleijados, aos coxos, aos órfãos e às viúvas. Eles te darão em troca as suas bênçãos. Mas Deus as transformará para ti em graças. E no fim... Oh! No fim que sorte feliz vai ser a de todos os misericordiosos, que de Deus receberão a retribuição, na ressurreição dos mortos! Ai daqueles que acariciam somente a esperança de levar vantagem e depois, fecham seus corações ao irmão, que não lhes pode mais servir. Ai deles! Eu farei a vingança pelos abandonados.”
...Mas por isso é que Eu te disse, no começo deste banquete, que o meu Reino se conquista com vitórias sobre si mesmos, e não com vitória das armas em campo de batalha. O lugar na grande Ceia é para estes humildes de coração. Contanto que aquele coração queira. E basta uma palavra. E Eu vos tenho dito tantas. E fico olhando. Em um coração está nascendo uma planta santa. Em outro, há espinheiros para Mim. Eu vou pelo meu caminho reto. Quem me ama, que me siga. Eu vou indo, e chamando. Os que são retos, venham a Mim. Eu vou indo e instruindo. Os que buscam a Justiça, que se aproximem da Fonte. Quanto aos outros... Quanto aos outros, julgá-los-á o Pai Santo. Ismael, Eu te saúdo. Não me odeies. Medita. E acredita que Eu fui severo por amor, não por ódio. Paz a esta casa e aos seus moradores, paz a todos, se merecerdes a paz.”


(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 5, pgs. 256 a 261)

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