OS TRÊS REINOS CRIADOS POR DEUS: CÉU, INFERNO E PURGATÓRIO.
REENCARNAÇÃO, UMA GRANDE MENTIRA.
Agora,
vamos a estes que nos esperam. Para premiar a fé e o amor deles. Pois este amor
também não é uma coisa que consola?
Nós
estamos sofrendo por causa do ódio. Aqui há amor. E por isso há alegria.
Pedro
se acalma, como vento que cessa de repente. E Jesus se dirige á multidão dos
doentes, que o estão esperando com o desejo visível em seus rostos, e os vai
curando, um depois do outro, cheio de benevolência, paciente até para com um
escriba, que lhe apresenta seu filhinho doente.
E
esse escriba que lhe diz: “ Estás vendo? Tu foges. Mas é inútil fazê-lo. O ódio
e o amor são astutos para encontrarem o que querem. Aqui foi o amor que te
encontrou, como está escrito no Cântico dos Cânticos. Para muitos Tu és como
Esposo dos Cânticos. E eles vêm a Ti, como a Sulamita vai ao esposo, desafiando
os guardas da ronda e as quadrigas de Aminadad.”
Por
que estás dizendo isso, por que?
Porque
é verdade. Vir é um perigo, porque és odiado. Não sabes que Roma te espreita e
que o Templo re odeia?
Por
que me tentas homem? Tu estás colocando uma cilada em tuas palavras, para ir
levar depois ao Templo e a Roma as minhas respostas. Não foi com ciladas que Eu
curei o teu filho...
O
escriba, diante daquela doce censura, inclina, confuso, a cabeça, e confessa: “
Vejo que realmente Tu vês os corações dos homens. Perdoa-me. Eu vejo que
realmente és santo. Perdoa-me. Eu tinha vindo sim, fermentando em mim o lêvedo
que outros em mim haviam colocado.
E
que encontrou em ti o calor próprio para fermentar.
Sim.
É verdade... Mas agora, vou-me daqui sem lêvedo. Ou melhor, com lêvedo novo.
Eu
sei. E não tenho rancor. Muitos estão culpados por sua própria vontade, e
muitos, por vontade dos outros. Diferente vai ser a medida com que vão ser
julgados pelo justo Deus. Tu, escriba sê justo, e não corrompas no futuro, como
foste corrompido. Quando as pressões do mundo te premerem, olha esta graça
viva, que é o teu filho, que foi salvo da morte, e sê reconhecido para com
Deus.
Para
comigo.
Para
com Deus. A Ele toda glória e louvor. Eu sou o Messias, e sou o primeiro a
louvá-lo e a glorificá-lo. O primeiro a obedecer-lhe. Porque o homem não se
avilta por honrar e servir a Deus em verdade, mas se degrada, servindo ao
pecado.
Dizes
bem. Falas sempre assim? A todos?
A
todos. Se Eu falasse a Anás ou a Gamaliel, ou se Eu falasse ao mendigo leproso,
que está á beira de um caminho, minhas palavras seriam as mesmas, porque a
Verdade é uma só.
Fala,
então porque todos estamos aqui, como mendigos precisando de tua palavra, ou de
tua graça.
Eu
falarei. Para que não se diga que Eu tenho preconceitos contra quem é honesto
em suas convicções.
Morreram
aquelas que eu tinha. Mas é verdade. Eu era honesto nelas. Eu pensava estar
servindo a Deus, quando combatia contra Ti.
És
sincero. E por isso mereces compreender a Deus, que nunca é mentira. Mas as
tuas convicções não estão ainda mortas. Eu te digo. Elas são como gramíneas
queimadas. Por cima parecem mortas, mas, na verdade, elas apenas sofreram um
duro assalto que as enfraqueceu muito. Mas suas raízes estão vivas. E o terreno
as nutre. E as orvalhadas as convidam a lançar novos rizomas, e estes lançam
novas folhas. É preciso vigiar para que isso não aconteça, ou serás de novo
invadido pelas gramíneas. Israel é duro para morrer.
Israel,
então, deve morrer? É uma planta má?
Deve
morrer para ressurgir.
Uma
reencarnação espiritual?
Uma evolução espiritual. Não há
reencarnações de nenhuma espécie.
Há
quem creia que há.
Eles
estão errados.
O
helenismo colocou entre nós também essas crenças. E os doutos se nutrem com
elas, e se gloriam de serem elas um alimento muito nobre.
É
uma contradição absurda naqueles que gritam o anátema para transcurar um dos
seiscentos e treze preceitos menores.
É
verdade. Mas.. assim é. Gostam de imitar até o que odeiam.
Nesse
caso, imitai a Mim, já que me odiais. Será melhor para vós.
O
escriba teve que sorrir de um modo sutil, mesmo que não queira, por esta saída
de Jesus. As pessoas estão de boca aberta, escutando, e os que estão mais longe
pedem aos que estão mais perto que lhes repitam as palavras dos dois.
Mas
Tu, em confidência, que é que achas da reencarnação?
Que
é um erro. Eu já o disse.
Há
pessoas que dizem que os vivos são gerados pelos mortos, e os mortos pelos
vivos, porque o que existe não se destrói.
O
que não é eterno se destrói, de fato. Mas, dize-me: No teu parecer, o Criador
tem limites para Si mesmo?
Não,
Mestre. Aceitar isso seria um rebaixamento.
Tu
o disseste. E, então, poder-se-á pensar que Ele permita que um espírito se
reencarne, porque mais do que os muitos espíritos que já existem não podem
existir outros?
Não
se deveria pensar assim. E, no entanto, há quem assim pense.
E,
o que é pior, pensa-se assim em Israel. Esse pensamento da imortalidade do
espírito, que já é um grande pensamento em um pagão, ainda mesmo quando ele
está unido ao erro de uma avaliação injusta sobre como é que acontece essa
imortalidade, em um israelita esse pensamento deveria ser perfeito. Mas, pelo
contrário, em quem o admite, nos termos da tese pagã, torna-se um pensamento
limitado, rebaixado, culpável. Já não é uma glória o pensamento, que se mostra
como digno de admiração, por ter passado rente á verdade por si só, e que por
isso dá um testemunho da natureza composta do homem, como ela o é também no
pagão, por essa sua intuição de uma vida perene desta coisa misteriosa, que tem
o nome de alma, e que nos distingue dos brutos. Mas um rebaixamento do
pensamento que conhecendo a Divina Sabedoria e o Deus verdadeiro, torna-se
materialista, até em coisa tão altamente espiritual.
O espírito não transmigra, a não ser do
Criador para o ser e do ser para o Criador, ao qual ele se apresenta depois da
vida, para receber julgamento de vida ou de morte. Essa é a verdade. E, para
onde for mandado, lá fica. Para sempre.
Não
admites o Purgatório?
Sim.
Por que perguntas?
Porque Tu dizes: “ Para onde for
mandado, lá fica. O Purgatório é temporário.
Exatamente. Eu o absorvo no meu
pensamento da Vida Eterna. Pois o Purgatório já é” vida “. É verdade que é uma
vida amortecida, ainda atada, mas sempre é vital. Terminada a temporária parada
no Purgatório, o espírito conquista a Vida perfeita, a alcança, agora sem
limites e sem nenhum outro vínculo. Duas são as coisas que permanecerão: O Céu,
o Abismo, o Paraíso e o Inferno. Os Bem-aventurados e os condenados. Mas
daqueles três reinos, que agora existem, nenhum espírito voltará a revestir-se
de carne. E isso até o dia da ressurreição final, que encerrará para sempre a
encarnação dos espíritos na carne, do imortal no mortal.
Eterno,
não?
Eterno
é Deus. Eternidade é não ter princípio, nem fim. E isto, só Deus. E a
imortalidade é continuar a viver, desde quando se começou a viver. E isso se dá
com o espírito do homem. Eis a diferença.
Tu
dizes “ Vida Eterna”.
Sim.
Desde quando alguém é criado para a vida, pode, pelo espírito, pela graça e
pela vontade, conseguir a vida eterna. Não a eternidade. Vida pressupõe começo.
Não se diz “ Vida de Deus”, porque Deus não teve princípio.
E
Tu?
Eu
viverei, porque também Eu sou carne, e no Espírito divino Eu tenho unida a alma
do Cristo na carne do homem.
Deus
é chamado “ o Vivente”.
De
fato. Ele não conhece morte. Ele é vida. A vida inexaurível. Não vida de Deus.
Mas vida. Só isto. Isto são esfumaturas, ó escriba. É nas esfumaturas que se
encerra Sabedoria e Verdade.
É
assim que falas aos pagãos?
Não
é assim. Eles não compreenderiam. Eu lhes mostro o Sol. Mas assim como Eu
mostraria a um menino, até então cego e tolo que, por um milagre, tivesse
voltado a ver e a entender. Assim: como um astro. Sem começar a explicar a
composição dele. Mas vós em Israel, não sois cegos nem tolos. Há séculos o dedo
de Deus vos abriu os olhos e desanuviou a mente.
É
verdade Mestre. No entanto, somos cegos e tolos.
Vós
vos fizestes assim. E não quereis o milagre de quem vos ama.
Mestre...
É
verdade, escriba.
Este
inclina a cabeça, e se cala. Jesus o deixa, e anda para diante e de passagem
acaricia Marziam e o filhinho do escriba, que estavam brincando com pedrinhas
de várias cores. Mais do que uma pregação, o que Jesus faz é uma conversação
com este ou aquele grupo.
Mas
é uma pregação contínua, porque vai resolvendo todas as dúvidas, esclarecendo
todos os pensamentos, resume ou amplia coisas que já foram ditas, ou conceitos,
em alguns dos pontos de que alguém vai-se lembrando. E assim passam as horas.
(
O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4, pgs 315 a 319)
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