JESUS RESSUSCITADO FALA AOS APÓSTOLOS
SOBRE OS SACRAMENTOS
Jesus
diz:
“Prestai-me
toda a vossa atenção, porque Eu vou dizer-vos coisas de importância. Por
enquanto, vós não as entendereis todas, nem as entendereis bem. Mas Aquele que
virá depois de Mim vo-las fará compreender. Escutai portanto.
Nenhum
de vós está convencido de que, sem a ajuda de Deus, o homem peca facilmente,
pois é muito fraca a sua constituição, que ficou enfraquecida pelo Pecado. Por
isso, Eu seria um Redentor imprudente se, depois de ter-vos dado tantas coisas
para vos redimir, não vos desse também os meios para conservar-vos com os
frutos do meu Sacrifício.
Vós
sabeis que toda a facilidade para pecar vem da Culpa que, privando os homens da
Graça, ainda os despoja de sua fortaleza, que é a união pela Graça. Vós
dissestes: “Mas Tu nos deste a graça.” Não. Ela foi dada aos justos até à minha
morte. Para dá-la aos futuros, há necessidade de um meio. É um meio que não
será somente uma figura ritual, mas que imprimirá verdadeiramente, é quem
recebe o caráter real de filhos, como eram Adão e Eva, cuja alma, vivificada
pela graça, possuía dons excelsos dados por Deus à criatura bem amada.
Vós
bem sabeis o que o homem tinha e o que o homem perdeu. Agora, pelo meu
Sacrifício, as portas da Graça estão reabertas, e o rio dela poderdes ver para
todos aqueles que a pedem por amor a Mim. Porque os homens terão o sinal de
filhos de Deus pelos méritos do Primogênito entre os homens, desde que vos está
falando, o vosso Redentor, vosso Pontífice eterno, vosso Irmão da parte do Pai
e vosso Mestre. Será de Jesus Cristo e por Jesus Cristo que os homens presentes
e futuros poderão possuir o Céu e gozar de Deus, até o último homem.
Até
agora, mesmo os justos mais justos, ainda que circuncidados, como filhos do
povo eleito, não podiam chegar a este fim. Consideradas por Deus as suas
virtudes, estão preparados os lugares deles nos Céus, mas ainda fechados os
mesmos, e negados ainda para o gozo de Deus, porque em suas almas a culpa
Original e nenhuma ação, por santa que fosse, poderia destruí-la, já que não se
pode entrar no Céu com raízes e ramos de uma árvore tão maléfica, pois ao lado
dos canteiros benditos e floridos com todas as virtudes, estava também a árvore
maldita da culpa e nenhuma por mais santa que fosse, podia destruí-la. No dia
de Parasceve, o suspiro dos Patriarcas e Profetas e de todos os justos de
Israel, se aplacou na alegria da Redenção cumprida, e as almas mais cândidas do
que a neve da montanha, em tudo o que consistia a virtude delas, perderam
também a única mancha que as separava do Céu.
Mas
o mundo continua. Gerações e mais gerações surgem, e surgirão. Povos e mais
povos irão a Cristo. Pode Cristo morrer para cada nova geração para salvá-la,
ou para cada povo que a Ele vá? Não. O Cristo morreu uma vez e não morrerá
mais, nunca mais porem, então, essas gerações, esses povos, tornam-se sábios
pela minha palavra, mas não podem possuir o Céu e gozar de Deus, porque estão
manchados pela mancha original? Também não. Isso não seria justo, nem para com
eles, pois também seria vão o amor deles para comigo, e nem para comigo, pois
por muito poucos Eu teria sido morto. E, então? Como conciliar essas diferentes
coisas? Qual o milagre novo que o Cristo fará, o Cristo que já fez tantos,
antes de deixar o mudo a fim de ir para o Céu, depois de ter amado os homens,
até o ponto de querer morrer por eles?
Um
milagre Ele já o fez, deixando-vos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento
fortificante, e para lembrança do seu amor, dando-nos a ordem de fazer o que Eu
fiz, para deixar uma lembrança de Mim, e como um meio santificador para os
discípulos dos discípulos, até o fim dos séculos.
Mas,
naquela tarde, vós já estando purificados externamente, estais lembrados do que
foi que Eu fiz? Eu cingi uma toalha, e vos lavei os pés, e a um de vós, que se
escandalizava com aquele gesto tão aviltante. Eu disse: “Se Eu não te lavar,
não terás parte comigo”. Vós não compreenderam que é que Eu queria dizer, e de
que é que Eu estava falando, e a que símbolo me referia. Mas agora Eu vo-lo
digo.
Além
de ter-vos ensinado a humildade e a necessidade de ser puros para poderdes
entrar no meu Reino e poderdes fazer parte dele, além de ter-vos benignamente a
observar que de um que é justo, e por isso puro no espírito, na inteligência,
Deus dele exige unicamente um último banho a parte que necessariamente é a mais
fácil para contaminar-se, até nos justos, porque somente pela poeira, que a
necessária convivência entre os homens espalha sobre os membros limpos, sobre a
carne, Eu ensinei uma outra coisa.
A
vós Eu vos lavei os pés, a parte mais baixa do corpo, a que vai da lama para a
poeira, algumas vezes está no meio das sujeiras, para significar a carne, a
parte material do homem, naqueles que são sem a Mancha de origem, ou, por obra
de Deus, ou pela natureza divina, algumas imperfeições, muitas vezes até mesmo
pequenas, a tal ponto que só Deus as vê, mas que, em verdade é preciso vigiar,
antes que se tornem fortes, tornem-se hábitos naturais, e seja necessário
extirpá-los.
Portanto,
Eu vos lavei os pés. Quando? Antes de repartir o pão e o vinho, de
transubstanciá-los no meu Corpo e no meu Sangue. Porque? Porque Eu sou o
Cordeiro de Deus, e não posso descer onde Satanás tem o seu sinal. Por isso é
que antes Eu vos lavei. Por Mim mesmo fui entregue a vós. Também vós lavareis
com o Batismo àqueles que virão a Mim, para que não recebam indignamente o meu
Corpo e, este não se mude para eles em uma tremenda condenação à morte.
Vós
estais desanimados. Tomai cuidado. Em vossos olhares estais perguntando: “E
Judas, então?” Eu vos digo: “Judas comeu sua morte.” O supremo ato de amor não
lhe tocou o coração. A última tentativa de seu Mestre esbarrou na pedra do
coração dele, e aquela pedra, em vez de Tau, tinha gravada a horrenda sigla de
Satanás, o sinal da Besta.
Por
isso é que vos lavei, antes de admitir-vos ao banquete Eucarístico, antes de
ouvir a confusão dos vossos pecados, antes de infundir-vos o Espírito Santo, e
assim, o caráter de verdadeiros cristãos, reconfirmados pela Graça e como
Sacerdotes meus. Portanto, seja assim feito com os outros que vós deveis
preparar para a vida cristã.
Batizai
com a água, em Nome de Deus Uno e Trino, e ao meu Nome, e, pelos meus méritos
infinitos, a fim de que seja cancelada nos corações a Culpa de origem, perdoados
os pecados, infundida a Graça e as Santas Virtudes, e o Espírito Santo possa
descer e fazer sua morada nos Templos consagrados, que serão os corpos dos
homens vivos à graça do Senhor.
Era
necessária a água para anular o pecado? A água não toca na alma, não. Mas
também o sinal imaterial não toca na vista do homem, que é tão material em
todas as suas ações. Bem que Eu podia infundir a vida até sem meios visíveis.
Mas, quem teria acreditado? Quantos são os homens que sabem crer firmemente, se
não virem? Apanhai pois da antiga Lei mosaica, a água lustral, usada para
purificar os imundos e admiti-los de novo, depois que eles se contaminaram com
um cadáver, nos acampamentos. Em verdade, cada homem que nasce está
contaminado, tendo tido contacto com uma alma morta para a Graça. Seja, pois,
com água lustral purificada do contacto imundo, e tornada digna de entrar no
Templo eterno.
E
considerai de muito valor a água. Depois de ter expiado e redimido com trinta e
três anos de uma vida afadigada, que culminou na Paixão, depois de ter dado
todo o meu Sangue pelos pecados dos homens, eis que do Corpo esvaído em Sangue
e esgotado do Mestre foram ainda tiradas as águas salutares para lavarem a
Culpa Original. Com o Sacrifício consumado. Eu vos redimi daquela mancha. Se
sobre as soleiras desta vida um meu milagre divino me tivesse feito descer da
Cruz, na verdade Eu vos digo que pelo Sangue derramado, Eu teria limpado as
culpas, mas não a Culpa. Para essa foi necessária a consumação total. E, e,
verdade, as águas salutares das quais fala Ezequiel, saíram deste meu Lado.
Mergulhai nele as almas, que elas saiam dele sem manchas para receberem o
Espírito Santo que, e, memória daquele sopro, que o Criador deu sobre o rosto
de Adão, para dar-lhe uma alma e portanto a imagem e semelhança com Ele,
tornará a assoprar e a habitar nos corações dos homens redimidos.
Batizai com o meu Batismo, mas em nome do Deus
Trino, pois em verdade, se o Pai não houvesse querido, e o Espírito operado, o
Verbo não se teria encarnado,e vós não teríeis tido Redenção. E por isto justo
e de dever é que cada homem receba a vida daqueles que se uniram querendo
doar-lhe, e que se chamam o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, quando nós fomos
batizados, e que, tomará o nome de cristão, para diferenciá-lo de outros
passados ou futuros, os quais serão ritos, mas não sinais indeléveis sobre a
parte imortal.
E
tomai o Pão e o Vinho, do modo como Eu fiz, e em meu Nome abençoai-os, parti-os
e distribuí-os, e que se nutram os cristãos de Mim. E, ainda, do Pão e do Vinho
fazei uma oferta ao Pai dos Céus, consumando-a depois, em memória do
Sacrifício, que Eu ofereci e consumei sobre a Cruz para a vossa salvação. Eu,
Sacerdote e Vítima, por Mim mesmo me ofereci e consumi, não podendo alguém,
onde Eu não o tivesse querido, fazer isso de Mim. Vós, meus Sacerdotes, fazei
isso em memória de Mim, e para os tesouros infinitos do meu Sacrifício subam
impenetráveis a Deus, e desçam propícios sobre todos aqueles que os invocam com
fé firme.
Fé
firme Eu disse. Não se exige ciência para se fruir do alimento e do Sacrifício
Eucarístico, mas, sim, fé. Uma fé de que naquele Pão e naquele vinho virão que
um, autorizado por Mim e por aqueles que depois de Mim virão --- vós, tu Pedro,
o Pontífice novo da Nova Igreja, e tu, Tiago de Alfeu, e tu, João, tu André,
Simão, tu, Filipe, tu, Bartolomeu, tu, Tomé, tu, Judas Tadeu, tu, Mateus, tu,
Tiago de Zebedeu --- consagrarás em meu Nome o meu verdadeiro Corpo, o meu
verdadeiro Sangue, e quem com eles se alimenta Me recebe em minha Carne, Sangue,
Alma e Divindade e quem me oferece realmente, oferece Jesus Cristo, como Ele se
ofereceu pelos pecados do mundo. Um menino ou um ignorante pode receber-me
assim como um douto ou um adulto. E, tanto o menino, como o ignorante terão
iguais benefícios pelo Sacrifício oferecido daquilo que qualquer de vós tiver.
Basta que neles haja fé firme e a Graça do Senhor.
Mas
vós estais para receber um novo Batismo: o do Espírito Santo. Eu vo-lo prometi,
e Ele vos será dado, o próprio Espírito Santo descerá sobre vós; E Eu vos direi
quando. Vós estareis cheios dele na plenitude dos dons sacerdotais. Podereis,
então, assim como Eu fiz convosco na graça os cristãos e infundir neles os dons
do Paráclito. Sacramento régio, pouco inferior ao Sacerdócio, que ele tenha a
solenidade das consagrações mosaicas, com a imposição das mãos e a unção com
óleo perfumado, que e, outros tempos foi usado para consagrar os sacerdotes.
Não.
Não ficareis olhando-vos uns aos outros, assim espantados. Eu não digo palavras
sacrílegas. Nem vos ensino atos sacrílegos. A dignidade do cristão é tão
grande, que Eu vo-lo repito, é pouco inferior ao sacerdócio. Onde é que vivem
os sacerdotes? No Templo. E um cristão será um templo vivo. Que é que fazem os
sacerdotes? Servem a Deus com suas orações, com os sacrifícios, e com a cura
dos fiéis. Assim é que teriam devido fazer. E o cristão servirá a Deus com a
oração, com o sacrifício e a caridade fraterna.
E
ouvireis a confissão dos pecados, assim como Eu ouvi as vossas e as de muitos,
e perdoei ao ver o vosso arrependimento.
Estais
agitados? Por quê? Tendes medo de não saberdes distinguir? Eu já falei outras
vezes sobre o pecado e sobre o julgamento do pecado. Mas, ao julgardes,
lembrai-vos de meditar nas sete condições, pelas quais uma ação pode ser ou não
ser pecado e de gravidade diversa. Eu as resumo. Quando se pecou, e quantas
vezes, quem foi que pecou, com quem, qual a matéria do pecado, qual causa e por que é que se pecou. Mas vós não
temais. O Espírito Santo vos ajudará.
O
que Eu com todo o meu coração vos recomendo que observeis é uma vida santa. Ela
aumentará de tal modo em vós as luzes sobrenaturais, que chegareis a ler sem
erro no coração dos homens, e podereis com amor e com autoridade, dizer aos
pecadores temerosos de revelar suas culpas, e rebeldes em confessá-las o estado
de seus corações, ajudando os tímidos e humilhando os impenitentes. Lembrai-vos
de que a Terra perde o seu Absolvedor, e que vós deveis ser o que Eu era:
justo, paciente, misericordioso, mas não fraco. Eu vos disse: “o que desligardes
na Terra, estará desligado no Céu, e o que ligardes aqui será ligado no Céu.”
Por isso, com uma prudente reflexão, julgai cada homem, sem deixar-vos
corromper por simpatias ou antipatias, por presentes ou por ameaças, sendo
imparciais em tudo e para com todos, como é Deus, tendo presente a fraqueza do
homem e as insídias dos seus inimigos.
Eu
vos recordo que as vezes Deus permite até as quedas dos seus eleitos, não
porque a Ele agrade vê-los cair, mas porque de uma queda pode vir um bem futuro
maior. Estendei, pois, a mão a quem cai, porque não sabeis se aquela queda
poderá ser a crise final de um mal que vai morrer para sempre, deixando no
sangue uma purificação redunda em saúde, e, em nosso caso, que redunda em
santidade.
Mas
ao contrário, sede severos para com aqueles que não tiverem respeito para com
meu Sangue, e que com a alma, que acabou de ser limpada pelo banho divino,
vão-se jogar na lama, uma vez e cem vezes. Não os amaldiçoeis, mas sede
severos, exortai-os, setenta vezes sete, e recorrei ao castigo extremo de
separá-los do povo eleito, somente quando a pertinácia deles em uma culpa que
está escandalizando os irmãos, vos obriga a agir para não vos tornardes
cúmplices de suas ações. Lembrai-vos daquilo que Eu disse: “Se o teu irmão
pecou, corrige-o entre ti e ele somente. Se ele não te ouve, corrige-o na
presença de duas ou três testemunhas. E, se não basta isso, leva o caso ao
conhecimento da Igreja. E, se ele não dá ouvidos nem a ela, considera-o, então
como um gentio e um publicano.
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10)
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