“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 31 de julho de 2015

UM SEMEADOR SAIU PARA SEMEAR.


A PALAVRA DE DEUS NÃO PRODUZ O MESMO EFEITO EM TODOS OS CORAÇÕES.


Diz Jesus:

 "De Cafarnaum até aqui, Eu vim pensando que palavras vos iria dizer. E encontrei quais eram as mais adequadas, ao relembrar os fatos desta manha. Vós vistes os três homens que vieram a Mim. Um veio espontaneamente, outro, porque foi por Mim convidado, e o terceiro, porque entusiasmou-se de repente. E vistes também que daqueles três Eu fiquei só com dois. Porque será? Teria Eu visto um traidor no terceiro? Em verdade, não. Mas vi nele alguém ainda despreparado. Pelas aparências, o que parecia mais despreparado era esse, que agora está aqui ao meu lado, pois antes estava com a intenção de ir sepultar o seu pai. Mas é que o mais despreparado era o terceiro. Este era tão preparado que mesmo sem saber, soube fazer um sacrifício bem heróico. O heroísmo em seguir a Deus é sempre uma prova de uma forte preparação espiritual. Isto é o que explica alguns fatos surpreendentes, que acontecem ao redor de Mim. Os mais preparados para receber Cristo, seja qual for a sua casta ou cultura, costumam vir a Mim com uma prontidão e uma fé absolutas. Os menos preparados ficam observando-me, como se Eu fosse um homem que foge do que é costumeiro ou então me ficam estudando com desconfiança e curiosidade, ou ainda, me atacam e me denegrecem, acusando-me de várias coisas. As diversas atitudes tomadas estão na proporção da falta de preparação dos espíritos. No povo eleito deveriam encontrar-se por toda parte espíritos prontos para receber este Messias, em cuja espera consumiram-se em desejos os Patriarcas e os Profetas, este Messias, que finalmente veio, precedido e acompanhado por todos os sinais que estavam profetizados, este Messias, cuja figura espiritual se delineia sempre mais clara, por meio dos milagres visíveis sobre os membros e os elementos e os milagres invisíveis, realizados sobre as consciências dos que se convertem e sobre os pagãos que se voltam para o Verdadeiro Deus. Mas assim não é. Pois a prontidão em seguir o Messias é fortemente obstaculizada, justamente entre os filhos deste povo, e é doloroso dizer-se, o é tanto mais, quanto mais se sobe por entre as classes mais altas deste mesmo povo. Eu não digo isto para vos escandalizar. Mas sim, para induzir-vos a rezar e a refletir. Por que acontece isso? Por que os pagãos e os pecadores procuram andar mais pelo meu caminho? Por que eles acolhem mais o que Eu digo, e os outros não? E porque os filhos de Israel estão ancorados, como ostras que produzem pérolas, no lugar em que nasceram?
 Porque estão saturados, empanturrados, obesos com a sabedoria deles, e não sabem abrir caminho para a minha, jogando fora o supérfluo, para darem lugar ao necessário. Os outros não tem esta escravidão. São eles pobres pagãos, ou pobres pecadores, ainda desancorados como barcos à deriva, são pobres que não possuem tesouros próprios, mas somente fardos de erros ou de pecados, dos quais se despojam com alegria logo que conseguem compreender o que é a Boa Nova, e sentem nesta um mel fortificante bem diferente da insípida mixórdia dos seus pecados. Ouvi, e talvez podereis compreender melhor como podem haver frutos diferentes de uma mesma obra.
Um semeador saiu para semear. Seus campos eram muitos e de qualidades diferentes. Havia alguns, que ele tinha herdado de seu pai e sobre os quais havia deixado proliferar plantas espinhosas. Outros haviam sido adquiridos por ele, e ele os comprara do jeito em que estavam, de um dono negligente, e tais como eram os deixou. Outros ainda, haviam sido entrecortados por estradas, pois o homem era um grande comodista e não queria andar muito para ir de um lugar para outro. Enfim, havia alguns, os mais próximos da casa, dos quais ele tomava cuidado, só para que dessem um aspecto agradável à frente da casa. Estes estavam bem limpos de pedregulhos, de espinhos, da grama e assim por diante. O homem, pois, tomou o seu saco de grãos para ir semear grãos da melhor qualidade, e começou a semeadura. A semente caiu no terreno bom, fofo, arado, limpo e adubado dos campos próximos à casa. Caiu também nos campos entrecortados por caminhos e trilhas, que os parcelava levando, além disso, a sujeira da poeira árida para cima da terra fértil. Outras sementes caíram sobre os campos, onde a inépcia do homem tinha deixado que crescessem as plantas espinhosas. Agora o arado as havia revirado, e nem parecia que elas estivessem mais ali, mas elas estavam, porque somente o fogo é que é a radical destruição das ervas más, impedindo-as de nascer. As últimas sementes caíram nos campos comprados ultimamente, e que ele tinha deixado como estavam, sem destorroá-los em profundidade, sem limpá-los de todas as pedras afundadas na terra e fazendo com ela um pavimento duro no qual não conseguiam agarrar-se as tenras raízes. Depois, tendo semeado todas as sementes, voltou para casa, e disse: "Agora está tudo bem. É só esperar as colheita."
 E assim se alegrava quando, com o correr dos meses, podia já ver,  à frente de sua casa, o trigo que ia germinando e crescendo... Oh! Crescia como um tapete macio e já ia soltando espigas... Parecia um mar, lourecendo e batendo espigas contra espigas, cantando hosanas ao sol.
 O homem dizia: "Como este campo devem estar todos os outros. Preparemos as foices e os celeiros. Quanto pão! Quanto ouro!" E estava feliz. Cortou o trigo dos campos mais próximos, depois passou aos que herdou do pai, mas ele os tinha deixado virar mato. E o homem ficou muito aborrecido. Todos os grãos haviam nascido, porque os campos eram bons e a terra adubada pelo pai estava gorda e fértil. Mas sua fertilidade tinha sido boa também para as plantas espinhosas, que ficaram cobertas pela terra, reviradas com ela, mas não esterilizadas. Elas tinham renascido e formado um verdadeiro forro de ramagens cheias de espinhos, através das quais o trigo não tinha podido passar para cima, a não ser com uma espiga aqui, outra acolá, e morreu quase todo sufocado. O homem disse: "Eu fui negligente com este campo. Mas nos outros não havia espinheiros, e deverão estar melhores. Passou então aos campos recentemente adquiridos. Lá seu espanto cresceu, até transformar-se em tristeza. Finas e já ressecadas, as folhas do trigo estavam espalhadas por toda parte, como feno seco. Feno seco! Mas, como? Como foi isso?, gemia o homem. E, no entanto, aqui não há espinhos! E, além disso, a somente do trigo era a mesma.

 E aqui também ela tinha nascido, e o trigal estava tão viçoso, que dava alegria vê-lo! Pode-se ver ainda como suas folhas estavam bem formadas e grande número. Por que será que aqui o trigo todo morreu sem produzir espigas?" E, com grande tristeza, pôs-se a cavar o solo, para ver se encontrava ninhos de toupeiras, ou outras pragas. Insetos e roedores, não havia. Mas, que quantidade de pedras! Um verdadeiro pedregal! Os campos estavam literalmente calcetados com escamas de pedras, e a pouca terra que as cobria era um engano. Oh! Se tivesse afundado mais o arado, enquanto era tempo! Oh! Se ele tivesse feito escavações, antes de aceitar aqueles campos e de comprá-los como se fossem bons! Oh! Pelo menos, depois daquele erro de adquirir o que era oferecido, sem ter-se informado da boa qualidade deles, se ele os tivesse feito ficar bons, à custa do cansaço de seus rins! Mas agora já era tarde e inúteis eram quaisquer queixumes. O homem se pôs de pé, arrasado, e dali se foi para os campos entrecortados por pequenas caminhos, feitos para sua comodidade... E rasgou suas vestes de tristeza. Aqui não havia nada. Absolutamente nada... A terra escura do campo estava coberta por uma ligeira camada de pó branco... O homem se agachou no chão, e gemia dizendo: "Mas, por que? Aqui não há espinhos, nem pedras, pois estes campos antes já eram nossos. Meu avô, meu pai, eu, sempre os possuímos e, por anos e anos, os fomos tornando férteis. Neles eu abri estradas, terei tirado alguma terra do campo, mas isso não é o que o terá feito ficar estéril assim..." Ainda estava ele chorando, quando recebeu, para sua tristeza, a resposta, dada por um cerrado bando de passarinhos, que estavam chegando esfomeados, vindos dos caminhos para o campo e dos campos para os caminhos para procurarem continuamente sementes de trigo, e mais e mais sementes... O campo havia-se transformado numa rede de pequenos caminhos, em cujas beiras o trigo semeado tinha caído, e havia atraído muitos passarinhos, e estes, primeiro comeram os grãos na estrada e depois os plantados no campo, até o ultimo grão. Desse modo, a semente, igual para todos os campos, num havia produzido cem por um, noutro sessenta, noutro trinta e noutro nada.
 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. A semente é a Palavra: é igual para todos. O lugar onde cai a somente são os vossos corações. Cada um aplique a si a parábola e compreenda.
A paz esteja convosco."


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 3 pgs 151,152,153,153,155,156)

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