“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 31 de outubro de 2015

A CURA DAS OVELHAS DE UM PASTOR PERSEVERANTE NA FÉ



A CURA DAS OVELHAS DE UM PASTOR PERSEVERANTE NA FÉ

... E os seis vão indo, enquanto Jesus os fica esperando na estrada. E, nesse ínterim, Jesus fica rezando, o triste Jesus que ninguém quer... Retornam os apóstolos, com um pequeno balde de leite, e dizem:
“Ele mandou dizer-te que vás até lá, que ele te precisa falar, pois ele não pode deixar lá as cabras inquietas, só com os pequenos pastores.” Jesus diz: “Então, vamos ate lá para comermos o nosso pão.” E lá se vão todos, beirando o despenhadeiro, em cujas bordas estão se dependurando as cabras aventureiras.  
“Eu te agradeço pelo leite que me deste. Que queres de Mim?”
“Tu és o Nazareno, não é mesmo? Aquele que faz milagres?”
“Eu sou aquele que prega a Salvação Eterna. Eu sou o Caminho para ir-se ao Deus Verdadeiro, sou a Verdade que se doa, a Vida que vivifica. Não sou um feiticeiro, que faz prodígios. Os milagres são as manifestações da minha bondade e da vossa fraqueza, que sente necessidade de provas para crer. Mas, o que queres de Mim?”
“É o seguinte: Há dois dias, Tu não estavas em Alexandrecene?”
“Sim. Por quê?”
“Eu também estava lá com os meus cabritos, e quando percebi que havia lá uma briga, procurei sair de lá, porque é costume lá suscitarem brigas para, na hora delas, roubarem o que está nas feiras. Todos são ladrões: os fenícios... e os outros também. Eu não deveria dizer isso, porque sou filho de pai prosélito e de mãe síria, sendo prosélito eu também. Mas é verdade. Bom. Voltemos ao caso. Eu me havia colocado em um grande curral com os meus animais, esperando pelo carro de meu filho. E, à tarde, ao sair da cidade, encontrei uma mulher que estava chorando, com uma filha pequenina nos braços. Ela tinha andado oito milhas, para chegar a Ti. Porque ela mora fora, nas campinas. Eu lhe perguntei o que ela tinha. É uma prosélita. Tinha ido para vender e comprar. Tinha ouvido falar de Ti. E a esperança havia crescido em seu coração. Então, ela foi correndo até sua casa, e apanhou a menina. Mas, quando se leva peso, tem-se que caminhar devagar! Quando ela chegou ao empório dos irmãos, Tu não estavas mais lá. Contudo, eles, os irmãos, lhe disseram: “Eles o expulsaram daqui. Mas Ele nos disse ontem de tarde que fará de novo uma permanência em Tiro.” Eu - também eu sou pai - então, eu lhe disse: “Vai, pois, até lá.” E ela me respondeu: “E, se, depois de tudo o que aconteceu, Ele resolver ir por outros caminhos, para voltar à Galiléia?” E eu lhe disse: “Escuta: ou Ele vai por aquele caminho, ou pelo outro dos confins. Eu pastoreio entre Rohob e Lesendam, justamente aos lados da estrada que serve de limite entre aqui e Neftali. Se eu o vir, lhe direi. Palavra de prosélito.” E acabei de te dizer.”
“E Deus que te pague por isso. Eu irei à mulher.  Pois devo voltar a Aqzib.”
“Vais a Aqzib? Então, podemos viajar juntos, se tu não desprezas a um pastor.”
“Eu não desprezo a ninguém. Para que vais a Aqzib?”
“Porque os cordeiros estão lá... A não ser que não os tenha mais.” “Por quê?”
“Porque por lá está passando a doença. Não sei se foi feitiçaria ou outra coisa. Só sei que a minha bela manada ficou doente. Por isso eu trouxe para cá as cabras, que ainda estão sãs, para separá-las das ovelhas. Aqui estarão com dois filhos. Agora eu estou na cidade, fazendo as compras. Mas vou voltar para lá... para vê-las morrer, as minhas belas ovelhas lanudas...” O homem suspira... Olha para Jesus, e se desculpa: “Falar destas coisas a Ti, que és quem és, e afligir-te a Ti, que já vives aflito pelo modo como te tratam, é uma espécie de estultícia. Mas as ovelhas são afeto e dinheiro para nós, sabes?”
“Eu compreendo. Mas elas ficarão sãs. Tu não as fizeste ver por quem entende do assunto?” “Oh! Todos me disseram a mesma coisa: “Mata-as, e vende suas peles. Não há mais nada a fazer.” E ainda me ameaçaram, se eu as deixar vagueando por aí. Eles têm medo de que a doença pegue nas deles. Por isso, devo conservá-las fechadas... e morrem em maior número. Eles são maus, sabes? aqueles de Aqzib.”
Jesus diz simplesmente: “Eu sei.”
“Eu digo que fizeram feitiço contra elas...”
“Não. Não creias nessas histórias... Quando vierem os teus filhos, vais partir logo?”
“Logo. Daqui a momentos, estarão aqui. Estes são os teus discípulos? São só estes?”
“Não, tenho ainda outros.”
“E por que eles não vêm aqui? Uma vez, perto de Meron, encontrei um grupo deles. O chefe deles era um pastor. Assim se dizia. Um alto, robusto, chamado Elias... Foi em outubro, me parece. Antes ou depois dos Tabernáculos. Agora, ele te deixou?”
“Nenhum discípulo me deixou.”
“Haviam-me dito que...”
“Que foi?” “Que Tu... que os fariseus... Afinal, que os discípulos te haviam deixado por medo, e porque Tu eras um...”
“Demônio. Dize-o logo. Eu sei. Duplo mérito é o teu que, mesmo assim, ainda crês.”
“E, por esse mérito, não poderias, de passagem, abençoar o meu rebanho?”, o homem está muito ansioso...
“Eu abençôo o teu rebanho. Este...”, e levanta a mão, abençoando os cabritos espalhados, “... e também o das ovelhas. Acreditas que minha bênção as salve?”
“Como salvas os homens das doenças, assim poderás salvar também os animais. Dizem que és o Filho de Deus. As ovelhas foram criadas por Deus. Por isso elas são coisas do Pai. Eu... Eu não sabia se era respeitoso fazer este pedido. Mas, se podes, faze-o, Senhor, e eu levarei ao Templo grandes ofertas de louvor. Ou melhor, darei a Ti para os pobres. E será muito bom.” Jesus sorri, e fica calado. Chegam os filhos do pastor e, pouco depois, Jesus com os seus e o velho partem, deixando os jovens tomando conta das cabras. Vão indo rápidos, querendo chegar logo a Quedes, para saírem de lá quanto antes, procurando alcançar a estrada que do mar vai para o interior. Deve ser a mesma que se bifurca aos pés do promontório, por onde passaram, quando iam para Alexandrecene. Pelo menos é assim que compreendo pelas palavras do pastor aos discípulos. Jesus está na frente, sozinho. “Será que não teremos outros aborrecimentos?” “Quedes não depende daquele centurião. Está fora dos confins da Fenícia. Os centuriões, basta não irritá-los, pois se desinteressam pelas religiões.”
“Além disso, nós não vamos parar lá...”
“Seríeis capazes de fazer mais de trinta milhas em um dia?”, pergunta o pastor.
“Oh! Nós somos peregrinos perpétuos!” Vão indo sempre para frente. Já chegaram a Quedes. E Quedes já vai ficando para trás, sem incidentes. Pegam a estrada direta. Num cipo está marcado: Aqzib. O pastor observa isso, e diz: “Amanhã lá estaremos. Esta noite vireis ficar comigo. Conheço cidadãos dos vales, mas muitos estão nos confins da Fenícia... Bem! Atravessaremos a fronteira. E certamente não seremos logo descobertos... Oh! A vigilância deles! Melhor seria que a praticassem com os ladrões...”
O sol vai descendo, e os vales não servem para ajudar a manter a claridade, pois estão cheios de bosques. Mas o pastor tem muita prática, e vai com segurança. Chegam a uma pequena vila, ou melhor, a um punhado de casas.
“Se eles nos hospedarem aqui, são israelitas. Estamos já nos confins. Se não nos quiserem, iremos para outro lugar, que é fenício.”
“Eu não tenho prevenções, homem.”....


O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 5)

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