“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

APARIÇÃO AOS APÓSTOLOS COM TOMÉ


APARIÇÃO AOS APÓSTOLOS COM TOMÉ


Os apóstolos estão reunidos no Cenáculo. Estão ao redor da mesa, onde foi consumada a Páscoa. Mas, por respeito ao lugar do centro onde se assentou Jesus, ele foi deixado vazio.
Também os apóstolos, agora que não há quem os concentre, e distribuem-se por sua própria vontade, ou por uma amorosa escolha, foram-se colocando de modo diferente. Mas Pedro está ainda em seu lugar. Contudo, no lugar de João, agora está o Judas Tadeu. Depois vem o mais ancião dos apóstolos, que eu não sei ainda quem é, depois vem Tiago, irmão de João, que está quase no canto da mesa, do lado direito, olhando-se daqui onde eu estou. Perto do Tiago, mas do lado mais curto da mesa, está sentado João. Depois de Pedro, para o lado contrário vem Mateus, e depois dele Tomé, depois um, cujo nome eu não sei, depois André, depois o Tiago, irmão de Judas Tadeu, e depois um outro cujo nome eu não sei, dos outros lados. No lado do comprimento fica a frente de Pedro, o lugar que está vazio, estando os apóstolos mais vizinhos dele em suas cadeiras, em número menor do que foi na Páscoa.
As janelas estão trancadas e as portas também. O lampadário, aceso somente em dois bicos, derrama uma luz fraca, somente sobre a mesa. O resto do vasto salão está na penumbra.
João, que tem atrás de si uma credencia, está encarregado de servir aos companheiros de tudo o que desejam dos seus parcos alimentos, compostos de peixe, que já está sobre a mesa, pão, mel e uns queijinhos frescos. E é justamente quando ele se vira de novo para a mesa, a fim de passar ao irmão o queijo que ele pediu, que João vê o Senhor.
Jesus apareceu de um modo bem curioso. A parede que fica atrás das costas dos comensais, toda ela tendo um pedaço a menos do que o canto da portinha, iluminou-se com uma luz fraca e fosforescente, como aquela que emitem certos quadrinhos, que são luminosos somente no escuro da noite. A luz, à altura de quase dois metros, tem uma forma oval, como se fosse um nicho. Na luminosidade, é como se avançasse por detrás de véus de névoas luminosa, de onde vem emergindo Jesus, cada vez mais nítido.
Não sei se consigo explicar-me bem. Fica parecendo que Ele transpareça através da espessura da parede. Mas ela não se abre. Fica sempre compacta, mas seu corpo passa com a mesma facilidade. A luz parece ser a primeira emanação do seu corpo, o sinal de que Ele se aproxima. O Corpo de antes agora é formado por leves linhas de luz, do mesmo modo como eu vejo no Céu o Pai e os santos Anjos: é um corpo imaterial. Depois Ele vai se materializando cada vez mais, tomando afinal completamente o aspecto de um corpo real. Do seu Divino Corpo Glorificado.
Eu levei muito tempo para descrever, mas a coisa aconteceu em poucos segundos.
Jesus está vestido de branco, como quando ressuscitou e apareceu à sua Mãe. Está belíssimo, amoroso e sorridente. Está com os braços ao longo dos lados do corpo, um pouco afastadas dele, e com as palmas viradas para os apóstolos. As suas chagas das mãos parecem duas estrelas de diamantes, das quais partem dois raios vivíssimos. Não estou vendo seus Pés, cobertos pelas vestes, nem o seu lado. Mas do tecido da sua veste, que não é terrena, transparece luz nos lugares onde ela está cobrindo as Divinas feridas. No princípio parece que Jesus não seja mais do que um candor lunar, porque quando Ele se concretiza, aparecendo fora do halo de luz, tem as cores naturais nos seus cabelos, nos olhos e na pele. Afinal, ó Jesus, Jesus Homem Deus, mas tornado mais solene, agora que Ele ressuscitou.
João o vê, quando Ele já está assim. Nenhum outro havia percebido a aparição. João se levanta de repente, deixando cair sobre a mesa o prato, com os queijinhos redondos e, apoiando as mãos na beira da mesa, inclina-se um pouco para ela, e grita um “Oh!” em voz baixa, mas muito intenso.
Os outros, que haviam levantado os olhos de cima dos seus pratos, ao cair, fazendo barulho o prato dos queijinhos e ao salto de João, o ficaram olhando, espantados, e, vendo a posição extática Dele, o acompanham com seus olhares. Reviram a cabeça, ou giram-na sobre si mesmos, conforme o lugar em que estão, em relação ao Mestre, e aí é que eles vêem a Jesus. Todos se põem de pé, comovidos e felizes, e correm para Ele que, acentuando o seu sorriso, vai para a frente no rumo deles, caminhando agora pelo chão, como todos os mortais.
Jesus que antes olhava somente para João, e eu acho que este se tenha virado, atraído por aquele olhar que o acaricia, olha para todos e diz: “A paz esteja convosco.”
Todos agora estão ao redor Dele, uns de joelhos diante de seus pés, e entre esses estão Pedro e João e João beija uma ponta da veste, e a põe sobre o seu rosto, como que para ser acariciado, e, enquanto os outros estão atrás, ele está muito inclinado em um ato de obséquio.
Pedro querendo andar mais depressa, para chegar logo, deu um verdadeiro pulo de cima da cadeira, apeando dela, sem esperar que Mateus, que saiu por primeiro, deixasse livre o lugar. É preciso lembrar que as cadeiras eram daquelas em que podiam sentar-se duas pessoas de cada vez.
O único que ficou um pouco de longe, embaraçado, é o Tomé. Ele foi ficar ajoelhado perto da mesa, mas não ousa ir para a frente, e até parece que esteja procurando esconder-se atrás de um canto dela.
Jesus estendendo suas mãos para que as beijem, pois os apóstolos muito desejosos delas, as estão procurando, em uma santa e amorosa porfia corre o olhar por cima das cabeças inclinadas, como se estivesse procurando o undécimo. Mas Ele já o viu, desde o primeiro momento, e só faz assim para dar tempo ao Tomé para criar coragem e aparecer. E, vendo que o incrédulo está com vergonha por sua falta de fé e que ainda não tem coragem, o chama: “Tomé, vem cá.”
A voz de Jesus está mais imperiosa do que na primeira vez. Tomé se levanta, teimoso e confuso, e vai até Jesus.
“Eis aqui o que se não ver, não crê!, exclama Jesus. Mas sua voz vem com um sorriso de perdão. Tomé o ouve, cria coragem de olhar para Jesus, ao ver que Ele está sorrindo mesmo, e decide ir mais depressa.
Vem cá, bem perto de Mim. Olha. Vem pôr o teu dedo aqui, se é que não te basta olhar, põe-no nas feridas de teu Mestre. Jesus estendeu as mãos, e depois abriu suas vestes no peito, descobrindo a ferida do lado.”
Agora a luz não vem mais das feridas. Não vem mais, desde quando, tendo saído daquele halo de luz lunar, Ele se pôs a caminhar como um homem mortal, e as feridas aparecem, em sua sangrenta realidade: são dois furos irregulares, dos quais o esquerdo vai até o polegar, atravessam o pulso e a palma em sua base, e vê-se um longo talho que, em sua parte superior, parece ter a forma de um acento circunflexo. É a ferida do lado.
Tomé treme, olha, mas não toca. Move os lábios, mas não consegue falar claramente.
Dá-me a tua mão, Tomé. Diz Jesus com muita doçura. E pega com sua mão direita a mão direita do apóstolo, segura o indicador dela e o leva até o furo de sua mão esquerda, e o enfia até bem dentro dele, a fim de fazê-lo compreender que a palma da mão foi atravessada. Depois leva a mão dele ao lado, ou melhor, pega os quatro dedos pela base, no metacarpo, e leva-os até o rasgão do peito, enfiando-os também, na ferida. Não se limita a apoiá-los na beirada, mas os segura lá dentro, olhando fixamente para o Tomé.
Com um olhar severo, mas benigno, Jesus vai dizendo: “Coloca aqui os teus dedos e a mão, se o quiseres, no meu lado, e não sejas mais um incrédulo, mas um fiel. Isso Ele ia dizendo, à medida que ia fazendo o que eu disse antes.
Tomé parece que a curta distância a que esteve a mão do Tomé do Coração Divino, quase tocando dele parece tê-lo ajudado a falar e a pronunciar bem as palavras, e ele, caindo de joelhos e com os braços levantados, em um frouxo de choro de arrependimento, e diz: “Meu Senhor e meu Deus!” E não sabe dizer mais nada.
Jesus o perdoa. Põe-lhe a mão direita sobre a cabeça e responde: “Tomé, Tomé! Agora crês, porque viste... Mas felizes aqueles que crerão em Mim, sem Me terem visto! Que prêmio não deverei Eu dar a eles, se Eu devo premiar a vós, cuja fé teve que ser socorrida pelo socorro da vista?
Depois Jesus põe o braço sobre o ombro de João, pegando o Pedro pela mão, e se aproximando da mesa. Ele vai sentar-se em seu lugar. Agora, como na tarde da Páscoa. Mas Jesus quer que Tomé se assente depois de João.
Comei, meus amigos, diz Jesus.
E Jesus pega os queijinhos colocados sobre a mesa, ajunta-os em um prato, corta-os e os distribui, e o primeiro pedaço Ele o dá ao Tomé, depois de tê-lo posto sobre um pedaço de pão, lho entrega por detrás das costas de João, passando depois o vinho das ânforas para o cálice, que vai sendo entregue aos seus amigos, e desta vez é o Pedro o primeiro a ser servido. Em seguida, faz que lhe entreguem uns favos de mel, e os reparte, dando, em primeiro lugar um pedaço e João, com um sorriso que é mais doce do que o louro mel. E do mel, para encorajá-los, Ele também come, mas só prova o mel.
João, conforme o seu costume, apóia a cabeça sobre o ombro de Jesus e o aperta sobre o coração, e fala, conservando-o assim.
“Não deveis perturbar-vos, meus amigos, quando Eu vos reúno. Sou sempre o vosso Mestre, que partilho convosco o alimento e o sono, e que vos escolhi para que vos ameis. Agora mesmo Eu vos amo.” Jesus põe bem em destaque estas duas últimas palavras.
“Vós,” continua Ele, “estivestes comigo nas provações... Estareis também comigo na Glória. Não baixeis a cabeça. Na noite do domingo, quando apareci a vós pela primeira vez, depois de minha ressurreição, infundi em vós o Espírito Santo... que sobre ti também, que não estavas presente, desça... Não sabeis que a infusão do Espírito Santo é como um batismo de fogo, porque o Espírito é amor, e o amor anula as culpas. O pecado que cometestes, quando me abandonastes, já foi perdoado.
Ao dizer isso, Jesus beija a cabeça de João, que não o abandonou. João chora de alegria.
Vós deveis estar certos de que este poder Eu o possuo perfeitamente, e faço uso dele sobre vós, que deveis ser perfeitamente limpos, a fim de poderdes limpar os que vierem a vós, pois estarão sujos pelo pecado. Como poderia alguém julgar a um outro, se estivesse com traves diante de seus olhos e com pesos infernais em seu coração. Como poderia ele dizer: “Eu te absolvo em nome de Deus?”, se, pelos pecados não tivesse a Deus consigo?
Meus amigos pensai na vossa dignidade de sacerdotes.
Antes, Eu estava entre os homens para julgar e perdoar. Agora Eu daqui me vou para o Pai. Eu estou de volta para o meu Reino. Não me foi tirada a faculdade de julgar. Ao contrário, ela está toda em minhas mãos, pois o Pai ma deferiu. Mas é um tremendo julgamento. Pois ele acontecerá, quando não houver mais possibilidade de fazer-se perdoar com anos de expiação sobre a Terra. Cada criatura virá a mim com o seu espírito, quando ela deixar, pela morte material da carne, como uns despojos inúteis. E Eu a julgarei por uma primeira vez. Depois a Humanidade voltará, com sua veste de carne, recebida de novo por uma ordem do Céu, a fim de ser separada em duas partes, os cordeiros ficarão com o Pastor, e os bodes com seu Torturador. Mas, quantos seriam os homens que estariam com o seu Pastor, se, depois do banho do Batismo, eles não tivessem tido mais quem os perdoasse em meu Nome?
É por isso que Eu crio os sacerdotes. Para salvarem os que foram salvos por meu Sangue. Mas os homens continuam a cair de novo na Morte. É preciso que quem para isso tem poder, os lave continuamente nele, setenta e sete vezes para que eles não fiquem presos pela Morte. Vós e os vossos sucessores fareis isso. Por isso, Eu vos absolvo de todos os vossos pecados. Porque vós tendes a necessidade de ver, e a culpa vos torna cegos, tirando dos espíritos a luz, que é Deus. Porque vós tendes o ministério de purificar, e a culpa emporcalha, porque tira do espírito a Pureza que é Deus.
Grande ministério é o vosso de julgar e absolver em meu Nome!
Quando consagrardes para vós o Pão e o Vinho, e deles fizerdes o meu Corpo e o meu sangue, fareis uma grande, sobrenaturalmente grande e sublime coisa.
Para fazê-la dignamente, deveis estar puros, porque ireis tocar naquele que é o puro, e vos nutrireis da Carne de um Deus. Puros de coração, de mente, nos membros e na língua devereis estar, porque com o coração deveis amar a Eucaristia, e não deverão estar misturados com esse amor celeste os amores profanos, pois seriam sacrilégios.
E puros de mente devereis estar, porque devereis crer e compreender esse mistério de amor, já que a impureza por pensamentos mata a fé e a inteligência. Fica em vós a ciência do mundo, mas morre em vós a Sabedoria de Deus.
Puros nos membros devereis ser, porque ao vosso seio descerá o Verbo, assim como desceu no seio de Maria, por obra do Amor.
Tendes o exemplo vivo de como deve ser um seio que acolhe o Verbo, que se faz Carne. O exemplo é a Mulher sem culpa de origem, e sem culpa individual, a Mulher que Me trouxe.
Observai como é puro o cume do monte Hermon, quando ele está ainda enfaixado pelo véu da neve invernal, olhado do monte das oliveiras, ele parece um cúmulo de lírios despetalados, ou de espuma do mar, ajuntada pelo vento do mar, e que se eleva como uma oferta, ao encontro de outro candor, o das nuvens trazidas pelo vento de abril aos campos azuis do céu.
Observai um lírio que abre agora a boca de sua corola para um sorriso perfumado. Mesmo assim sendo, tanto uma pureza como a outra são menos vivas do que a do seio materno que me trouxe.
A poeira transportada pelos ventos caiu sobre as neves do monte e sobre a seda da flor, o olho humano não percebe, por ser ela tão fina como é. Mas ela existe, lá está, e mancha o candor.
Outra coisa: olhai a pérola mais pura, que tenha sido tirada do mar, arrancada de sua concha nativa para ir adornar o cetro de um rei. Ela é perfeita em sua irisdescência compacta, que desconhece o contacto profanador de qualquer carne, tendo-se formado ela como podia ser, na cavidade da madrepérola da ostra, e isolada na safira fluídica das profundidades marinhas.
Contudo ela é menos pura do que o seio que me trouxe.
No centro dela está o grãozinho de areia: um corpúsculo muito miúdo, mas sempre uma coisa da Terra. Naquela que é a Pérola do mar não existe grãozinho de pecado, nem de concupiscência. Como uma Pérola nascida no Oceano da Trindade para levar à Terra a Segunda Pessoa: Ela é compacta, ao redor do seu centro, que não é uma semente de concupiscência terrena, mas uma centelha do Amor eterno. É uma centelha que, encontrando correspondência nela, gerou os turbilhões da Divina Estrela, que agora chama e atrai os filhos de Deus. Eu, o Cristo, a Estrela da Manhã.
Esta Pureza inviolada é a que Eu vos dou para servir de exemplo.
Mas quando mais tarde, como uns vindimadores ao lado de uma tina, vós mergulhardes as mãos no mar do meu Sangue, e introduzirdes nelas as estolas corrompidas dos miseráveis que pecaram, sede vós, além de puros, perfeitos, para não vos manchardes com um pecado maior, isto é, com mais pecado, derramando-o e tocando com sacrilégio no Sangue de um Deus, ou faltando com a caridade e a justiça, negando-o ou dando-o com um rigor que não é do Cristo, que foi bom para com os maus, a fim de atraí-los ao seu Coração, e três vezes bons para com os fracos, a fim de confortá-los com a confiança, usando deste rigor três vezes erradamente, porque indo contra a minha Vontade, a minha Doutrina e Justiça. Como é que podem ser rigorosos com os cordeiros, se eles são uns pastores ídolos de si mesmos?
Ó meus diletos, meus amigos que Eu mando pelos caminhos do mundo, a fim de continuarem a obra que Eu iniciei e que será executada, enquanto existir o tempo, lembrai-vos destas minhas palavras.
Eu vo-las digo a fim de que as digais àqueles que vós consagrareis para o ministério ao qual Eu vos consagrei.
Eu estou vendo... Eu olho através dos séculos... o tempo e as multidões numerosas dos homens que irão existir estarão todos diante de Mim... Eu estou vendo... as matanças e guerras, as pazes mentirosas e as horrendas carnificinas, o ódio e o latrocínio, a sensualidade e o orgulho. De vez em quando, um oásis verde, um. Período de volta á Cruz. Como um obelisco que parece uma onda por entre as áridas areias do deserto, a minha Cruz será levantada com amor, depois que o veneno do mal tiver tornado doentes de raiva os homens e, ao redor dela, plantai à beira das águas saudáveis, onde florescerão, as palmeiras de um período de paz e de bem no mundo.
Os espíritos como uns veados e gazelas, como umas andorinhas e pombas, irão para aquele repousante, fresco e nutritivo refúgio, para se curarem de suas dores e novamente ficarem esperando. E isso fará que as árvores entrelacem abundantemente os seus ramos, formando uma espécie de cúpula para os protegerem das tempestades e das canículas, e fará que fiquem longe as serpentes e as feiras, por meio do Sinal que põe o Mal em fuga. E assim será, enquanto os homens o quiserem.
Eu estou vendo... Homens e mais homens... mulheres, velhos, meninos, guerreiros, estudiosos, doutores, camponeses... Todos vêm e passam carregando o seu fardo de esperanças e de dores. Eu vejo como muitos vacilam, porque a dor é demais, e a esperança foi a primeira a desaparecer... do meio da carga pesada demais que, bem grande, caiu e se espalhou pelo chão. E muitos Eu vejo que caem às beiras da estrada, porque muitos, mais fortes ou mais sortudos em seu peso, que é mais leve. E muitos Eu vejo que, sentindo-se abandonados pelos que passam, e até pisados, e que, percebendo que vão morrer, chegam a odiar e a maldizer.
Pobres filhos! Entre todos esses perseguidos pela vida, que passam ou que caem, o meu amor tem intencionalmente espalhado os samaritanos piedosos, os médicos bons, as luzes da noite, as vozes no silêncio, a fim de que os fracos que caem encontrem uma ajuda, tornem a ver a luz, tornem a ouvir a voz que lhes diz: “Espera. Tu não estás sozinho. Acima de ti está Deus. Contigo está Jesus.” Eu coloquei intencionalmente essas caridades operantes, para que os meus pobres filhos não morressem em seu espírito, perdendo a morada eterna, mas continuassem a crer em Mim Caridade, vendo nos meus ministros o reflexo de Mim.
Mas, ó que dor faz sangrar a ferida do Coração, como quando ela foi aberta lá no Gólgota!
Mas, que é que estão vendo os meus olhos Divinos?
Será que não há sacerdotes por entre as numerosas turbas que vão passando?
Será por isso que sangra o Meu Coração?
Ou será que estão vazios os seminários?
O meu Divino convite será que não chega aos corações?
Ou o coração do homem não é mais capaz de ouvi-lo?
 Não. Durante os séculos haverá seminários, e neles haverá levitas. Deles sairão sacerdotes, porque na hora da adolescência ele se terá feito ouvir como aquela voz celeste em muitos corações, e eles terão atendido a ela. Mas outras, muitas outras vozes chegar-lhe-ão depois com a juventude e a maturidade, e a minha voz ficará dominada naqueles corações. A minha voz que, durante séculos, fala aos seus ministros, a fim de que eles sejam sempre o que agora vós sois: os apóstolos na escola de Cristo.
A veste ficou. Mas o sacerdote morreu. Sombras inúteis e escuras não serão uma alavanca que levanta, nem uma corda que puxa, uma fonte que dessedenta, um grão que mata a fome, um coração que é uma almofada, uma luz nas trevas, uma voz que repete o que o Mestre lhe diz. Mas eles serão para a pobre humanidade um peso de escândalo, um peso de morte, um parasita, uma putrefação... Que horror! Os Judas maiores do futuro, Eu os terei ainda, e sempre, em meus sacerdotes.
Meus amigos, Eu estou na glória, e ainda choro. Tenho piedade dessas turbas infinitas, desses rebanhos sem pastores, ou com pastores raros demais. Sinto uma piedade infinita. Pois bem. Eu o juro pela minha Divindade que aos que foram eleitos Eu lhes darei o pão, a água, a luz, a voz, a todos os que forem eleitos para estas obras.  Eu repetirei através dos séculos o milagre dos pães e dos peixes. Com uns poucos e desprezíveis peixinhos e com uns escassos pedaços de pão, ó almas humildes e leigas, Eu darei de comer a muitos, e com eles ficarão saciados, e assim será para os futuros, porque Eu tenho compaixão deste povo, e não quero que ele pereça.
Benditos aqueles que merecerem ser tais. Não benditos porque são tais, mas porque o terão merecido com seu amor e seu sacrifício.
E benditos aqueles sacerdotes, que souberam permanecer apóstolos: pão, água, luz, voz, repouso e remédio para os meus pobres filhos. Com uma luz especial eles resplandecerão no Céu.
 Eu vo-lo juro.
 Eu, que sou a Verdade.
Levantemo-nos meus amigos, vinde comigo para que Eu vos ensine ainda a rezar. A oração é o que alimenta as forças do apóstolo, porque ela o une intimamente com Deus.
E nesse ponto Jesus se levanta, e se encaminha para a escada. Mas quando chega ao pé da escadinha, Ele se vira e olha para mim. Oh! Pai! Ele se vira, e está olhando para mim. Está pensando em mim. Está procurando a sua pequena “voz”, e a alegria de estar com os seus amigos não o faz esquecer-se de mim. Ele me olha por cima das cabeças dos discípulos, e me acena. Levanta a mão para abençoar-me, e diz:
“A paz esteja contigo.”
E a visão termina.



( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, vol. 10, pgs. 273 a 286)

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