“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O MESTRE FALA.


O MESTRE FALA.

Maria de Magdala, a grande pecadora de Israel, a que não tinha desculpas para o seu pecado, voltou para o Senhor. E de quem haverá ela de esperar fé e misericórdia, senão de Deus e dos servos de Deus? Todo Israel, e com Israel os estrangeiros que estão entre nós, aqueles que bem a conhecem e a julgam com severidade, agora que ela não é mais cúmplice deles em suas devassidões, criticam esta ressurreição e zombam dela.
Ressurreição. É a palavra mais exata. Ressuscitar uma carne, não é o maior milagre. Este é um milagre relativo, porque destinado a ser um dia anulado pela morte. Eu não dou imortalidade ao que ressuscitou na carne, mas dou eternidade ao ressuscitado no espírito. E, enquanto um morto na carne não une a sua vontade de ressurgir á minha, e por isso não existe mérito de sua parte, no ressuscitado no espírito está presente a sua vontade, e ela é até a primeira a estar presente. Por isso, não está ausente o mérito do ressuscitado.
Não vos digo isto para justificar-me. Somente a Deus devo prestar contas de minhas ações. Mas vós sois os meus discípulos. Os meus discípulos hão de ser segundos Jesus. Não deve haver neles nenhuma ignorância e nenhuma daquelas inveteradas culpas, pelas quais muitos estão unidos a Deus somente de nome.
Tudo é capaz de boas ações. Até as coisas aparentemente menos aptas para sê-lo. Quando uma matéria se apresenta á vontade de Deus, ainda que fosse a mais inerte, gelada, suja, pode transformar-se em movimento, chama, beleza pura.
Eu vos tiro uma comparação tirada do livro dos Macabeus. Quando Neemias foi reenviado pelo rei da Pérsia a Jerusalém, no Templo reconstruído e no altar purificado, quiseram que  se oferecessem os sacrifícios. Neemias se lembrava de como, no momento da captura por parte dos Persas, os sacerdotes que se ocupavam do culto de Deus foram de um vale, em um poço profundo e seco, e fizeram isso tão bem e tão secretamente, que só eles ficaram sabendo onde estava o fogo sagrado. Disto se lembrava Neemias e, lembrando-se disso, tomou os netos daqueles sacerdotes, para que fossem naquele lugar que, antes de morrer, os sacerdotes haviam revelado aos seus próprios filhos, transmitindo assim o segredo de pais para filhos, e lá apanhassem o fogo do sacrifício. Mas, descendo os netos ao poço secreto, não acharam fogo, mas densa água, lodo podre, pesado, que chegou até ali, depois de ter-se filtrado de todas as cloacas entupidas da Jerusalém devastada.
E eles foram dizer isso a Neemias. Mas ele ordenou que fosse apanhada aquela água e lhe levassem. E assim feito pôs a lenha sobre o altar, os sacrifícios, aspergiu abundantemente tudo, para que todas as coisas ficassem aspergidas com aquela água lodosa. O povo espantado e os sacerdotes escandalizados olharam e fizeram aquilo com respeito, somente porque era Neemias que estava mandando. Mas quanta tristeza nos corações! Quanta desconfiança! Como no céu havia nuvens a tornar triste o dia, assim nos corações a dúvida a tornar melancólicos os homens. Mas o sol rompeu as nuvens e desceu com os seus raios sobre o altar e a lenha, borrefada com a água lodosa, se acendeu com grande fogo e logo consumiu o sacrifício, enquanto os sacerdotes rezavam, com as orações compostas por Neemias, e com os hinos mais belos de Israel, até que se queimou todo o sacrifício. E, para persuadir á multidão de que Deus pode, mesmo com as matérias menos adequadas, mas usadas para um fim reto, produzir prodígios, Neemias ordenou que o resto da água fosse derramado sobre grandes pedras. E as pedras molhadas também soltaram chamas, e nestas elas se consumiram, desaparecendo na grande luz que vinha do altar.
Cada alma é um fogo sagrado posto por Deus no altar do coração, a fim de que sirva para queimar o sacrifício da vida, com amor ao Criador da mesma. Cada vida é um holocausto, se for bem usada, e cada dia é um sacrifício a ser consumado com santidade. Mas, vêm os salteadores, os opressores do homem e de sua alma. O fogo se afunda no fundo do poço. E isso, não por alguma necessidade santa, mas por alguma estultícia nefasta. E lá, submerso durante séculos por todas as sentinas dos vícios, torna-se ele lama podre e pesada, até que desça naquela profundeza um sacerdote, e leve de novo para a luz do sol aquela lama, colocando-a sobre o holocausto do seu próprio sacrifício. Porque, ficai sabendo, não basta o heroísmo a quem quer se converter. Exige-se também o de quem quer convertê-lo. Digo até que este deve preceder aquele, porque as almas se salvam é pelo nosso sacrifício. Porque é assim que se consegue que a lama se transforme em chama e Deus julgue perfeito e agradável á sua santidade o sacrifício que se consuma.
É então que, não bastando ainda para persuadir ao mundo que uma lama arrependida é ainda mais ardente do que o fogo comum, ainda que seja fogo consagrado, pois o fogo comum só serve para queimar lenha e vítimas, isto é matérias adequadas para serem queimadas, eis que esta lama arrependida se torna tão poderosa, que acende e queima até as pedras, que são materiais incombustíveis.
E não vos pergunteis de onde vem a esta lama tal propriedade?
Não o sabeis?
Eu vo-lo digo: porque, no ardor do arrependimento, eles se fundem com Deus, chama com chama, Chama que sobe, chama que desce, Chama que se oferece amando, chama que se concede amando. Abraço de dois que se amam, que se reencontram, que se unem, fazendo uma só coisa. E, uma vez que a chama maior é a de Deus, esta transborda, domina, penetra, absorve, e a chama do barro arrependido não é mais a chama relativa de uma coisa criada, mas a chama infinita de uma coisa incriada, do Altíssimo, Potentíssimo, Infinito: de Deus.
Isto é que são os grandes pecadores, verdadeiramente convertidos, que generosamente se entregaram á conversão, sem nada guardarem do passado, queimando como primeira coisa, a si mesmos, em sua parte mais pesada, com a chama que se levanta de sua lama, tendo corrido ao encontro de Graça, e movidos por Ela. Em verdade, em verdade Eu vos digo que muitas pedras em Israel serão atacadas pelo fogo de Deus, por meio destas fornalhas ardentes que queimarão sempre mais, até a consumação da criatura humana e que continuarão a queimar as pedras, tibiezas, incertezas, timidezes da terra, lá do seu trono do Céu, como verdadeiros espelhos ardentes sobrenaturais, que recolhem as Luzes Unas e Trinas para fazê-las convergir sobre a humanidade e acendê-las em Deus.
Eu vos repito que não tinha necessidade de justificar as minhas ações, mas Eu quis que penetrásseis no meu conceito e o fizésseis vosso. Por enquanto, e para outros casos futuros semelhantes, quando Eu já não estiver convosco.
Um conceito errôneo, uma suspeita farisaica de contaminar a Deus, levando-lhe um pecador arrependido, não vos impeça nunca de fazer esta obra, que é um coroamento perfeito da missão a que Eu vos destino. Tende sempre presente que Eu não vim salvar os santos, mas os pecadores. E fazei vós de modo semelhante, porque o discípulo não é mais do que o Mestre e, se Eu não tenho repugnância de tomar pela mão os refugos da terra, que sentem necessidade do Céu, que a sentem finalmente, jubiloso, então, Eu os levo para Deus, porque está é a minha missão e, se toda conquista é uma justificação da minha Encarnação, que mortifica o infinito, não tenhais repugnância em fazê-lo vós também, ó homens limitados, que, mais ou menos todos conhecestes a imperfeição, feitos vós da mesma natureza que os vossos irmãos pecadores, homens que Eu elejo como salvadores, para que seja continuada a minha obra nos séculos dos séculos da terra, como se Eu estivesse continuando a viver nela em uma existência secular.
E tal será, porque a união dos meus sacerdotes será como a parte vital do grande corpo da minha Igreja, da qual Eu serei o Espírito animador e, ao redor dessa parte vital, concentrar-se-ão todas as infinitas partículas dos que creem, a formar um único corpo, que do meu Nome tirará o seu nome. Mas, se faltasse a vitalidade na parte sacerdotal, poderiam ter vida as infinitas partículas? É verdade que Eu enquanto estou aqui, poderia estender a minha vida até ás partículas mais longínquas, deixando de lado as cisterna se os canais entupidos ou inúteis, que opõem resistência ao ministério deles. Porque a chuva cai onde quer e as partículas boas, capazes por si mesmas de querer a vida, viveriam do mesmo modo a minha vida. Mas, que seria então o cristianismo? Apenas uma vizinhança de umas almas com outras. Vizinhas e, no entanto, separadas por canais e cisternas, que já não são um laço de união, distribuindo a cada partícula o sangue vital, que vem de um centro único. Mas haveria muros e precipícios de separação, através dos quais as partículas se olhariam, humanamente hostis umas ás outras, sobrenaturalmente aflitas, dizendo em seus espíritos: “ Contudo, nós éramos irmãos e tais ainda nos sentimos, por mais que nos tenham separado!” Há uma vizinhança. Não uma fusão. Não um organismo. E, sobre esta ruína, resplandeceria, doloroso, o meu amor...
E ainda. Não penseis que isto valha somente para os cismas religiosos. Não. Vale também para todas as almas que ficam sozinhas, porque os sacerdotes se recusam a ampará-las, a ocupar-se com elas, a amá-las, indo contra a sua missão, que é a de dizer e de fazer o que Eu digo e faço, isto é: “ Vinde a Mim vós todos, que Eu vos conduzirei a Deus.
Ide agora em paz, e Deus esteja convosco.


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4, pgs 152 a 156)

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