JESUS E O MENINO BENJAMIM.
“Conta-me alguma bela
parábola, Jesus”, diz o menino dando seus pulinhos ao lado do Mestre e olhando
para Ele de alto a baixo, com um rostinho brilhando de alegria.
Jesus também olha para ele com
um sorriso alegre, que lhe descobre a boca sombreada pelos bigodes e pela barba
louro-avermelhada que o sol faz ser vista como se fosse de ouro. Seus olhos de
safira escura também estão rindo de alegria, enquanto estão olhando para o
menino.
“O que vais fazer com a
parábola? Ela não é um brinquedo.”
“É mais bonita do que um
brinquedo. Quando eu vou dormir, fico pensando nela, e depois sonho com ela, e,
na manhã seguinte lembro-me dela, e a repito a mim mesmo, para ser bom. Ela me
faz ser bom”.
“Tu te lembras dela?
“Sim. Queres que eu te diga
todas as que me disseste?”
“És bravo Benjamim, e mais do
que os homens, que se esquecem. Como prêmio vou dizer-te a parábola.”
O menino parou de pular. Vai
agora caminhando sério e atento como um adulto, e não perde uma palavra,
nenhuma das inflexões da voz de Jesus, para o qual ele está olhando tão
atentamente, que nem pensa em olhar onde é que está pondo os pés.
“Um pastor muito bom ouviu a
notícia de que em certo lugar do universo havia ovelhas abandonadas pelos
pastores não muito bons, e elas andavam em perigo, por caminhos muito maus, por
pastagens que lhes faziam mal, e iam sempre terminar em despenhadeiros escuros.
Ele foi até aquele lugar e, gastando todos os seus haveres, adquiriu aquelas
ovelhas com os seus cordeirinhos. Queria levar a todos para o seu reino, pois
aquele pastor era também rei, como foram muitos em Israel. No seu reino,
aquelas ovelhas e aqueles cordeirinhos teriam muitas pastagens sadias, águas
puras e frescas, estradas seguras e abrigos indestrutíveis para as protegerem
dos ladrões e dos lobos ferozes. Por isso, aquele pastor reuniu as suas ovelhas
e os seus cordeirinhos e lhes disse: “Eu vim para salvar-vos, afim de levar-vos
para o lugar onde não sofrereis mais, onde não conhecereis mais ciladas nem
sofrimentos. Amai-me, acompanhai-me, porque eu vos amo muito e, para ter-vos,
eu me sacrifiquei de todos os modos. Mas, se me amardes o meu sacrifício não me
será pesado. Vinde atrás de mim e vamos...” E o pastor, indo á frente e as
ovelhas o acompanhando, tomaram o caminho que vai para o reino da alegria. O
pastor, a cada momento se virava para ver se elas o estavam acompanhando, para
exortar os cordeirinhos. Como as amava! Dava-lhes do seu pão e do seu sal e, em
primeiro lugar provava a água das fontes e a abençoava, a fim de perceber se
era boa e para torná-la santa. Mas as ovelhas, tu acreditas, Benjamim?, as
ovelhas depois de algum tempo ficaram cansadas. Primeiro uma, depois duas,
depois dez, depois cem, ficaram para trás pastando a erva até se encherem sem
poderem mais mover-se, e se deitaram, cansadas e saciadas, na poeira e na lama.
Outra foram ficar suspensas sobre os precipícios, ainda que o pastor lhes
tivesse dito: “Não façais isso”. Umas iam porque ele ia colocar-se onde havia
maior perigo a fim de impedir que elas fossem para lá, bateram nele com a
cabeça atrevida e, mais de uma vez tentaram precipitá-lo de lá. Assim muitas
delas ficaram nos despenhadeiros e lá morreram miseravelmente. Outras começaram
a brigar entre si e, ficando uma sem chifres e outra sem cabeça, foram se
matando umas as outras. Somente um cordeirinho é que nunca se desencaminhou.
Ele corria e, com aquele seu balido, ele dizia ao pastor: “ Eu te amo!”, e ia
correndo atrás do bom pastor. Quando chegaram á porta do seu reino, não havia
mais do que eles dois: o pastor e o cordeirinho fiel. Então, o pastor não
disse: “Entra”, mas disse: “Vem”, e o tomou sobre o seu peito, por entre os
braços, e o levou para dentro, chamando a todos os seus súditos dizendo-lhes: “
Aqui está o que me ama. Quero que ele esteja comigo para sempre. E, vós,
amai-o, porque ele é o predileto do meu coração”.
A parábola terminou, Benjamim.
Agora sabes tu dizer-me:
“Quem é aquele pastor bom?”
“És tu, Jesus.”
“E aquele cordeirinho, quem
é?”
“Sou eu, Jesus.”
“Mas agora eu vou-me embora.
Tu te esquecerás de Mim.”
“Não Jesus. Não me esquecerei
de Ti, porque te amo.”
“Teu amor cessará quando não
me vires mais.”
“Eu direi dentro de mim as
palavras que tu disseste, e isso será como se Tu estivesses presente. E assim
eu te amarei, e te obedecerei. E dize-me Jesus, Tu te lembrarás do Benjamim?”
“Sempre”.
“Como farás para te lembrares
de mim?”
“Eu direi a Mim mesmo que tu
prometeste amar-me e obedecer-me, e assim me lembrarei de ti.”
“E me darás o teu reino?”
“Se fores bom, sim.”
“Como farás? A vida é longa.”
“Mas também as tuas palavras
são muito boas. Se eu as disser a mim mesmo e fizer o que mandam fazer, eu me
conservarei bom por toda a vida. E assim farei porque te amo. Quando se quer
bem, não se fica cansado de ser bom. Para mim, não é cansativo obedecer a minha
mãe, porque lhe quero bem.”
Jesus fica parado e olhando o
rostinho cheio de amor, mais do que de sol. A alegria de Jesus é tão viva, que
até parece ser um outro sol que se acendeu em sua alma e se irradia de suas
pupilas. Ele se inclina e beija o menino na fronte.(“O Evangelho como me foi
Revelado”, Maria Valtorta, Vol 5, pag 371,372,373)
Depois desta linda e doce visão sobrenatural, Jesus diz á Maria Valtorta:
Depois desta linda e doce visão sobrenatural, Jesus diz á Maria Valtorta:
Aquilo que disse ao meu
pequeno discípulo, o digo também a vós. O Reino é dos meus cordeiros fiéis, que
me amam, e me seguem sem perder-se em adulações, me amam até o fim. E digo a vós
aquilo que disse aos meus discípulos adultos: “Aprendei dos pequenos.”
Não é o ser doutos, ricos,
audazes, aquilo que vos fareis conquistar o Reino dos Céus. Não é o sê-lo
humanamente. Mas é sê-lo na ciência do amor, que faz doutos, ricos, audazes,
sobrenaturalmente. Como ilumina o amor a compreender a verdade. Como faz os
ricos para conquistá-la? Como faz audazes para conquistá-la? Que confiança
inspira? Que segurança? Façais como o pequeno Benjamim, a minha pequena flor
que me perfumou o coração naquela tarde e cantou para ele uma música angélica,
que recobriu o odor da humanidade fervente, nos discípulos, e o rumor das
brigas humanas.
E tu queres saber o que
aconteceu ao pequeno Benjamim? Permanece o pequeno cordeiro de Cristo e,
perdido o seu grande Pastor, porque tornou ao Céu, se fez discípulo daquele que
mais parecia comigo(João), tomando por sua mão o batismo, e recebendo o nome de
Estevão, meu primeiro mártir. Foi fiel
até a morte, e com ele os seus parentes, arrastados a fé pelo exemplo de seu pequeno
apóstolo familiar.
Não é conhecido? Muitos são os
desconhecidos dos homens, conhecidos por mim no meu Reino. E por isso são
felizes. E por isso eles são felizes. A fama do mundo não acrescenta nem uma
centelha á auréola dos bem-aventurados.
Pequeno João(Valtorta),
caminha sempre com a tua mão na minha. Irás com segurança e, ao chegares ao
Reino, Eu não te direi “Entra”, mas “Vem”, e te tomarei em meus braços para
colocar-te lá onde o meu amor te preparou um lugar, e o teu amor o mereceu.
Vai em paz. Eu te abençôo.
A paz de Jesus.
Antonio Carlos Calciolari.
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