COMO DEVEM SER OS
SACERDOTES?
(O Evangelho como me
foi Revelado – Maria Valtorta – Vol.10 – pg 282 a 286)
Diz Jesus:
“Meus amigos, pensai na vossa dignidade de sacerdotes.
Antes, Eu estava entre os homens para julgar e perdoar. Agora
Eu daqui me vou para o Pai. Eu estou de volta para o meu Reino. Não me foi
tirada a faculdade de julgar. Ao contrário, ela está toda em minhas mãos, pois
o Pai ma deferiu. Mas é um tremendo julgamento. Pois ele acontecerá quando não
houver mais possibilidade de fazer-se perdoar com anos de expiação sobre a
terra. Cada criatura virá a mim com o seu espírito, quando ela deixar, pela
morte material a carne, como uns despojos inúteis. E Eu a julgarei por uma
primeira vez. Depois a humanidade voltará com sua veste de carne, recebida de
novo por uma ordem do Céu, a fim de ser separada em duas partes: os cordeiros
com o Pastor, e os bodes com seu Torturador. Mas, quantos seriam os homens que
estariam com o seu Pastor, se, depois do banho do Batismo, eles não tivessem
tido mais quem os perdoasse em meu Nome?
É por isso que Eu crio os sacerdotes. Para salvarem os que
foram salvos por meu Sangue. Mas os homens continuam a cair de novo na morte. É
preciso que quem para isso tem poder os lave continuamente nele, setenta e sete
vezes, para que eles não fiquem presos pela morte. Vós e os vossos sucessores
fareis isso. Por isso, Eu vos absolvo de todos os vossos pecados. Porque vós
tendes a necessidade de ver, e a culpa vos torna cegos, tirando dos espíritos a
luz, que é Deus. Porque vós tendes o ministério de purificar, e a culpa
emporcalha, porque tira do espírito a pureza, que é Deus.
Grande ministério é o vosso de julgar e absolver em meu Nome!
Quando consagrardes
para vós o Pão e o Vinho, e deles fizerdes o meu Corpo e o meu Sangue, fareis
uma grande, sobrenaturalmente grande e sublime coisa. Para fazê-la dignamente,
deveis estar puros, porque ireis tocar naquele que é o puro, e vos nutrireis da
Carne de um Deus. Puros de coração, de mente, nos membros e na língua devereis
estar, porque com o coração deveis amar a Eucaristia, e não deverão estar
misturados com esse amor celeste os amores profanos, pois seriam sacrilégios. E puros de mente devereis estar,
porque devereis crer e compreender esse mistério de amor, já que a impureza por
pensamentos mata a Fé e a inteligência. Fica em vós a ciência do mundo, mas
morre em vós a Sabedoria de Deus. Puros nos membros devereis ser, porque ao
vosso seio descerá o Verbo, assim como desceu no seio de Maria, por obra do
Amor.
Tendes o exemplo vivo
de como deve ser um seio que acolhe o Verbo, que se faz Carne. O exemplo é a
Mulher sem culpa de origem, e sem culpa individual, a Mulher que me trouxe.
Observai como é puro o cume do monte Hermon, quando ele está
ainda enfaixado pelo véu da neve invernal, olhado do Monte das oliveiras, ele
parece um cúmulo de lírios despetalados, ou de espuma do mar, ajuntada pelo
vento do mar, e que se eleva como uma oferta, ao encontro de outro candor, o
das nuvens trazidas pelo vento de abril aos campos azuis do céu. Observai um
lírio que abre agora a boca de sua corola para um sorriso perfumado. Mesmo
assim sendo, tanto uma pureza como a outra são menos vivas do que a do seio
materno que me trouxe. A poeira transportada pelos ventos caiu sobre as neves
do monte e sobre a seda da flor, o olho humano não a percebe, por ser ela tão
fina como é. Mas ela existe, lá está, e mancha o candor.
Outra coisa: olhai a pérola mais pura, que tenha sido tirada
do mar, arrancada de sua concha nativa para ir adornar o cetro de um rei. Ela é
perfeita em sua irisdescência compacta, que desconhece o contacto profanador de
qualquer carne, tendo-se formado ela como podia ser, na cavidade da madrepérola
da ostra, e isolada na safira fluídica das profundidades marinhas. Contudo ela
é menos pura do que o seio que me trouxe. No centro dela está o grãozinho de
areia, um corpúsculo muito miúdo, mas sempre uma coisa da terra. Naquela que é
a Pérola do Mar não existe grãozinho de pecado, nem de concupiscência. Como uma
pérola nascida no oceano da Trindade para levar à Terra a Segunda Pessoa. Ela é
compacta ao redor do seu centro, que não é uma semente de concupiscência
terrena, mas uma centelha do Amor Eterno. É uma centelha que, encontrando
correspondência nela, gerou os turbilhões da Divina Estrela, que agora chama e
atrai os filhos de Deus. Eu, o Cristo, a Estrela da Manhã.
Esta pureza inviolada é a que Eu vou dou para servir de
exemplo. Mas quando, mais tarde, como uns vindimadores ao lado de uma tina, vós
mergulhardes as mãos no mar de meu sangue, e introduzirdes nelas as estolas
corrompidas dos miseráveis que pecaram, sede vós, além de puros, perfeitos,
para não vos manchardes com um pecado maior, isto é, com mais pecado,
derramando-o, e tocando com sacrilégio no Sangue de um Deus, ou faltando com a
caridade e a justiça, negando-o, ou dando-o com um rigor que não é do Cristo,
que foi bom para com os maus, a fim de atraí-los ao seu Coração, e três vezes
bons para com os fracos, a fim de confortá-los com a confiança, usando deste
rigor três vezes erradamente, porque indo contra a minha Vontade, a minha
Doutrina e Justiça. Como é que podem ser rigorosos com os cordeiros, se eles
são uns pastores ídolos de si mesmos?
Ó meus diletos, meus amigos, que Eu mando pelos caminhos do
mundo, a fim de continuarem a obra que Eu iniciei e que será executada,
enquanto existir tempo, lembrai-vos destas minhas palavras, Eu vo-las digo a
fim de que as digais àqueles que vós consagrareis para o ministério ao qual Eu
vos consagrei.
Eu estou vendo... Eu olho através dos séculos... o tempo e as
multidões numerosas dos homens que irão existir, estarão todos diante de Mim...
Eu estou vendo... as matanças e guerras, a pazes mentirosas e as horrendas
carnificinas, o ódio e o latrocínio, a sensualidade e o orgulho. De vez em
quando um oásis verde, um período de volta à Cruz. Como um obelisco que parece
uma onda pura por entre as áridas areias do deserto, a minha Cruz será
levantada com amor, depois que o veneno do Mal tiver tornado doentes de raiva
os homens e, ao redor dela, plantai à beira da águas saudáveis, onde
florescerão, as palmeiras de um período de paz e de bem no mundo. Os espíritos,
como uns veados e gazelas, como umas andorinhas e pombas, irão para aquele
repousante, fresco e nutritivo refúgio, para se curarem de suas dores e novamente
ficarem esperando. E isso fará que as árvores entrelacem abundantemente os seus
ramos, formando uma espécie de cúpula para os protegerem das tempestades e das
canículas, e fará que fiquem longe as serpentes e as feras, por meio do Sinal
que põe o Mal em fuga. E assim será enquanto os homens o quiserem.
Eu estou vendo... Homens e mais homens... mulheres, velhos,
meninos, guerreiros, estudiosos, doutores, camponeses... Todos vêm e passam
carregando o seu fardo de esperanças e de dores. Eu vejo como muitos vacilam,
porque a dor é demais, e a esperança foi a primeira a desaparecer... do meio da
carga pesada demais que, bem grande, caiu e se espalhou pelo chão. E muitos Eu
vejo que caem às beiras da estrada, porque muitos, mais fortes ou mais sortudos
em seu peso, que é mais leve. E muitos Eu vejo que, sentindo-se abandonados
pelos que passam, e até pisados, e que, percebendo que vão morrer, chegam a
odiar e a maldizer.
Pobres filhos! Entre
esses perseguidos pela vida, que passam ou que caem, o meu amor tem
intencionalmente espalhado os samaritanos piedosos, os médicos bons, as luzes
da noite, as vozes no silêncio, a fim de que os fracos que caem encontrem uma
ajuda, tornem a ver a Luz, tornem a ouvir a voz que lhes diz: “Espera. Tu não
estás sozinho. Acima de ti está Deus. Contigo está Jesus.” Eu coloquei
intencionalmente essas caridades operantes, para que os meus pobres filhos não
morressem em seu espírito, perdendo a morada paterna, mas continuassem a crer
em Mim Caridade, vendo nos meus ministros o reflexo de Mim.
Mas, que dor faz sangrar a Ferida do Coração, como quando foi
aberta lá no Gólgota! Mas, que é que estão vendo os meus olhos divinos? Será
que não há sacerdotes por entre as numerosas turbas que vão passando? Será por
isso que sangra o meu Coração? Ou será que estão vazios os seminários? O meu
divino convite será que não chega aos corações? Ou o coração do homem não é
mais capaz de ouvi-lo? Não. Durante os séculos haverá seminários, e neles
haverá levitas. Deles sairão sacerdotes, porque na hora da adolescência, ele
terá feito ouvir como aquela voz celeste em muitos corações, e eles terão
atendido a ela. Mas outras, muitas outras vozes chegar-lhe-ão depois com a
juventude e a maturidade, e a minha voz ficará dominada naqueles corações. A
minha voz que, durante séculos, fala aos seus ministros, a fim de que eles
sejam sempre o que agora vós sois: os Apóstolos na escola de Cristo. A veste
ficou. Mas o sacerdote morreu. Sombras inúteis e escuras não serão uma alavanca
que levanta, nem uma corda que puxa, uma forte que dessedenta, um grão que mata
a fome, um coração que é uma almofada, uma luz nas trevas, uma voz que repete o
que o Mestre lhe diz. Mas eles serão
para a pobre humanidade um peso de escândalo, um peso de morte, um parasita,
uma putrefação... Que horror! Os Judas maiores do futuro, Eu os terei ainda, e
sempre, em meus sacerdotes!
Meus amigos Eu estou na glória e ainda choro. Tenho piedade
dessas turbas infinitas, desses rebanhos sem pastores, ou com pastores raros
demais. Sinto uma piedade infinita. Pois bem. Eu o juro pela minha divindade,
que aos que foram eleitos, Eu lhes darei o pão, a água, a luz, a voz, o que os
que foram eleitos para estas obras não querem dar. Eu repetirei através dos
séculos o milagre dos pães e dos peixes. Com uns poucos e desprezíveis
peixinhos e com uns escassos pedaços de pão, ó almas humildes e leigas. Eu
darei de comer a muitos, e com isso eles ficarão saciados, e assim será para os
futuros, porque Eu tenho compaixão deste povo, e não quero que ele pereça.
Benditos aqueles que merecem ser tais. Não benditos porque
são tais. Mas porque o terão merecido com seu amor e seu sacrifício. E benditos aqueles sacerdotes, que souberam
permanecer Apóstolos: pão, água, luz, voz, repouso e remédio para meus pobres
filhos. Com uma luz especial eles resplandecerão no Céu. Eu vo-lo juro. Eu, que
sou a Verdade.
Levantemo-nos, meus amigos e vinde comigo para que Eu vos
ensine ainda a rezar. A oração é o que alimenta as forças do Apóstolo, porque
ela o une intimamente com Deus.”
O EVANGELHO COMO ME FOI
REVELADO – MARIA VALTORTA
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