“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

PARÁBOLA DA VIDEIRA.


PARÁBOLA DA VIDEIRA.


Eu vos proponho esta parábola, para que melhor entendais o ensinamento.

Um agricultor tinha muitas árvores em seus campos e videiras que produziam muito fruto, dentre as quais havia uma de qualidade muito apreciada e de que ele muito se orgulhava. Certo ano aquela videira deu muitas folhas e poucos cachos. Um amigo disse então, ao agricultor: “Foi porque a podaste muito pouco.” No ano seguinte o homem a podou muito. E a videira, então, produziu poucos sarmentos e menos cachos ainda. Um outro amigo lhe disse: “ Foi porque a podaste demais.” No terceiro ano o homem a deixou parada. A videira não deu nenhum cacho e lançou bem poucas folhas, magras, enroladas e atacadas pela ferrugem. Um terceiro amigo sentenciou: “ Ela está morrendo porque o terreno não é bom. Queima-a!”
Mas, porque, se o terreno é o mesmo terreno que as outras têm, e se eu trato dela como trato as outras? Antes ela produzia bem! O amigo encolheu os ombros e foi-se embora. Passou por ali um viandante desconhecido, e parou para observar como o agricultor estava triste e apoiado á cepa da pobre videira.
Que tens?, perguntou-lhe. Alguém morreu em tua casa?
Não. Mas o que me está morrendo é esta videira, que eu amava tanto. Ela não tem mais suco para produzir frutos. Um ano deu pouco, mo outro deu menos, e neste nada. Eu fiz tudo o que me disseram, mas não adiantou nada.
O viandante desconhecido entrou, então, na vinha e aproximou-se da videira. Tocou nas folhas, apanhou um torrão no chão, o cheirou, depois o esfarelou entre os dedos e levantou o olhar para o tronco que sustentava a videira.
Deves tirar aquele tronco. A videira está esterilizada por ele.
Mas, se ele é o apoio dela há muitos anos?
Responda-me, homem, quando tu plantaste esta videira aqui, como é que estava a muda e o olmo, como estava?
Oh! A muda era um belo mergulhão de três anos. Eu a havia tirado de uma outra minha planta e, para trazê-la até aqui, eu tinha escavado profundamente ao redor dela para não ofender as raízes, ao tirá-la de sua gleba nativa. Além disso, eu tinha feito aqui uma cova igual, e até um pouco maior, para que ela ficasse logo bem livre, e antes eu havia capinado toda a terra ao redor, a fim de que ela ficasse macia para as raízes e assim elas pudessem espalhar-se logo, sem encontrarem dificuldades. Com todo o cuidado eu a coloquei, pondo antes no fundo um atraente adubo. As raízes, como sabes, tornaram-se fortes, quando encontram logo o que as possa nutrir. Menos eu me ocupei com o olmo. Pois era um arbusto destinado somente a escorar o mergulhão. Por isso, eu a coloquei quase superficialmente perto do mergulhão, escorei-o bem e fui-me embora. Mas a videira ia crescendo de ano a ano, amada, podada, sachada. O olmo, porém, não crescia. Contudo, ela esta fazendo aquilo para que servia... Depois, ela foi-se tornando robusta. E estás vendo agora como está bonita?
Quando eu chego, vindo de longe, e vejo a copa dela destacando-se, alta como uma torre, ela me fica parecendo o distintivo do meu pequeno reino. Antes a videira a cobria, e não se via a sua bela copa. Mas agora, olha como está bonita lá no alto, ao sol! E, que tronco! Bem em pé e forte. Ele podia sustentar esta videira anos e anos, mesmo que ela se tornasse igual áquelas cujos cachos foram apanhados lá á beira do Rio do Cacho pelos exploradores de Israel. Mas, ao contrário...
Ao contrário, ele a matou. Ele a dominou. Tudo estava bem para que ela vivesse, o terreno, a posição, a luz, o sol, os cuidados que tu lhe davas. Mas ele a matou. Ele se tornou forte demais. E ele lhe foi amarrando as raízes, até estrangulá-la, tirou dela todo o suco do solo, Pôs-lhe uma mordaça para que ela não respirasse, nem recebesse a luz.
Corta logo este olmo tão forte e inútil, e a tua videira viverá de novo. E melhor ainda tornará a viver, se tu, com paciência, escavares o solo para descobrir as raízes do tronco e cortá-las, até ficares certo deque elas não nascerão brotos. Seus galhos irão murchar sobre o solo até em suas últimas ramificações e de sua morte eles passarão para a vida, porque se transformarão em adubo, depois do merecido castigo por seu egoísmo. O tronco tu o queimarás, e assim ele ainda te dará coisa úteis. Não serve senão para o fogo uma planta inútil e nociva, e ela é tirada para que todo bem vá para a planta boa e útil.
Tem fé nisto que te digo, e ficarás contente.
Mas, quem és tu? Dize-me a mim, para que eu possa ter fé.
Eu sou o sábio. Quem crê em mim, está seguro, e foi-se embora.
O homem ficou por um momento na dúvida. Depois se decidiu, e foi pegar a serra. E resolveu chamar os amigos para que o ajudasse.
Mas não estás louco? Além da videira, ainda perderás o olmo. Eu me limitaria a podar-lhe a copa, para dar mais ar á videira. Nada mais.
Ela precisa sempre ter um espeque. Vais fazer um trabalho inútil.
Sabes lá quem era o tal homem? Talvez seja um que te odeia, sem que tu o saibas. Ou, então algum doido, e por aí afora.
Eu vou fazer o que ele me disse. Tenho fé nele, e serrou o olmo rente á raiz, e, ainda não contente, dentro de uma longa faixa do terreno, pôs a descoberto as raízes das duas plantas e, com paciência foi serrando o olmo, tomando cuidado para não ferir as da videira, depois tornou a encher o grande buraco que havia feito, e, para a videira que tinha ficado agora sem uma estaca, pôs encostada nela uma estaca de ferro, com a palavra “ FÉ” escrita em uma tabuinha amarrada no alto da estaca.
Os outros saíram dali balançando a cabeça. Passou o outono e passou o inverno. Chegou a primavera. As gavatinhas se foram enrolando umas nas outras e na estaca, e os sarmentos se enfeitaram com gêmulas e mais gêmulas, primeiro fechadas como em um estojo, depois já entreabertas sobre a esmeralda das folhinhas nascentes e, finalmente abertas para, em seguida, estenderem da cepa novos sarmentos fortes, todos num florescer de flores minúsculas, seguido de um grande pipocar de pequeninos bagos. Há mais cachos do que folhas, e estas são largas, verdes, como o são os sarmentos que, por enquanto, estão com dois, três ou mais cachos. E cada cacho está cheio de bagos carnosos, suculentos e bonitos.
E agora que dizeis? Era ou não era a árvore a causa porque estava morrendo a minha videira? Tinha ou não tinha falado bem o sábio? Tive, ou não tive razão para escrever naquela tabuinha a palavra “FÈ”? Assim disse o homem aos amigos incrédulos.
Tiveste razão. Feliz de ti, que soubeste ter fé, e ser capaz de destruir o passado, isto é, o que te foi dito de prejudicial.
Esta é a parábola.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4, pgs. 170,171,172)

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