“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 6 de junho de 2015

DEUS, O JUSTO JUIZ.


DEUS, O JUSTO JUIZ.

Maria Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.

“ A Paz esteja convosco.”
Há pouco um dos meus Apóstolos me propôs uma parábola e, agora Eu vo-la apresento, porque pode ser útil a todos, porque todos vós podeis entender. Ouvi-a. Um homem navegando sobre o lago, em uma tarde serena como esta, e sentindo-se seguro de si mesmo, presumiu-se ser um homem sem defeitos. Era um homem muito hábil nas manobras, e por isso se julgava superior aos que ele encontrava sobre as águas, e dos quais muitos vinham para se divertirem, e vinham sem aquela experiência que se adquire no trabalho do dia-a-dia e que é boa para sustentar a vida. Além disso, era um bom israelita, e por isso se julgava possuidor de todas as virtudes. Enfim, era realmente um bom homem.
E então, numa tarde em que ele ia navegando muito seguro, começou a permitir-se o direito de expor seus juízos sobre o seu próximo. Um próximo que, segundo ele, estará tão longe dele, que nem merecia ser chamado próximo. Entre ele não havia nenhum liame de nacionalidade, nem de ofício, nem de fé que o unisse aquele próximo e porque ele sem nenhum obstáculo contra a solidariedade nacional, religiosa ou profissional, zombava dele tranquilamente, e até severamente, e se lamentava por não ser dono daquele lugar, porque se o fosse, teria expulsado aquele próximo daquele lugar, e em sua fé intransigente, quase censurava o Altíssimo por conceder a outros homens assim diferentes dele poderem viver e fazer o que quisessem, do modo e no lugar onde vivia e fazia o que ele queria.
Sobre sua barca havia um amigo seu, um seu amigo muito bom, o qual o amava de verdade, e, por isso queria que ele se tornasse um sábio, e quando se fazia necessário, corrigia as idéias erradas dele. Naquela tarde pois, o seu amigo disse ao barqueiro: “Por que esses pensamentos? Não é um só o Pai de todos os homens? Não é Ele o Senhor do Universo? O seu sol não desce sobre todos os homens, para aquecê-los e as suas nuvens, por acaso, não molham tanto os campos dos gentios como os dos hebreus? E se isso Ele fez para atender as necessidades materiais do homem, não usará das mesmas providências para as necessidades espirituais? E quererias tu sugerir a Deus o que Ele deve fazer? Quem como Deus.”
O homem era bom. Em sua intransigência havia muita ignorância, muitas idéias erradas, mas não era má vontade, não tinha a intenção de ofender a Deus, pelo contrário, até que havia nele a intenção de defender os direitos de Deus. Ouvindo aquelas palavras, ele se jogou aos pés do sábio, e lhe pediu perdão por ter falado como um estulto. Mas tão impetuosamente ele fez esse pedido, que por pouco não causou uma catástrofe, fazendo ir para o fundo a barca e os que estavam nela, porque naquele forte desejo de pedir perdão, não cuidou mais do timão, nem da vela, nem se lembrou da correnteza das águas. Por isso, depois do primeiro erro por mau juízo, cometeu um segundo erro de manobra mal feita e provou a si mesmo que não só era um fraco juiz, mas também um inábil marinheiro.
Esta é a parábola. Agora ouvi. Achais que aquele homem será perdoado por Deus, ou não? Lembrai-vos que ele havia pecado contra Deus e contra o próximo, julgando as ações de ambos, e por pouco se tornava homicida por matar seus companheiros. Meditai e respondei.
A grande maioria dos ouvintes condenaram-no. Então Jesus depois deste veredicto humano se pôs a falar...
Assim julga o homem. Mas assim não julga Deus, ó meus filhos! Vós dizeis: “ Não terá sido perdoado.” Eu digo: “ O Senhor não vê nele nem o que ser perdoado. Porque todo perdão supõe uma culpa. Mas neste caso não havia culpa.
Não, não murmureis. Repito: aqui não havia culpa. A culpa quando é que se forma? Quando existe a vontade de pecar, o conhecimento do que é pecado e a persistência em querer pecar, mesmo depois que se ficou sabendo que aquela ação era pecado. Tudo depende da vontade com que alguém realiza um ato. Seja uma ação virtuosa ou pecaminosa. Até quando alguém faz uma coisa aparentemente boa, mas não sabe que está fazendo um ato bom, e pensa que ele é um ato mau, tem culpa, como se estivesse fazendo um ato mau, e vice-versa.
Pensai por exemplo: alguém tem um amigo, e sabe que ele está doente. Sabe que por ordem do médico, ele não deve beber água fria e nenhum outro líquido. E vai fazer-lhe uma visita, fingindo que o ama. E lá ele o ouve gemer, dizendo: “Estou com sede! Estou com sede!”, e, fingindo ter piedade dele, apressa-se em dar-lhe de beber água gelada do poço, dizendo-lhe: “Bebe meu amigo. Eu te amo, e não te posso ficar vendo sofrer assim com todo este ardor. Olha, eu te trouxe de propósito esta água bem fresca. Bebe, bebe, pois grande recompensa é dada a quem presta assistência aos enfermos e dá de beber aos sedentos”, e, dando-lhe de beber, causa a morte dele. Crede vós que aquele ato que em si mesmo é bom, porque constou de duas obras de misericórdia, terá sido bom, quando foi feito com má intenção? Não o é?
E ainda: Um filho que tenha um pai beberrão e que, para salvá-lo da morte porque ele bebe continuamente, fecha a adega, ou tira o dinheiro do pai. E lhe diz severamente que não vá pelo povoado para beber e arruinar-se, parece-vos que ele vá contra o quarto mandamento, só porque reprova o que o pai faz, e ele, o filho, tomaria do próprio pai o lugar de chefe da família? Em aparência o filho faz o pai sofrer, e parece culpado. Mas na realidade ele é um bom filho, porque a sua intenção é boa, é a de salvar da morte o seu pai. É sempre a intenção que dá valor ao ato.
E ainda: o soldado que mata na guerra é homicida? Não, se o seu espírito não consente na mortandade, e ele combate porque é obrigado, e o faz com aquele mínimo de humanidade, que a dura lei da guerra e de sua condição de soldado lhe impõe.
Portanto aquele homem da barca, que por uma boa vontade de quem crê, é patriota e pescador, não suportava aqueles que em sua opinião eram  uns profanadores, não fazia pecado contra o amor ao próximo, mas somente tinha um conceito errado do amor ao próximo. E ele não fazia pecado contra o respeito devido a Deus, porque o seu ressentimento contra Deus provinha de um bom, mas não equilibrado e luminoso espírito de quem tem fé. E ele não cometia homicídio, porque provocava o desbaratamento com uma boa vontade de pedir perdão. Procurai sempre saber distinguir.
Deus é misericórdia, mais do que intransigência. Deus é bom. Deus é Pai. Deus é Amor. O verdadeiro Deus é este. O verdadeiro Deus abre os corações para todos, dizendo a todos: “Vinde”, a todos mostrando o seu Reino. Ele é livre para fazê-lo, porque Ele é o único Senhor, Universal, Criador, Eterno.
Eu vo-lo peço ó vós de Israel. Sede justos. Lembrai-vos destas coisas. Não façais que as compreendam aqueles que para vós são imundície, enquanto permanecem incompreensíveis para vós. Até o excessivo e desordenado amor da religião e da Pátria é pecado, porque se transforma em egoísmo. E o egoísmo é sempre razão e ocasião de pecado.
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 7, pag 106.107.108,109,110)

A paz de Jesus.

Antonio Carlos Calciolari.  

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