“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 31 de julho de 2015

RECOMENDAÇÕES AOS EVANGELIZADORES.


O bom Pastor se arrisca perder a própria vida para trazer de volta a ovelha desgarrada.

RECOMENDAÇÕES AOS EVANGELIZADORES.


13 de agasto de 1944.

 Diz Jesus:  “Desde janeiro, desde quando Eu te fiz ver a ceia na casa de Simão, o leproso, tu, e quem te guia, desejastes conhecer mais sobre Maria de Magdala e que palavras Eu tive para ela. Sete meses depois, Eu vos descubro estas páginas do passado, para contentar-vos e para dar uma norma aqueles que devem saber inclinar-se sobre estas leprosas da alma, e uma palavra que conceda a essas infelizes, que se sufocam em seu sepulcro de vícios, ao tentarem sair dele.  Deus é bom. Ele é bom com todos. Ele não mede com medidas humanas.  Não faz diferença entre pecado e pecado mortal. O pecado o entristece, seja ele qual for. O arrependimento o faz ficar alegre e pronto para perdoar. A resistência a graça o torna inexoravelmente severo, porque a Justiça não pode perdoar ao impenitente, que morre assim mesmo com todos os auxílios que tiver recebido para que se convertesse. Mas, nas conversões que falharam, se não a metade, pelo menos quatro décimos têm como causa primeira o descuido dos que estão á frente do trabalho de conversão, por um zelo mal entendido e mentiroso que, como um toldo descido sobre um real egoísmo e orgulho, pelos quais ficam eles tranqüilos em seu próprio abrigo, sem descerem para o meio da lama, a fim de arrancar dela um coração. “Eu sou puro. Eu sou digno de respeito. Não vou aos lugares onde há corrupção moral, nem onde me podem faltar com a reverencia.” Mas quem fala assim não leu o Evangelho naquele ponto onde está dito que o Filho de Deus veio para converter os publicanos e as meretrizes, além das pessoas honestas que assim o eram, ainda que somente segundo a Lei Antiga? Não pensará esse tal que o orgulho é uma impureza da mente, e que a falta de caridade é uma impureza do coração? Ficarás vilipendiado? Eu já o fui antes, e mais do que tu, e Eu era o Filho de Deus. Deverás andar com tuas vestes sobre as imundícies? E Eu, não toquei com as minhas mãos esta imundície, para pô-la de pé e dizer-lhe: “Caminha por este novo caminho”? Não vos lembrais do que foi que Eu disse aos vossos primeiros predecessores? “Em qualquer cidade ou vila em que entrardes, informai-vos sobre quem há nela que o mereça, e ficai na casa dele.” Isto para que o mundo não fique murmurando. O mundo que é fácil demais para ver o mal em todas as coisas.
 Mas Eu acrescentei: “Ao entrardes nas casas, - ”casas”, Eu disse, e não “casa” - saudai-as dizendo: “Paz a esta casa”. Se a casa for digna, a paz virá sobre ela e, se não for digna, voltará para vós.” Isto é para ensinar-vos que, enquanto não houver uma prova certa de impenitência, deveis ter para com todos um mesmo coração. E Eu completei o ensinamento, dizendo: “E, se algum não vos recebe e não escuta as vossas palavras, ao sairdes daquelas casas e daquelas cidades, sacudi a poeira que ficou pegada á sola de vossos pés.” A fornicação nos bons, pelos quais a Bondade é constantemente amada, faz que eles sejam como um dado de vidro liso, e ela não é mais do que pó. Um pó que, basta que o sacudamos, ou que sopremos sobre ele, para que ele voe, sem deixar nenhuma lesão. Sede verdadeiramente bons. Formal um só bloco, com a Bondade 39 eterna no centro. E nenhuma corrupção será capaz de subir para vos sujar, a não ser nas solas de vossos pés, pois estão apoiados no chão. A alma fica muito ao alto. A alma de quem é bom e de quem faz uma coisa só com Deus. A alma está no Céu. Até lá não chegam nem a poeira nem a lama, nem mesmo quando esta é jogada com ódio contra o espírito do apóstolo. A carne pode ferir-vos. Ferir-vos, quer dizer, materialmente, moralmente, perseguindo-vos, porque o Mal odeia o Bem, ou ofendendo-vos. E que tem isso? Também Eu não fui ofendido? Não fui ferido? Mas será que aqueles golpes ou aquelas palavras obscenas ficaram gravadas em meu Espírito? Será que o perturbaram? Não. Será como um cuspo lançado contra um espelho, ou como uma pedra jogada contra a polpa suculenta de uma fruta: deslizam sem conseguirem penetrar, ou penetram, mas somente na superfície, sem ferirem o germe que está dentro do caroço, e, pelo contrário, até o ajudam a nascer, porque é mais fácil sair para fora de uma massa já meio aberta, do que de uma completamente fechada. É morrendo que o grão germina e que o apóstolo produz. Morrendo materialmente ás vezes, morrendo quase diariamente, num sentido metafórico, porque com isso fica mais do que machucado o eu do homem. E isso não é morte: é Vida. Triunfa o espírito sobre a morte da humanidade.  Vinda a Mim por um capricho de ociosa, que não sabe como encher suas  horas de ócio, os seus ouvidos atordoados pelas mentirosas gentilezas de quem a acarinhava com hinos á sensualidade, para poder tê-la como escrava, aos seus ouvidos ressoou a voz límpida e severa da Verdade. Da Verdade que não tem medo de ser escarnecida e incompreendida e que fala suas palavras olhando para Deus. E, como um coro de sinos em festa, todas as vozes se fundiram na Palavra. São as vozes usadas para ressoarem nos Céus, no azul livre do ar, propagando-se por vales e colinas, planícies e lagos, para fazer lembradas as glórias do Senhor e suas festividades. Não vos lembrais do repicar festivo dos sinos em festa, que nos tempos de paz tornava tão alegre o dia dedicado ao Senhor? O sino maior dava com seu badalo que suscitava o som, o primeiro toque em nome da Lei divina. Ele dizia: “Eu estou falando em nome de Deus, Juiz e Rei.” E depois os sinos menores arpejavam: “que é bom, misericordioso e paciente”, até que chegou a vez do sino mais sonoro, com sua voz de anjo, dizer: “cujo amor o leva a perdoar e a compadecer-se, para vos ensinar que o perdão é mais útil do que o rancor, e que é melhor ter compaixão do que ser inexorável. Vinde a quem perdoa. Tende fé em quem se compadece”.  Eu também, depois de ter feito que seja lembrada a Lei, que foi pisada pela pecadora, fiz cantar a esperança do perdão. Como uma faixa verde e azul de seda, eu a sacudi por entre as tintas pretas, para que aí ela colocasse as suas reconfortantes palavras. O perdão! Ele é uma orvalhada sobre o ardor em que está o culpado. A orvalhada não é o granizo que fere, como uma flecha, que golpeia, ricocheteia e depois vai-se, sem penetrar, matando a flor. O orvalho desce de um modo tão leve, que a flor, ainda que seja muito delicada, não o sente pousar-se sobre suas pétalas de seda. Mas depois ela bebe o frescor dele e se restaura. O orvalho vai pousar também junto ás raízes, sobre a gleba esturricada, e vai até além... E uma umidade de lágrimas, e um pranto das estrelas, amoroso pranto das nutrizes sobre os filhos que têm sede e que desce, esse mesmo, restaurador, junto com o leite gostoso e fecundo. Oh! Os mistérios dos elementos que trabalham par a ele, mesmo quando o homem toma o seu descanso, ou quando peca! O perdão é como este orvalho. Ele traz consigo, não somente a limpeza, mas os sucos vitais, arrebatados, não dos outros elementos, mas das lareiras divinas. Depois, após a promessa de perdão, eis a Sabedoria que fala, e diz o que é ou não é lícito, e nos chama e sacode. Não o faz por dureza. Mas pela solicitude materna de salvar. Quantas vezes a vossa pederneira se faz ainda mais impenetrável e agressiva para com a Caridade que sobre vós se inclina!... Quantas vezes a evitais, quando Ela vos quer falar!... Quantas vezes não zombais dela! Quantas vezes a odiais!... Se a Caridade usasse para convosco dos modos de que usais para com Ela, o que seria de vossas almas?! Mas, vede como é o contrário. Ela é a Incansável Caminhante, que vem á procura de vós. Ela vem procurar-vos, mesmo quando vos entocais em vossas nojentas tocas.  Por que Eu quis ir àquela casa? Por que não operei nela o milagre? Para ensinar aos apóstolos como agir, desafiando os preconceitos e as críticas para cumprir um dever tão alto, que esta acima dessas coisinhas do mundo. Por que Eu disse a Judas aquelas palavras? Os apóstolos eram muito homens. Todos os cristãos são muito homens, até os santos da terra o são, ainda que de maneira menor.
                                            Todo bom Pastor leva suas ovelhas a bons pastos.

 Alguma coisa de humano persiste até nos perfeitos. Mas os apóstolos ainda não eram perfeitos. Os pensamentos deles estavam cheios do que é humano. Eu os levava para o alto. Mas o peso da humanidade deles os puxava para baixo. Para fazer que eles descessem sempre menos. Eu devia colocar no caminho da subida algumas coisas próprias para parar a descida, de modo tal, que, indo de encontro a elas, eles parassem, meditassem e repousassem, para depois subirem mais, até além do limite de antes. Coisas que fossem de primeira qualidade, a fim de persuadi-los de que Eu era Deus. Por exemplo, a introspecção das almas, a vitoria sobre os elementos, os milagres, a transfiguração, a ressurreição e a ubiqüidade. Eu estive na estrada de Emaús, enquanto estava no Cenáculo e, a hora daquelas duas presenças, verificadas pelos apóstolos e discípulos, foi uma das razões que mais os impressionou, soltando-os de seus laços e dirigindo-os para os caminhos de Cristo. Mais do que para Judas, que já incubava em si o plano da morte, Eu falei para os outros onze. Que Eu era Deus, era o que Eu necessariamente devia fazer brilhar diante dos olhos deles, não por orgulho, mas por necessidade de sua formação. Eu era Deus e Mestre. Aquelas minhas palavras diziam que Eu era isto. Eu me revelo com uma faculdade extra-humana, e ensino uma perfeição: não ter discursos maus, nem mesmo com o nosso interior. Pois que Deus está vendo e Deus deve ver um interior puro, para poder nele descer e aí fazer sua morada. Por que não operei o milagre naquela casa? Para fazer que todos compreendessem que a presença de Deus exige um ambiente puro. Pelo respeito à sua excelsa majestade.
 Para falar sem a palavra nos lábios, mas com uma palavra ainda mais profunda, ao espírito da pecadora, e dizer-lhe: “Estás vendo, infeliz? Estás tão suja, que tudo ao redor de ti fica sujo. Tão sujo, que aí Deus não pode operar. Tu estás suja mais do que estes. Porque tu repetes a culpa de Eva e ofereces o fruto aos Adãos, tentando-os, afastando-os do Dever. Tu, ministra de Satanás”. Por que não quero que seja chamada “Satanás” pela mãe angustiada? Por que nenhuma razão justifica o insulto e o ódio. A primeira necessidade, a primeira condição para termos Deus conosco é não termos rancor e sabermos perdoar. A segunda necessidade é sabermos reconhecer que também nós, ou quem é nosso, é culpado. Não vejamos somente a culpa dos outros. A terceira necessidade é sabermos conservar-nos gratos e fiéis, depois de termos recebido graças, e fazendo o que é justo para com o Eterno. Infelizes daqueles que, depois de receberem a graça, ficam piores do que cães, pois já não se lembram do seu Benfeitor, enquanto que o animal se lembra dele!  Eu não disse uma palavra á Madalena. Como se ela fosse uma estátua, Eu a olhei por um instante, e depois a deixei. Voltei para os “vivos”, que Eu queria salvar. A ela, uma matéria morta como e mais do que um mármore esculpido, Eu a envolvi com uma indiferença aparente. Mas Eu não disse nem uma palavra, nem fiz ato algum que não tivesse como alvo principal a sua pobre alma, que Eu queria redimir. E a última palavra: “Eu não insulto. Não insultes. Reza pelos pecadores. E Nada mais”, é como uma grinalda de flores que se terminou, e tal palavra vai juntar-se com a primeira palavra, que foi dita lá sobre o monte: “O perdão é mais útil do que o rancor, e a compaixão do que a inexorabilidade.” E a fecharam, á pobre infeliz, em um círculo aveludado, fresco, perfumado pela bondade, fazendo-a perceber como servir a Deus é diferente daquela feroz escravidão a Satanás, e como é suave o perfume celeste, em comparação com o fedor da culpa, e como é repousante ser amados santamente, em comparação com ser possuídos satânicamente. Vede como o Senhor usa de medidas em seu querer. Ele não exige conversões fulminantes. Não pretende ter de um coração o absoluto. Sabe esperar. E sabe contentar-se. E, enquanto espera que a perdida encontre de novo o caminho, que a louca encontre a razão, Ele se contenta com tudo o que lhe puder dar a mãe transtornada pela dor. Eu não lhe pergunto mais do que isto: “Podes perdoar?” Quantas outras coisas Eu teria tido que perguntar-lhe, para torná-la digna do milagre, se Eu tivesse que julgar conforme as medidas humanas. Mas Eu meço divinamente as vossas forças. Aquela pobre mãe transtornada já estaria fazendo muito, se conseguisse perdoar. E Eu lhe pergunto somente isto, naquela hora. Depois, entregando-lhe o filho, lhe digo: “Sê santa, e faze santa a tua casa”. Mas, enquanto o espasmo a transtorna, não lhe peço senão o perdão para a culpada. Não se pode exigir tudo de quem, pouco antes, estava no nada das trevas. Aquela mãe viria depois á luz total, e com ela a esposa e os meninos. No momento, aos seus olhos, cegos de tanto chorar, era preciso que se fizesse chegar o primeiro crepúsculo da luz: o perdão, que é a aurora do dia de Deus.  Nos presentes, só um - não estou contando Judas, pois falo dos cidadãos lá acolhidos e não dos meus discípulos - só um não teria vindo à Luz. Estes malogros estão juntos com as vitórias do apostolado. Há sempre alguém por quem o apóstolo se afadiga em vão. Mas essas derrotas não o devem fazer perder o alento. O apóstolo não deve pretender conseguir tudo. Contra ele há forças adversas, que têm muitos nomes, e que, como tentáculos de polvos, pegam de novo a presa, que ele lhes havia arrebatado. O merecimento do apóstolo permanece igual. Infeliz do apóstolo que diz: “Eu sei que lá não poderei  converter, e por isso, não vou. Esse é um apóstolo de bem pouco valor. É preciso ir, mesmo que entre mil só um se salve. Sua jornada apostólica será frutuosa com aquele homem, como se fossem mil. Porque ele terá feito tudo o que podia, e Deus lhe dá o prêmio por isso. É preciso também pensar que onde o apóstolo não pode conseguir conversões, por que os que precisam da conversão estão por demais seguros pelas garras do demônio e, quando as forças do apóstolo são inferiores ao esforço que delas se requer, nesse caso Deus pode intervir. E, então? Quem é mais do que Deus?
 Outra coisa que deve absolutamente praticar o apóstolo é o amor. Amor manifesto. Não somente o amor secreto, que existe no coração dos irmãos. Aquele basta para os bons irmãos. Mas o apóstolo é operário de Deus, e não deve limitar-se a rezar: deve agir. Aja com amor. Com grande amor. O rigor paralisa o trabalho do apóstolo e o movimento das almas para a Luz. Não rigor, mas amor. O amor é a veste de amianto, que torna uma pessoa inatacável pelas labaredas das paixões. O amor é a saturação de essências preservadoras, que impedem que a podridão humano-satânica penetre em nós. Para se conquistar uma alma, é preciso saber amá-la. Para se conquistar uma alma é preciso levá-la a amar. Amar o Bem, repudiando os seus próprios pobres amores de pecado. Eu queria a alma de Maria. E, como para ti, pequeno João, Eu não me limitei a falar de minha cátedra de Mestre. Eu desci a procurá-la pelos caminhos do pecado. Eu a acompanhei e persegui com o meu amor. Doce perseguição! Entrei, Eu-Pureza onde estava ela-impureza. Não tive medo de escândalo, nem para Mim, nem para os outros. Escândalo em Mim não podia entrar, porque Eu era Misericórdia. E esta chora, sim, sobre as culpas, mas não fica escandalizada por elas. Infeliz do pastor que se escandaliza, e atrás deste pára-vento, se entrincheira para abandonar uma alma! Não sabeis que as almas são mais dispostas do que os corpos a ressurgir e que a palavra piedosa e amorosa, que diz: “Minha irmã, levanta-te para o teu bem”, opera muitas vezes o milagre?


Eu não tinha medo do escândalo dos outros. Diante dos olhos de Deus, o que Eu fazia estava justificado. Diante dos olhos dos bons estava compreendido. O olho mau no qual fermenta malícia, evaporando-se de um interior corrompido, não tem valor. Ele acha culpa até em Deus. Não vê ninguém perfeito, a não ser ele mesmo. Por isso, Eu não o curava. As três fases da salvação de uma alma são:  
Ser tanto mais íntegros, quanto possível, para poder falar sem o temor de ficar obrigados ao silêncio.
 Falar a toda uma multidão, de tal modo que a nossa palavra apostólica, dita ás turbas que se aglomeram ao redor da barca apostólica, vá fazendo círculos como a onda, atingindo sempre pontos mais distantes, até chegar á beira lamacenta, onde estão estendidos aqueles que se estancaram na lama, e não se preocupam com o conhecimento da Verdade. Este é o primeiro trabalho, para romper a crosta da gleba dura e prepará-la para receber a semente. Isto é o mais difícil para quem o faz e para quem o recebe, porque a palavra deve, como um vômer cortante, ferir para abrir. E na verdade Eu vos digo que o coração do apóstolo bom se fere e derrama seu sangue, pela dor de ter que ferir para abrir. Mas também esta dor é fecunda. Com o sangue e o pranto do apóstolo, torna-se fértil a gleba inculta.
 Segunda qualidade: Operar também naquele lugar em que alguém, menos compenetrado de sua missão, dela teria fugido. Sacrificar-se no esforço de arrancar a cizânia, a tiririca e os espinheiros para pôr a nu o terreno arado a fim de fazer brilhar sobre eles, como o Sol, o poder de Deus e sua bondade e, ao mesmo tempo, trabalhando como juiz e como médico, ser severo, sem deixar de ser compassivo, saber parar numa pausa de espera para dar tempo às almas de superar a crise, meditar, decidir.
Terceiro ponto: Não só com a alma que no silêncio se arrependeu, chorando e pensando nos seus erros, ousa vir timidamente, temerosa de ser expulsa, até chegar ao apóstolo, que o apóstolo tenha um coração maior do que o mar, um coração mais doce de que um coração de mãe, mais enamorado que um coração de esposo, e o abra todo, para fazer que fluam dele ondas de ternura. Se tivésseis Deus em vós, Deus que é Caridade, encontraríeis facilmente as palavras de caridade a serem ditas ás almas. Deus falará em vós e por vós e, como o mel que escorre de um favo e bálsamo que flui de uma ampola, o amor chegará até os lábios ressequidos e enfastiados, chegará aos espíritos feridos, e será alívio e remédio. Fazei que os pecadores vos amem, ó vós, doutores das almas. Fazei que sintam o sabor da Caridade celeste e se rendam a Ela, cheios do desejo de não procurarem nunca mais outro alimento. Fazei que sintam na vossa doçura um tal alívio, que o procurem para todas as suas feridas. É preciso que a vossa caridade expulse para longe deles todo o temor, porque, como diz a epístola que leste hoje: “O temor supõe o castigo, e quem teme, não está perfeito na caridade.”
 Mas não o está também aquele que faz temer. Não digais: “Que foi que eu fiz?” Não digais: “Vai-te embora” Não digais: “Tu não podes gostar do amor bom.” Mas, dizei assim, dizei-o em meu nome: “Ama, e eu te perdôo.” Dizei “Vem, os braços de Jesus estão abertos.” Dizei: “Prova deste Pão angélico e desta Palavra, e esquece-te do piche do inferno e das zombarias de Satanás.”
 Fazei-vos como animais de carga para suportar as fraquezas dos outros. O apóstolo há de suportar as suas e as dos outros. E, enquanto estiverdes vindo a Mim, trazendo nos ombros as ovelhas feridas, tranqüilizai a estas errantes, e dizei-lhes: “Tudo está esquecido, a partir deste instante.” Dizei: “Não tenhas medo do Salvador. Ele veio do Céu para ti, precisamente para ti. Eu não sou mais do que uma ponte para levar-te a Ele, que te está esperando, do outro lado do rio da absolvição penitencial, para conduzir-te ás suas pastagens santas, cujos princípios estão aqui nesta terra, mas continuam depois, com uma beleza eterna que nutre e faz feliz nos Céus. “
Eis o comentário. A vós pouco interessa, a vós, ó ovelhas fiéis ao Bom Pastor. Mas, se a ti, ó pequena esposa, trouxe um aumento de confiança, para o Padre haverá ainda mais luz, na sua luz de juiz, e para muitos será um estímulo para irem ao Bem. Mas será uma orvalhada que penetra e que nutre, da qual Eu falei, e que faz reviverem as flores que estavam murchas. Levantai vossas cabeças. O Céu está acima. Vai em paz, Maria. O Senhor está contigo.”


( O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 4 pgs 38,39,40,41,42,43,44,45,46) 

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